Hélcio Costa

O que era vidro se quebrou...

Por Hélcio Costa é jornalista e diretor da empresa Matéria Consultoria & Mídia |
| Tempo de leitura: 2 min

A lua de mel durou pouco ...

Tão logo Felício Ramuth renunciou ao cargo e assumiu seu novo personagem, de candidato a governador do Estado pelo PSD de Gilberto Kassab, começou o batismo de fogo do novo prefeito de São José dos Campos, Anderson Farias. E foi assim, rapidinho. Nem bem Anderson havia terminado a sua mudança para o gabinete principal do 7o. andar do Paço, a bancada governista na Câmara entrou em curto-circuito frente à votação da Reforma da Previdência, pane, é bom frisar, já detectada nos últimos dias de Felício. Até chegar à chamada “crise do whatsapp”, a base governista havia perdido 5 de seus 18 vereadores, caindo abaixo do número mágico de 14 parlamentares, proporcional a 2/3 dos votos da Casa, necessários para aprovar, por exemplo, emendas à Lei Orgânica do Município. O que vai ser daqui para a frente? Só o tempo vai dizer.

Tudo isso só prova que a realidade é diferente do enredo político criado no laboratório do governo, de que a renúncia de Felício não traria riscos ou abalos. Balela, a regra, como ensina Arnaldo, é clara: muda o chefe, muda o jogo. Ainda mais que a renúncia trouxe, em seu bojo, um êxodo político, o abandono em bloco do PSDB pelo PSD.

Feitas as contas, noves fora, o resultado é claro: não existe governo Felício sem Felício, assim como não existe McPicanha sem picanha, como provou o Ministério da Justiça, cuja pressão retirou o lanche “mandrake” do cardápio do McDonald’s. Resta a Anderson seguir a lógica do GPS e recalcular a rota do governo. Terá que levar avante projetos estratégicos para a cidade, reforçar antigas alianças, criar novas e moldar ao governo à sua cara. Além de administrar a dívida deixada pelo antecessor. Na área política, Anderson vai bem, afinal, esteve à frente das articulações do governo nos últimos cinco anos e meio. O desafio está na gestão. Um ponto positivo é que a equipe do governo continua quase a mesma, salvo mudanças pontuais e esperadas (como a saída de José de Mello Corrêa, por exemplo). O resultado das urnas de outubro pode obrigar a novas alianças e composições, mas, até lá, o governo já vai ter a sua sorte lançada, respondendo a uma pergunta simples: deu liga ou não deu liga? 

De certo, não era esse o cenário que grande parte do eleitorado tinha em mente quando votou 45 em 2020. Felício foi eleito em primeiro turno, com mais de 204 mil votos (58,21%). Menos de um ano e meio depois, São José dos Campos está sob o comando de um prefeito que chegou ao cargo sem ter enfrentado o batismo do voto. Ruim? Está na regra. Tomara que isso motive Anderson. Afinal, seu nome estará, de fato, nas urnas de 2024, para ser submetido ao crivo popular. E não estará sozinho. 2024 pode trazer muitas surpresas.

    

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