Carta à Walterly Accorsi no dia de seus Anos

Por David Chagas | 23/11/2020 | Tempo de leitura: 3 min

Novembro, apesar do avesso em que se encontra o mundo, me traz a boa notícia de teus anos. A tua lembrança faz com que te revisite na saudade. Só me incomoda o martelar, na memória, da canção que cantavas quando, no exterior, me chamavas para dar-me novas, valendo-se do Peixe Vivo. Ouço-te a voz: “como poderei viver sem a tua companhia?”

Walter e eu, juntos, para desentender a falta. Difícil. Buscamos tua palavra justa, tua orientação exata, teu incondicional apoio. A ele falta sentir na pele o contato da mãe amada, para evitar-lhe apreensão, a resolução que dava a tudo.

Mês seguinte à tua despedida tinha com ele o irmão gêmeo, Ricardo ajudava-o a assimilar a ausência. Juntos os dois procuravam entender a definitiva decisão de Deus olhando o céu para nele reencontrar o azul dos olhos teus. Rapidamente chamaste por Ricardo, tanta preocupação tinhas com ele. Sabias que Walter poderia desenhar sozinho a própria vida. Não tem sido fácil, mas vai conseguindo. Estou, como me pediste, ao lado dele.

Juntos, Carla, ele e eu conseguimos. Por vezes, em meio a lágrimas, lembramo-nos de tuas peripécias (que não eram poucas!). Com isso, retomamos a alegria, proferimos exclamações alegres, revisitamos lugares onde estivemos., reclamamos do que ficou inconcluso, mas suportamos saudade e dor, porque tu vens com fulgor, indicar o caminho.

Rapidinho, em meio à insegurança brota-nos a faculdade de perceber solução para tantas coisas e, com tua força luminar, absorvemos a eminente presença de dr. Walter, a empreendedora força de tua mãe para sairmos em busca da realização plena de teus sonhos.

Suporto com estoicismo. Walter sofre. Mas deste sofrimento virá maturidade e força. Melhor seria, no entanto – nisto, muitos pais acreditando acertar, erram – segurança e autonomia tivessem vindo antes. Procuro minimizar. Como? Com a palavra, a experiência de vida e o enorme afeto de tio que lhe dedico. Não posso permitir que navegue solitário em mar revolto sem me aproximar para ouvir, a seu lado, a pesada voz de comando ditada pela vida. Assim, dividindo o leme, ganha coragem. É o que viver exige.

A sua inesperada despedida, a sequência determinada por Deus chamando por Ricardo exigiu que entendesse com clareza, que viver é estar próximo de quem se ama e de quem nos ama. Fundamental que sejam leais, fiéis, verdadeiros. Acostumados que estavam, enquanto cresciam, com tantos e tu, estimulando vidas, apoiando, afagando, socorrendo, procura e exclama como Mário Quintana, ao perceber frágeis os laços: Passaram. A que enfatizo: Você, passarinho. Prossiga voando.

Procuro ajudá-lo a entender a fragilidade das relações, da pobreza de sentimentos, da falta de vínculo. Introspectivo como é, pode-se perceber uma série de perguntas tentando desvendar o descumprimento da humana forma de obedecer a Deus na determinação contida em um só mandamento.

Te conto, amiga amada, que teu filho, permanece dando conclusão a teu sonho, mantendo vivo o ideal do avô. Percebe o quanto Deus soube juntar retalhos de vida preparando o cenário futuro com exímia perfeição, já que só Ele sabia do desfecho com que nos surpreenderia.

Os clientes da Professor Accorsi perguntam por ti, mas absorvem o brilho da tua Luz no sorriso do filho, na competência de Carla, a quem preparaste para empreender e tocar. Tudo prossegue com esmerada organização. Os bons funcionários, respeitam tua ausência e cumprem à perfeição, as múltiplas fórmulas escritas por doutor Walter, que prosseguem com excelentes resultados e aprovadas com louvor.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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