Ideias

Vagabundos, traidores e mortadelas

Por Hélcio CostaJornalista e diretor da empresa Matéria Consultoria & Mídia | 19/10/2019 | Tempo de leitura: 2 min

A julgar pelo linguajar que dominou o debate político da semana, o Brasil seria um país de vagabundos e traidores.

O blá-blá-blá começou quente com o governador João Doria (PSDB) respondendo com impropérios à vaias que recebeu de militantes pró-Bolsonaro em Taubaté. Chamado de Pinóquio, Doria subiu nas tamancas: "Vai pra casa, vagabundo! Vai comer mortadela com a sua mãe." Não contente, insistiu: "Vai cobrar do Major Olímpio seus 'duzentinho' pra vir aqui falar bobagem no microfone. Vai pra casa, aposentado." Não pegou bem. Criticado até por aliados, Doria divulgou vídeo, no dia seguinte, em que volta ao estilo "bom moço" e pede desculpas. "Acabei me excedendo", disse, de terno e cabelo arrumadinho, diferente do Doria virulento e suado da véspera.

Não contente, a palavra vagabundo surgiu de novo, agora em Brasília.

Irritado com o presidente, o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), disse que iria implodir Jair Bolsonaro, a quem chamou, mais de uma vez, de vagabundo. "Eu sou o cara mais fiel a esse vagabundo. Eu votei nessa porra, eu andei 246 cidades no sol, gritando o nome desse vagabundo", disse. Teve o desabafo gravado e, daí, azedou o caldo foi no PSL, onde frutificam laranjas podres, em um escândalo que ameaça contaminar Bolsonaro. Com Brasília em transe e Messias chamado de vagabundo, entrou em campo a outra palavrinha: traidor, usada por gregos e troianos na batalha dos laranjais.

No ritmo do bate-boca, o Brasil foi às urnas em 2018 com sangue nos olhos. Bolsonaro, Doria, PSL, PSDB e companhia parecem ter gostado do "freje" e já estão em campo para 2022. Culpa de quem? Ora, nossa, do eleitor. Temos eleito representantes cada vez mais despreparados para os cargos mais importantes. Depois de Dilma Rousseff (PT) parecia ser impossível desgraça maior. Aí surgiu o Capitão. Doria? Depois de dar um chega-pra-lá em seu criador, Geraldo Alckmin, sofre de oportuna amnésia política e foge do "Bolso-Doria", que o elegeu, como o diabo foge da cruz. Entre vagabundos, traidores e mortadelas, a política do Brasil assusta quem pensa no futuro do país..

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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