Hélcio Costa

Crônica de uma tempestade anunciada

Por Hélcio Costa, jornalista e diretor da empresa Matéria Consultoria & Mídia | 06/01/2022 | Tempo de leitura: 2 min

Hélcio Costa
Hélcio Costa

Minha bola de cristal está quebrada e não tenho como saber como vai terminar esse imbróglio entre a prefeitura e o Grupo Itapemirim em torno do sistema de transporte público de São José dos Campos. O caso pode até ir para a Justiça, mas, depois de um novo tropeço da empresa (mais um), a prefeitura já admite abrir uma nova licitação, com novas regras. Mas, sejamos honestos, não precisava ser bidú para saber, de antemão, que essa ia dar problemas.

É igual a previsão de tempo ...


Sabe quando o céu fica tomado por nuvens, começa a ventar e tem toda pinta de que vai cair um temporal? Pois é, há tempos a licitação para o transporte público de São José estava assim. No céu, as nuvens indicavam uma baita de uma tempestade, formada em torno do histórico de crises enfrentadas pelo Grupo Itapemirim, vencedor do lote 1 e, depois, do lote 2 da licitação, com uma ajudinha do governo. Mas, nesse tempo todo, porta-vozes da prefeitura insistiam que não havia nuvem alguma e que tudo estava dentro das regras. Lembra da piada em que um homem pula do 20o. andar e, passando pelo 15o., avisa: até aqui, tudo bem? Foi assim. Essa semana, no entanto, o prefeito Felício Ramuth (PSDB) mudou o tom: decidiu notificar o Grupo Itapemirim pelo descumprimento do contrato e deu 72 horas –vencidas ontem— para que a empresa apresentasse as notas da compra de mais de 400, 500 ônibus novos, exigidos na licitação. O grupo tentou empurrar com a barriga, o governo fala em “melar” o jogo.


Vale a pena outras reflexões já que existem mais nuvens, igualmente plúmbeas, no horizonte. Vale a pergunta: porque a licitação para operar o transporte de uma das maiores cidades do país atraiu só uma empresa e, mesmo assim, uma empresa em crise? A licitação “micou” feio. Outra pergunta: porque, da noite para o dia, São José dos Campos caminhava para ter uma só empresa de ônibus, voltando a um monopólio quebrado na gestão Eduardo Cury? O governo diz que não era bem assim, mas é papo-furado.

Otimista, espero que as nuvens pesadas se dissipem e São José tenha um sistema de transporte público cada vez melhor. Mas, como sou igual a São Tomé, até essa novela acabar vou continuar a sair de casa levando um guarda-chuva.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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