Júlia Mari

Tesouros Arquitetônicos: Vicentina Aranha

Por Júlia Mari - Arquiteta pela Universidade de Taubaté | 08/04/2022 | Tempo de leitura: 4 min

Construção: Pavilhões projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo/Ano:1918
Construção: Pavilhões projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo/Ano:1918

Hoje, na série Tesouros Arquitetônicos, vou falar um pouquinho o que eu considero ser o coração de São José dos Campos: o Parque Vicentina Aranha. É impossível não admirar tanto verde em meio á cidade, na minha opinião o parque é como um respiro na correria do dia a dia, toda a sua área é tombada pelo CONDEPHAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico). Mas vocês conhecem a história do antigo sanatório?

O antigo sanatório Vicentina Aranha teve sua construção iniciada em 1918 e em abril de 1924, foi inaugurado todo o complexo. O sanatório era um dos maiores e mais importantes centros de tratamento de tuberculose não só do país, mas também da América Latina. Sua localização era estratégica, fora da cidade de São Paulo, foi pensada para facilitar o tratamento da doença, além das boas condições climáticas da cidade, favoráveis ao tratamento de doenças respiratórias.            

A ideia da construção de um centro de tratamento da doença partiu de Vicentina de Queiroz Aranha, através da instituição onde atuava, a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. A instituição promovia o tratamento de diversas doenças e viu em São José dos Campos um grande potencial para tratar tuberculose, devido a pureza do ar encontrada na cidade.

Após sua inauguração a cidade foi destino de muitas famílias com o objetivo de tratar a doença. O parque ajudou a proporcionar boa infraestrutura urbana e o avanço industrial na cidade, fonte da economia atual de São José. Ao encerrar as atividades de sanatório, permaneceu fechado até 2006 e até hoje vem passando por diversos trabalhos para restaurar as construções e manter viva a memória de uma época.

O PARQUE

O parque tem uma área total de 84.500 m², com 80% de sua área verde é ideal para uma caminhada a qualquer hora do dia. O conjunto tem as edificações do tipo pavilhão e são organizadas de forma simétrica entre si, mantendo uma distância considerável uma da outra. São interligadas por passarelas cobertas que dão um charme para os ambientes e se integram perfeitamente com a massa verde que existe por todo o parque. Segundo o site oficial da cidade, o parque recebe em torno de 70 mil visitantes por mês e a qualquer hora que você passa por lá, pode ver pessoas fazendo exercícios ou simplesmente apreciando toda a área verde com jardins ornamentais que circundam todas as construções.

Durante todo o mês, diversos eventos são realizados dentro do parque, desde cinema a céu aberto, até cursos e diversos tipos de festivais.

A CAPELA

Foi inaugurada a Capela do Sagrado Coração de Jesus dentro do parque, com uma missa solene em outubro de 1935. De estilo eclético, a capela é um dos pontos chave de todo o parque. A capela era utilizada para missas pelos funcionários e os pacientes do sanatório. Entre os anos de 2010 e 2011, a capela recebeu reformas para a melhoria da construção, como pintura externa e interna, substituição do telhado e melhoria na iluminação da construção.

O que se destaca no parque é sua quantidade mais que significativa de árvores, arbustos e flores em toda sua área verde. Cerca de 3.000 árvores de 100 espécies circundam o Parque Vicentina Aranha, entre jatobás, imbaúbas ipês, quaresmeiras, palmeiras, abacateiros, mangueiras e laranjeiras. A presença de animais acaba encantando as crianças, que brincam entre coelhos, galinhas de Angola e perus.

Nunca se imaginaria que um complexo com o objetivo de curar uma doença, se converteria em um polo cultural gratuito para a cidade. O Parque Vicentina Aranha oferece arte, música, teatro e esporte para todos, em meio a construções arquitetônicas que são o símbolo de uma época, oferecendo qualidade de vida aos moradores. Quem caminha por toda a área do parque pode sentir que voltou no tempo, a construções são quase que cenográficas, é realmente lindo de se ver.

           

Eu realmente te aconselho a visitar o Parque Vicentina Aranha e ter a experiência de andar pelos caminhos cobertos de vegetação e conhecer as antigas casas dos pacientes e funcionários do sanatório. Toda a área é encantadora e cheia de história, vale muito a pena.

A série “Tesouros Arquitetônicos” tem o intuito de fazer com que vocês, leitores, visitem esses espaços tão significativos e importantes para as cidades do Vale do Paraíba. Mas e aí pessoal? Já conheciam a história do Parque Vicentina Aranha? Espero que tenham gostado de saber sobre um pedacinho da nossa história, e semana que vem estaremos de volta para falar sobre o mundo da Arquitetura e Decor. Até mais! 

 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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