Imane Khelif, campeã olímpica de boxe e símbolo nacional da Argélia, volta ao centro de uma controvérsia que parecia superada. Um novo vazamento, revelado pelo The Telegraph, indica que exames realizados antes do Mundial de Boxe de 2023, em Nova Deli, mostrariam que a atleta possui um “cariótipo masculino”. O documento foi divulgado pelo site 3 Wire Sports, citando resultados considerados “anormais”.
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A análise cromossômica teria sido feita pela Lal Path Labs, laboratório indiano certificado internacionalmente. A suspeita renova um debate acalorado que começou ainda nos Jogos Olímpicos de Paris, quando Khelif enfrentou acusações semelhantes, que até então haviam sido desacreditadas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).
A repercussão do vazamento ocorre dias após a World Boxing anunciar mudanças em suas políticas de controle, com exigências mais rigorosas para testes relacionados a idade, peso e identidade de gênero. Essas novas diretrizes levaram à suspensão de Khelif, que agora deverá se submeter a exames específicos sempre que quiser competir em eventos femininos.
Durante os Jogos de Paris, o COI havia minimizado os rumores com base em pareceres de hospitais na França e na Argélia, considerados frágeis por críticos da entidade. Agora, com um exame reconhecido por instituições como o US College of Pathology, as vozes contrárias ganham novo fôlego.
Entre as mais contundentes está a da ex-nadadora britânica Sharron Davies, que voltou a questionar a participação de Khelif em competições femininas: “Ela sabia que era biologicamente um homem. Sabia da vantagem. E o COI também sabia. Essa é uma vitória para as mulheres no esporte.” A escritora J.K. Rowling também se pronunciou, reafirmando críticas feitas desde Paris 2024:“Mulheres não devem ser espancadas até a morte no ringue por homens. Isso não é inclusão. É violência.”
Diante do novo episódio, Khelif se manteve firme em suas convicções. Em entrevista à ITV, afirmou que nunca escondeu quem é: “Sempre fui tratada como uma rapariga. Cresci como uma rapariga. Vivi como uma rapariga. Só começaram a desconfiar quando comecei a vencer.” A argelina, que brilhou em Roland Garros ao conquistar o ouro olímpico diante de uma multidão, acredita que as críticas surgiram com seu sucesso. “Antes das medalhas, ninguém questionava nada”, afirmou.
Apesar da turbulência, a atleta segue ativa em diferentes frentes. Condecorada com a Ordem de Mérito da Argélia após os Jogos de Paris, Khelif tem aparecido com frequência em campanhas publicitárias, eventos de moda e programas de televisão. Sua presença nas redes sociais também aumentou significativamente nos últimos meses.
Mais recentemente, participou de uma ação com a Unicef pelo Dia Global dos Pais, em que celebrou o apoio de sua família: “Campeã eu sou hoje, mas tudo começou com o amor e a paciência dos meus pais. A eles, meu eterno agradecimento.” Com o olhar voltado para Los Angeles 2028, Imane tenta manter o foco no futuro, mesmo sob o peso de acusações que insistem em retornar. O caso, no entanto, promete desdobramentos, à medida que a World Boxing revisa suas normas e a opinião pública se divide entre defesa e rejeição.