Ideias

Torta na cara, dedo nos olhos e briga na lama

Por Hélcio CostaJornalista e diretor da empresa Matéria Consultoria e Mídia | 03/10/2020 | Tempo de leitura: 2 min

Debates entre candidatos são necessários, aliás, mais que isso, são essenciais em uma campanha eleitoral.

Mas, falando francamente, é preciso repensar o formato deles para que esses confrontos tenham, realmente, algum efeito positivo para o eleitor. Com as regras atuais, engessadas, geralmente o resultado é um grande e monótono empate. E, olha, digo isso 48 horas depois de um bom debate, realizado pela Rede Band Vale, em parceria com o jornal OVALE, na noite da última quinta-feira, entre os candidatos a prefeito de São José dos Campos.

Se não teve nocaute, serviu para definir o posicionamento de cada um nesse início de campanha. Um posicionamento que começa a clarear, de fato, a partir do dia 9, quando terá início o horário eleitoral gratuito de rádio e TV, vai ser divulgado o resultado da primeira pesquisa Ibope, encomendada pela Rede Vanguarda. Números que podem deixar alguns com um sorriso de orelha a orelha e, outros, com cara de tacho. Vamos ver.

Mas, retomando o fio da meada, o formato atual de debates é engessado.

Perguntas escolhidas, respostas ensaiadas, frases de efeito, gravata combinando com o cenário, regras rígidas, os candidatos mergulham em um cenário tenso, mas, acredite, controlado. É obra do marketing, da ilusão, do superficial. Por isso, geralmente, sabatinas com um candidato só funcionam mais para tirar dúvidas, aprofundar temas. Para salvar os debates é necessário, com urgência, tirar os candidatos da zona de conforto, do livrinho que eles carregam para cima e para baixo, das frases decoradas. O eleitor teria informação mais consistentes sobre cada um dos candidatos se eles travessem uma luta na lama, um campeonato de torta na cara, disputassem a Dança dos Famosos ou um Master Chef entre prefeituráveis. Veríamos, aí sim, pessoas mais ou menos reais em situações mais ou menos reais e fora de controle, como é, de fato, na vida.

Teríamos, com certeza, representantes mais verdadeiros, uma democracia exercida com mais transparência e, claro, nos divertiríamos muito mais..

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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