Marcos Meirelles

Bolsonaro só é piada nos EUA

No Brasil, Bolsonaro está longe de virar piada. Ainda existem 30% de brasileiros dispostos a votar no sujeito mais boçal que já ocupou a Presidência

Por Marcos Meirelles, Jornalista | 23/09/2021 | Tempo de leitura: 2 min

Nosso presidente da República cumpriu as previsões e exibiu uma performance patética em sua passagem pela Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

O presidente virou tema de programas humorísticos da TV americana. Para eles, o presidente brasileiro é aquele tipo de “piada pronta”, o sujeito exótico, de alguma república das bananas qualquer, que chega à civilização se vangloriando de toda a sua ignorância.

No Brasil, Bolsonaro está longe de virar piada. Ainda existem 30% de brasileiros dispostos a votar no sujeito mais boçal que já ocupou a Presidência. Mais sombrio ainda é constatar que, segundo o Datafolha, o presidente chega a 40% dos votos entre os eleitores que ganham mais de cinco salários mínimos.

São os brasileiros da bolha, aqueles que vivem a mesma realidade paralela vendida por Bolsonaro em seu discurso na ONU.

Mas esses mesmos cidadãos da bolha, ou muitos deles, estão dentro das nossas casas, na nossa vizinhança, na mesa vizinha da estação de trabalho.

Ou seja: a bolha faz parte do nosso dia-a-dia e ela deve manter a competitividade do Aloprado do Planalto até 2022.

E o que isso significa? Que o Aloprado-Mor terá todas as condições políticas para contestar o processo eleitoral, promover manifestações golpistas, no limite, orientar ações de cunho terrorista, como o bloqueio das estradas e do abastecimento do país por caminhoneiros.

Neste contexto, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é profeta que prega no deserto. Enquanto ele defende que todos se unam contra o Aloprado-Mor, as forças políticas de oposição remoem antagonismos ideológicos e mágoas.

Somente uma campanha em defesa da democracia, liderada inicialmente pela sociedade civil e capitaneada por músicos, artistas e influencers, por exemplo, poderia deslocar a luta contra o ogro do Planalto para além da polarização política. Além disso, uma campanha assim ajudaria a solapar as bases de sustentação de Bolsonaro no Congresso e seu “salvo-conduto” junto ao Centrão. Mas quem se habilita?

Notas

E o Doria?

O governador João Doria transformou o PSDB paulista no seu cercadinho, mas segue amargando a rejeição dos paulistas e um desempenho pífio do vice, Rodrigo Garcia.

Foco no PT

Doria acredita que a terceira via se viabiliza desconstruindo Bolsonaro e o PT. E aposta prioritariamente os ataques ao PT para atrair os conservadores descontentes com o Aloprado.

Unanimidade

Como estratégia, parece perfeito. Na prática, no entanto, o “Fora Doria” e a rejeição consistente ao governador paulista são as únicas coisas que unem esquerda e direita em São Paulo.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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