Ideias

MORADIA & INJUSTIÇANO BRASIL

Por Marcos MeirellesJornalista | 12/05/2018 | Tempo de leitura: 2 min

Vamos celebrar a estupidez humana; vamos celebrar a aberração de toda a nossa falta de bom senso." (Renato Russo, Perfeição). Depois do incêndio que destruiu o prédio do Largo do Paysandu, em São Paulo, a criminalização dos sem-teto era um movimento previsível.

Não importa se há mais de 160 mil famílias na fila da moradia, a maior cidade do país não pode tolerar que sua imagem esteja associada a hordas de sem-teto. Não importa se há centenas de prédios abandonados, esta ruína urbanística progressiva não incomoda os palacetes dos Jardins e os escritórios futurísticos do Itaim.

São Paulo segue o seu destino estúpido de marginalizar a população pobre, empurrando-a para longínquos conjuntos habitacionais na periferia. E mesmo esta alternativa bizarra, reproduzida pelos governos desde a época da ditadura e do finado BNH, nunca é suficiente para atender à demanda por moradias. Ninguém está interessado em discutir política habitacional, no entanto. O ex-prefeito que entregou o cargo para se dedicar ao marketing eleitoral já sentenciou: quem ocupa prédios é criminoso.

Assim, iniciou-se a caça aos supostos criminosos, antes mesmo que findasse a faina dos bombeiros em busca dos corpos perdidos nos escombros.

Ao proselitismo dos políticos soma-se o ativismo persecutório da imprensa. Os telejornais, cenários esplêndidos para a exibição da estupidez humana, apressam-se a apontar culpados e a condenar, condenar, condenar...

Em vez disso, a tragédia de São Paulo deveria nos fazer repensar todas as nossas cidades e o que temos feito para equacionar a questão da moradia no país. Mesmo o tão propagandeado Minha Casa, Minha Vida foi muito mais um estímulo à atividade econômica na construção civil do que, propriamente, uma ação planejada na área da habitação popular.

E este não é um problema apenas de São Paulo. Há uma gigantesca ocupação sem-teto em Jacareí e, em São José, a recalcitrante política 'padrão BNH'. Como o Poder Público espera promover a qualidade de vida em bairros como o Pinheirinho dos Palmares, por exemplo?.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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