OVALE Lab.com

Para onde vamos? Crescimento da RMVale expõe necessidade de debate sobre mobilidade urbana

Por Patrick C. Santos |
| Tempo de leitura: 3 min
O anel viário de São José dos Campos
O anel viário de São José dos Campos

Trinta e nove municípios, cerca de 2,5 milhões de habitantes e mais de 16 mil km². Tudo isso unido por um forte vínculo cultural que dá alma ao território definido pelos limites geográficos e dá luz à RMVale, gerando unidade, integração em diversos aspectos, entre eles o econômico, comercial e turístico. 

E neste organismo, que move-se como bloco, veias e artérias, já conlurbadas, são vitais para a circulação dos milhões e milhões de moradores. 

A mobilidade urbana permite que cada indivíduo se insira, de fato, na sociedade, garantindo acesso à prestação de serviços, à saúde, bem-estar e lazer. Trata-se da vida em circulação, de uma região que pulsa. 

E, já que falamos sobre mobilidade, para onde vamos?

Espelho da sociedade, o raio-x do setor escancara desigualdades -- enquanto um grupo seleto, em bairros de luxo, tem acesso facilitado pelo acesso ao transporte individual, há quem faça trajetos longos e, por vezes, desconfortáveis, no transporte público.

Para onde vamos? O futuro do país é também escrito aqui, na coração que bombeia vidas por veias e artérias da RMVale.

PLANEJAMENTO. 

O desenvolvimento urbano acelerado é um dos principais agentes causadores de desigualdade, e para amenizá-lo, deve-se dar muita atenção para todos os diversos  tipos modais de transportes (trens, metrôs, ônibus, bicicletas, etc.), permitindo com que a população se mova, de forma adequada, para todos os cantos das cidades. 

“A RMVale carece de ações no sentido de estabelecer, de fato, a Região Metropolitana. Precisamos de um plano de mobilidade regional que favorece o ir e vir dos trabalhadores entre os diferentes municípios”, explicou Sandra Fonseca da Costa, doutora em planejamento urbano e regional e especializada em estudo de cidades.

Ampliando o olhar, deve-se notar que a visão sobre mobilidade estritamente limitada aos carros, bicicletas, ônibus e pedestres é apenas a observação de um fragmento, uma micro visão. Em macro, a mobilidade do Vale representa o que?

“A organização espacial e virtual é muito importante. Isso vai além do transporte. Hoje, a mobilidade parte de um planejamento com tudo integrado e conectado. Não dá pra pensar em só uma questão, pois estamos em uma era de conectividade absoluta”, afirmou Flávio Mourão, arquiteto urbanista e mestre em estruturas ambientais urbanas pela USP. 

Apesar de já criada, no papel desde 2011, na avaliação dos especialistas, a RMVale ainda precisa de um planejamento regional para existir na prática e planejar o futuro..

Especialista vê falta de política regional de mobilidade e urbanização no Vale

Na avaliação do urbanista Flávio Mourão, ainda não há uma política regional puramente eficiente que zele de fato pela existência da mobilidade integrada e categórica no Vale do Paraíba. 
Apesar das controvérsias ambientais, o processo de urbanização é inevitável, e não houve um planejamento adequado de maneira macro para a região --- atrasando o desenvolvimento e podendo prejudicar os habitantes. “Infelizmente, da década de 60 em diante, a gente foi perdendo um elemento forte de conexão que é a ferrovia, que permitia uma grande mobilidade naquela época para as pessoas, quase inexistente hoje”, analisa. 
“Esses impedimentos atrasam o desenvolvimento da cidade, é por isso que questões articuladas não dão certo. Isso são coisas que devem ser planejadas com 10, 20 anos de antecedência. Não é na nossa atual cultura política que isso vai acontecer”, finalizou o urbanista Mourão à reportagem de OVALE..

Comentários

Comentários