Escravidão

Por José Faganello | 17/06/2020 | Tempo de leitura: 3 min

“O que ganha o vencedor de uma batalha ao matar todos os inimigos? É melhor fazê-los prisioneiros e torná-los escravos”. (Lema dos escravagistas)

O ser humano, desde seus primórdios, demonstrou extremado egoísmo e imperdoável ganância, no relacionamento com seu semelhante.

Os sumérios, um dos primeiros povos da Mesopotâmia, ao mesmo tempo em que desenvolveram notável cultura, a ponto de influenciarem os que vieram após eles, prendiam um anel no nariz dos prisioneiros e os tratavam como animais.

Os egípcios tiveram escravos, aliás, os hebreus estiveram entre eles. A história de Moisés nos mostra que eles se adaptaram aos sofrimentos e maus tratos de tal forma, que os mais fortes, ao sobreviverem, geravam outros fortes. Sem dúvida foi o medo dos egípcios ante tais escravos que fez o Faraó decretar a morte dos primogênitos, para diminuir o número de novos e fortes escravos a ameaçarem a segurança dos senhores; Moisés escapou.

Os gregos e romanos catalogavam seus escravos como meros instrumentos falantes. Destruir um instrumento não era considerado crime, apenas cabia o ressarcimento para o dono.

Na Alta Idade Média a captura de escravos continuou. Os maiores contingentes eram fornecidos pelos povos eslavos, daí a palavra escravo.

Os reis francos, convertidos ao cristianismo, concederam terras a seus escravos, tornando-os servos da gleba. Na realidade mudou apenas a classificação, pois o servo era, na verdade, um escravo que não podia ser vendido.

No início do que chamamos de Idade Moderna (1453), Portugal e Espanha, constituindo-se em Estados Nacionais, deram início às grandes navegações.

As descobertas das ilhas do Atlântico: Madeira, Açores e da América exigia muita mão-de-obra para executar a exploração, principalmente nas plantações do Novo Mundo (América).

Calcula-se em 15 milhões de seres humanos trazidos para América nos chamados navios negreiros ou tumbeiros.

Em torno de 2 milhões morreram durante as travessias. Castro Alves, o grande poeta abolicionista, além de vários sonetos combatendo a escravidão, deixou-nos dois maravilhosos e comoventes poemas: Vozes D’África e Navio Negreiro. Deste, destaco os candentes versos: “Auriverde pendão de minha terra, / Que a brisa do Brasil beija e balança, / Estandarte que a luz do sol encerra / E as promessas divinas da esperança… / Tu que, da liberdade após a guerra, / foste hasteado dos heróis na lança / antes te houvessem roto na batalha, / que servires a um povo de mortalha!… // Fatalidade atroz que a mente esmaga! / Extingue nesta hora o brigue imundo / O trilho que Colombo abriu nas vagas, / como um íris no pélago profundo! / Mas é infâmia demais!… Da etérea plaga / levantai-vos heróis do Novo Mundo! / Andrada arranca esse pendão dos ares! / Colombo! Fecha a porta dos teus mares!”.

De acordo com a Declaração Universal dos Direitos do Homem, em 1948, as pessoas, atualmente submetidas às práticas escravagistas, não são reconhecidas como iguais em dignidade e em direitos; não têm direitos de cidadania; não recebem remuneração satisfatória e eqüitativa, a fim de dar à família uma existência compatível com a dignidade humana.

Inacreditavelmente, a escravidão continua sendo praticada de várias formas: “salários” irrisórios, trabalho forçado; tráfico ilícito de imigrantes; colonialismo; servidão por dívidas; exploração sexual, etc., etc.

Em muitos países, nos quais não poucos trabalhadores são obrigados a trabalharem de 4 a 6 meses para pagar impostos. Os inadimplentes são executados, enquanto o Estado predador não paga suas dívidas e protela as ações com recursos de má fé, se condenado joga para os precatórios.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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