Guilhermo Codazzi - A verdade nos libertará de Bolsonaro

Por Guilhermo Codazzi - Jornalista e escritor, editor-chefe de OVALE |
| Tempo de leitura: 2 min

João 8:32.

"E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará", cita o versículo bíblico, o mantra bolsonarista desde a vitória nas eleições presidenciais de 2018, realizadas com uso de urna eletrônica e sem voto impresso -- apesar das delirantes acusações de fraude, sem nenhuma prova, do próprio lado vencedor do pleito. É fato, como diz a frase atribuída ao maestro Tom Jobim (1927-1994), o Brasil não é para principiantes.

Considerado desonesto, autoritário, despreparado, indeciso, incompetente, falso e ainda pouco inteligente pela maioria dos brasileiros, de acordo com a pesquisa Datafolha divulgada na última quinta-feira (8), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chegou ao seu 919º dia no Palácio da Alvorada com a chocante marca de 3.314 declarações falsas ou distorcidas, diz levantamento do site de checagem 'Aos Fatos'.

Em média, o chefe do Executivo mente à nação, falseando fatos, desinformando a população brasileira e torturando a verdade, nos porões de sua mente despótica, cerca de quatro vezes por dia.

Um detalhe: o número explodiu na pandemia, justamente em um período tão dramático, em que a nação enlutada chora a perda de mais de 530 mil vidas, em que a sociedade precisava seguir o farol da verdade diante do tsunami de fake news, ver a luz da ciência.

Os números não deixam dúvida: de acordo com o levantamento do site 'Aos Fatos', o recorde de mentiras ditas pelo presidente havia sido registrado em outubro de 2019 (78); depois, chegou a 236, em janeiro último. Nessa espécie de 'mentirômetro', o menor índice, no período da pandemia, ocorreu em agosto de 2020 (114).

Mas, justiça seja feita, Bolsonaro está certo: a verdade liberta.

Nas últimas semanas, o noticiário foi inundado por informações acerca das 'rachadinhas' (leia-se peculato, desvio de dinheiro público), pedido de propina para a compra de vacinas, além do flagrante descaso do governo federal na aquisição de imunizantes e na guerra ao vírus -- o que provocou milhares de mortes.

Desequilibrado, o ocupante temporário da cadeira presidencial vê seu governo se decompor em praça pública e ameaça a ordem democrática, frontalmente.

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