Herança

Por José Faganello | 27/05/2020 | Tempo de leitura: 3 min

“Tornar o operário co-proprietário do engenho industrial e participante dos lucros ao invés de acorrentá-lo como um escravo, quem ousaria dizer não a essa tendência do século?” (Proudhon)

Este sonho acalentou muitos corações. Conseguiu provocar uma das maiores revoluções da História. Proudhon achava que seu sonho utópico era a tendência do século. Estava errado. Certo estava Antoine de Saint-Exupéry, quando afirmou que “na vida não existe soluções. Existem forças em marcha, deve-se criá-las e as soluções se seguirão.

Essas forças em marcha sepultaram o sonho do operário co-proprietário. No atual momento, em nosso país, ele até ficaria grato para poder estar trabalhando numa máquina. O desemprego em marcha tira o sono e abafa qualquer iniciativa reivindicatória.

Na época de Proudhon (1809-1865) sonhava-se que o operário não só dominaria a máquina, como poderia ser parceiro dela e do capitalista, podendo prosperar irmanados e safar-se da vida miserável que levava.

Atualmente as forças em marcha exigem reengenharia, eficiência, custo zero, expressões correntes e expressas com convicção de dogmas.

Como somos produtos de nossa época, das atuais forças em marcha, estamos convencidos que é assim mesmo e inútil pensar diferente.

Cada vez mais, tudo o que é considerado ineficiente, dispensável, obsoleto, é colocado de lado e chama-se ‘preço do progresso’.

Operários substituíveis por máquinas automáticas, aposentados que teimam em não morrer, filhos desempregados ou subempregados são as maiores vítimas, que não entendem como a mídia, cotidianamente publica desvios exorbitantes e, impunes, que se não existissem, nossa situação seria bem diferente.

Há uma lei da física, ainda não revogada, que afirma “a toda ação haverá uma reação”. A maior parte dos que estão no comando não contam com isso e prometem eficiência, sem cuidar do ser humano, mas tirando proveitos para si e seus aliados.

Diante de uma situação caótica, na qual o proletariado e a classe média estão a cada dia mais acuados pelos salários achatados, desemprego crescente, falta de crédito, juros extorsivos, a sofrer diuturnos sobressaltos, como escolher em quem votar?

Os donos do capital, por sua vez, vêem-se ameaçados pela voracidade fiscal, queda de vendas e aumento da inflação. Aqueles que trabalham corretamente são vistos com desconfiança, devido aos que se participaram nos desvios do erário.

Eles não estão agüentando o “Custo Estado”, que lhes arranca a possibilidade de reinvestimentos e dificulta enfrentar a concorrência internacional.

“As eleições como elas se fazem no Brasil, são a origem de todos os nossos males políticos.” ( D. Pedro II – palestra com seus ministros. Citado por Humberto de Campos, em O Brasil Anedótico).

(“Na República Velha) as eleições eram falsas, mas a representação era verdadeira … As eleições não prestavam, mas os deputados e vereadores eram os melhores que poderíamos ter.” (Gilberto Amado).

Depois de Getúlio, todos os que foram eleitos, com raras exceções, falharam, principalmente nestes últimos anos.

Nossos homens públicos não aprenderam com Aristóteles, “que a dignidade não consiste em possuir honrarias ou bens, mas em merecê-las”.

Além das nossas eleições, que serão fundamentais para as próximas, temos que nos preocupar com as dos Estados Unidos, pois se lá errarem, o mundo será afetado.

No momento, nosso país está passando por um turbilhão que se não parar, tanto na política como na saúde, precisaremos começar do Zero,conserto nossos filhos e netos terão essa herança.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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