O que querem os genocidas?

Por Rubinho Vitti | 22/03/2021 | Tempo de leitura: 3 min

Definição de genocida segundo o dicionário: “Pessoa que ordena ou é responsável pelo extermínio de muitas pessoas em pouco tempo”.

Deriva do prefixo “geno”, com o sentido de “tronco, família”, e do sufixo “cida”, “que mata, extermina”.

Genocidas existem desde que o primeiro homem, como tal, achou que poderia matar um seu igual. Na história do Homo sapiens, o genocídio é quase que onipresente.

Hoje, genocidas usam roupagens diversas para não serem desmascarados assim, tão facilmente. Afinal, eles odeiam ser chamados de genocidas.

A morte lhes cai bem, mas não se vestem de preto. Não usam cajado, mas suas ideias são como navalhas afiadas.

São lobos com pele de cordeiro. Têm cara de caveira, olhar de abutres, sorriso de hienas. Matam a fome de tristeza jantando almas.

Genocidas têm verdadeiro fanatismo por torturadores. Suas biografias são parte de seus livros de cabeceira.

Elogios a eles não lhe faltam. Falam alto ao microfone, recitam odes e vestem camisetas com seus rostos.

Genocidas amam sistemas ditatoriais. Eles veem a ditadura como uma “revolução”. Querem mudar os livros de história para que os mais jovens tenham um ponto de vista positivo sobre seus regimes favoritos.

Aliás, os genocidas não suportam livros de história. Seria melhor que fossem mais fi nos, com menos texto. Afinal, genocidas odeiam ler e os que leem. Perda de tempo.

Genocidas não gostam de pessoas diferentes. Para eles, homossexuais querem ser privilegiados, índios são um desperdício de terras e os quilombolas são medidos em arrobas, assim como os gados. Se não existissem, seria melhor.

Genocidas não acreditam na ciência e odeiam ecologia. Crise climática? “Fantasia”. Aquecimento global? “Balela!”. Plástico nos oceanos? “Nunca vi”. Fogo na Amazônia? “Grande coisa”. Desmatamento? “Mal necessário!”.

Genocidas não têm adversários, têm inimigos. Não aceitam críticas. Quem não os aceita, que morra.

Genocidas não matam, necessariamente, com as próprias mãos. Eles ensinam a matar. Incitam.

Gostam de armas. Vendem armas. Distribuem-nas. Eles saboreiam balas enquanto assistem à morte pelas mãos dos outros.

Para genocidas, velhos podem morrer. Melhor que aposentar. Não pode mais trabalhar? Que se vire.

O que é uma pandemia para os genocidas? Um oásis. Gripezinha! Eles são contra máscaras, contra vacinas, contra confinamentos, contra, contra, contra tudo o que for oposto à vida, claro. Afinal, são genocidas.

Genocidas querem guerra. Guerra de informação. Guerra de egos. Guerra de poder. Guerra de partidos. Respiram o caos. Flertam com golpes. Paqueram o autoritarismo. Transam com a conspiração.

Genocidas perseguem e dizem ser perseguidos. Atacam, para dizer que são atacados. Acusam todos de corruptos enquanto se compram entre eles. Os genocidas fazem você acreditar que o inferno são os outros. Mas são eles.

Genocidas são religiosos, oram e clamam a Deus, enquanto cultuam a morte, a destruição, o apocalipse. Engolem estigmas, mastigam páginas da Bíblia e vomitam bênçãos em forma de mentiras bem contadas sobre o invisível. Fingem santidade para aplicar seus golpes por debaixo das batas.

Genocidas almoçam com talheres de prata enquanto um país enterra seus mortos. Debocham dos obituários. Expelem perdigotos enquanto gargalham sobre caixões. Imitam doentes em lives na internet. Não se limitam a ignorar centenas de novos cadáveres. Eles precisam pisá-los.

Genocidas podem estar à direita ou à esquerda, mas sempre estarão dançando no centro. Querem se manter no poder, custe a vida que custar.

Genocidas vivem por vingança, pena de morte, ódio, desespero, amargor, descompaixão. Mas afinal, o que mais querem os genocidas?

Eles querem nos calar!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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