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Cogitado para MEC, Aristides Cimadon criticou universidades públicas por "precários resultados"

Por Agência O Globo |
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Aristides Cimadon
Aristides Cimadon

Reitor da Unoesc (Universidade do Oeste de Santa Catarina) e nome sugerido por aliados ao governo para assumir o MEC (Ministério da Educação), Aristides Cimadon criticou, em texto recente sobre os desafios da Covid-19, um setor com o qual terá de lidar caso se torne ministro: o ensino superior público. Segundo ele, as instituições apresentam "precários resultados, se considerados os recursos públicos consumidos" e a área "precisa ser revista de forma acelerada após a pandemia, apesar das resistências".

Cimadon está em reuniões em Brasília nesta segunda-feira. Ele entrou na lista de nomes considerados para o MEC após o presidente Jair Bolsonaro sinalizar que não iria confirmar o convite feito ao secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, alvo de pressões internas no governo. Feder, por sua vez, anunciou no domingo que desistia do cargo.

O reitor da Unoesc foi uma indicação de parlamentares de Santa Catarina, onde o presidente Bolsonaro esteve no fim de semana em agenda oficial. Segundo a instituição, ele tem graduação em Filosofia e Pedagogia, ambas pela Universidade de Passo Fundo (RS), e Direito pela Unoesc. Além disso, é mestre em Educação, pela PUC-RS, e mestre em Direito, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), ainda conforme a universidade.

No texto publicado em um blog como convidado, Cimadon afirmou que, ao contrário das instituições comunitárias, caso da Unoesc, que ele dirige, as instituições públicas de ensino superior se acomodaram na pandemia. Ele afirma que os direitos dos estudantes não foram respeitados, "a despeito dos discursos em favor da democracia e da proteção dos direitos humanos" feito por tais universidades.

"As instituições públicas, menos afeitas à luta pela sobrevivência, suspenderam as atividades presenciais e, na sua maioria, não tomaram medidas para encontrar saídas de enfrentamento à pandemia. Sequer se preocuparam, a despeito dos discursos em favor da democracia e da proteção dos direitos humanos, em proteger os direitos dos seus estudantes de dar sequência a seus percursos formativos", escreveu.

Um outro trecho, dirigiu críticas sobre os resultados obtidos pelo setor: "As instituições públicas também deverão sofrer mudanças. Há um crescente clamor crítico a elas dirigido, sobretudo relacionado a seus precários resultados, se considerados os recursos públicos consumidos. Entende-se que a educação superior pública brasileira precisa ser revista de forma acelerada após a pandemia, apesar das resistências".

Cimadon está no quinto mandato como reitor da Unoesc. Em 2017, já com ele no comando da instituição, os filhos do presidente Carlos Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro deram uma palestra na instituição com o título "Desarmamento, controle social e ascensão do crime no Brasil". Na época, Eduardo comentou no Twitter que o evento seria utilizado "para ocupar espaços e corrigir a visão de direitos humanos no país".

Além de Cimadon, que não estava na lista inicial de cotados, continuam sendo avaliados por auxiliares do presidente os nomes de Marcus Vinicius Rodrigues, ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), e de Anderson Correia, reitor do ITA e ex-presidente da Coordenação de Aperfeiçoamenton de Pessoal de Nível Superior (Capes).

O educador Antônio Freitas, integrante do Conselho Nacional de Educação (CNE) também está entre as opções. Sérgio Sant'Ana, ex-assessor do próprio Weintraub; e Ilona Becskeházy, atual secretária de Educação Básica do MEC, são outras sugestões recebidas no Planalto. Esses dois últimos são mais ligados à ala ideológica do governo.

Será o quarto ministro do MEC em um ano e meio de governo. Após Ricardo Vélez Rodríguez e Abraham Weinrtaub, o economista Carlos Decotelli teve uma passagem relâmpago à frente da pasta. Ele ficou menos de uma semana no comando do ministério e pediu demissão após repercussão negativa sobre o fato do seu currículo conter informações falsas e a acusação de plágio em sua dissertação de mestrado.

Com a indecisão em relação à sucessão na pasta, o MEC se soma ao ministério da Saúde na falta de um titular no comando. Em meio à maior pandemia do século, a Saúde está sob o comando do general Eduardo Pazuello, que assumiu a pasta interinamente após a saída de Nelson Teich e acabou continuando no cargo. As pastas estão entre os três maiores orçamentos da Esplanada, perdendo apenas para o Ministério da Economia.

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