A pandemia e o auxílio-doença

Por Matheus Erler |
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As incertezas da população quanto à concessão de benefícios do INSS devido às dificuldades causadas pela pandemia do novo coronavírus são muitas. A imprensa, diariamente, tem feito a cobertura quanto à falta de informação e como isso tem causado de conflitos, confusões e prejuízos aos beneficiários. Razão pela qual, dar acesso aos critérios e condições para buscar direitos relativos à previdência é uma obrigação de todos.

Uma decisão importante quanto ao auxílio-doença é a recente prorrogação, por 30 dias, do benefício enquanto as agências do INSS estiverem fechadas devido à pandemia. Diante da situação de calamidade sanitária, a Portaria nº 552 da União prevê que a prorrogação poderá acontecer até por até seis vezes. Mas, certamente será preciso acompanhar a evolução dos fatos para ter a certeza destas condições futuras. O certo é que, neste momento, a prorrogação é vigente.

Tem direito a esta prorrogação aqueles que passaram por uma perícia e ainda não estão liberados para o retorno ao trabalho. Esses, precisam ter acesso ao aplicativo do INSS e aí, também, cabe uma análise quanto a inclusão digital. Em que pese sabermos das dificuldades trazidas pela pandemia, limitar ao acesso digital a concessão de direitos, sem considerar que grande parte dos beneficiários não são familiarizados com estas ferramentas é, no mínimo, optar por uma gestão para a minoria, o que vai contra qualquer princípio da administração pública.

A vivência, como assessor previdenciário, tem nos colocado diante de situações angustiantes, como familiares que não sabem mais como alcançar o benefício do auxílio-doença daqueles trabalhadores que, por algum a motivo, tiveram sua capacidade de trabalho interrompida.

Do outro lado da ponta, já nos reflexos econômicos da pandemia, temos empresas de diversos setores e tamanhos abrindo falência, promovendo demissões sem qualquer sinalização de terem condições de arcarem com direitos trabalhistas ou – numa ação voluntária - apoiar aquele colaborador que teve que buscar o auxílio-doença.

Então, entramos num emaranhado de situações que, no longo prazo, terá soluções, desde que se tenha a junção de dois fatores: a vontade política e a compreensão da importância de um sistema social, como a previdência, que retribui a quem, em todo tempo de atividade laboral, teve parte dos seus ganhos retidos.

É necessário que se garanta , com mais eficácia, o atendimento aos segurados, principalmente do auxílio doença, que são pessoas que, de forma alguma desejam estar nesta dependência e, em sua grande maioria, são suportes financeiros de suas famílias ou idosos com alguma incapacidade que têm no benefício seu único sustento. Oferecer a eles apenas o acesso remoto e esperar que tudo funcione adequadamente é ignorar diferenças sociais e promover uma maior exclusão do estado a vida das pessoas.

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