Marcos Meirelles - Hegemonia tucana sob elevado risco

Por Marcos Meirelles, Jornalista | 19/06/2021 | Tempo de leitura: 2 min

O que será da sucessão paulista? Com o governador João Doria decidido a se candidatar a presidente, mesmo com sua elevada rejeição, a sucessão ao governo de São Paulo ganha contornos imprevisíveis.

Doria quer emplacar Rodrigo Garcia e, a exemplo de seus antecessores, usa a máquina do Palácio dos Bandeirantes para controlar a sucessão no ninho tucano.

Diferentemente do que ocorreu nos últimos 28 anos, no entanto, há novos e velhos atores capazes de complicar os planos de Doria. O principal deles, sem dúvida, é Geraldo Alckmin. O ex-governador se movimenta para viabilizar seu nome, mais uma vez, ao Palácio dos Bandeirantes e conta com o apoio de Márcio França, seu último vice.

Há também o fator Bolsonaro, que aposta no lançamento de um novo nome, quiçá o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, para fazer frente ao "calcinha apertada" e tentar derrotar Doria em seu próprio quintal.

Correndo por fora, mas capaz de fustigar Doria em outra frente, a esquerda tenta uma improvável união entre Fernando Haddad e Guilherme Boulos.

São três forças ou grupos políticos com potencial de complicar o caminho de Rodrigo Garcia, um político experiente e alinhado há muito tempo com o PSDB em São Paulo.

Talvez o desafio para Garcia seja provar justamente que tem autonomia de voo e que é um aliado estratégico de Doria, e não apenas um "poste".

Para Alckmin, o teste é de fadiga de material. O ex-governador já provou, em várias ocasiões, ser um campeão de votos entre os paulistas, mas a última eleição presidencial chamuscou sua imagem.

Além disso, o pleito presidencial fortaleceu e deu voz à extrema-direita, um setor do eleitorado que antes "suportava" o PSDB e que agora parece disposto a defender sua própria representação e ideias.

Como Garcia ou Alckmin vão lidar com o bolsonarismo? Se tentarem cooptá-lo, serão devorados pelo monstro. Se tentarem confrontá-lo, estarão sob artilharia pesada. A eleição em São Paulo em 2022 é tão ou mais imprevisível que a sucessão presidencial. Façam suas apostas..

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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