A hora é esta. Aqui e agora.

Por David Chagas | 09/11/2020 | Tempo de leitura: 3 min

Se me perguntar o que é a morte, respondo-te: a verdadeira morte é a Ignorância. Quantos mortos entre vivos!” (Pitágoras, 582-497, AC)

Como se divertem estes governantes com a ignorância do povo brasileiro. Como lhes apraz isto. Se têm alguém que possa contribuir efetivamente para o bem do povo a quem juram governar, rejeitam. Gastam fortunas do dinheiro público, com quem não traz contribuição alguma a seu governo, ainda menos a seu povo. Mera troca de favores, gratidão eleitoreira.

Insistem em deixar o povo mergulhado na escuridão, embora prometam em campanha – não há um só que não faça isso – oferecer Educação, Cultura e Saúde, tripé do desenvolvimento humano. Eleitos, se esquecem desta e de todas as outras promessas e tocam os dias a seu bel prazer, fazendo conchavos, ditando decretos equivocados, avançando em obediência a sua vontade, recuando em face da repercussão dos múltiplos erros. Trampolineiros fazendo trampolinice.

Rui Barbosa, nos anos do pós-guerra da nascente república, no início do século passado, chamou a atenção para a incivilidade que nos dominava. Dizia o pensador: “A chave misteriosa das desgraças que nos afligem é esta e somente esta: a Ignorância! Ela é a mãe da servilidade e da miséria”.

Alguma dúvida, em relação a esta verdade? A Educação, relegada a último plano. As escolas públicas, estado físico precário, cada vez mais ineficientes. Cultura: para quem? para quê? Na linha da pobreza, milhões de brasileiros relegados. E a cuíca fazendo coro à barriga, roncando, uma de raiva, outra, de fome.

Quanto agradeceria alertar, de forma clara, a respeito. Quanto lutei por isso como professor, e quanto não fui punido, sobretudo em escolas privadas, onde o poder econômico dos alunos se agiganta e determina o itinerário pedagógico a ser observado. Triste cenário que se manteve depois o mesmo com o sol da liberdade. O panorama atual prova isto.

Seguem não entendendo que a Escola, como grifo aqui, é o lugar onde se deve dar ao aluno, na construção do homem, o direito de aprender a pensar, questionando, discutindo, perguntando. A maioria dos professores dita pensamentos e foge do dever precípuo de levar o aluno a descobrir, a encantar-se com o prazer de entender, ler, encontrar soluções por si mesmo.

Na adolescência, o alunado delira com os professores que recitam frases prontas, piadas inadequadas, exercícios resolvidos. Fazem-nos grandes mestres, incapazes de perceber que se lhes está roubando uma de suas habilidades mais importantes: pensar. E a personagem paramentada de professor, também ele empobrecido nesta deliciosa experiência de saber pensar, foge da tarefa essencial ao aprendizado e à vida.

É exatamente assim que se tem construído o Brasil nas diferentes repúblicas por que passou. Daí encontrar-se descarrilado dos trilhos em que deveria andar. No império, ao menos, o imperador, imbuído de ideais europeus, se preocupava com a cultura de seu povo. Depois disso, em especial durante e ao fim de duas grandes ditaduras, se entregou a obscurantismo tal que até mesmo escolher ministro para a Educação tem sido, nos últimos dois anos, tarefa difícil, quase impossível.

Martin Luther King afirmava ser a ignorância responsável por isso e, por isso, um grande perigo. Goethe insistia: nada é mais terrível que a ignorância! Confúcio, antes de Cristo já alertara afirmando: a ignorância é a escuridão da mente.

Ilumine-se, pois! Domingo próximo, clame pelo Espírito de Luz antes do voto. Permita ao sol, entrar. Sabedoria e razão bem ajam. Dê-se ao prazer de nova esperança.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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