VIDA SELVAGEM

Onça que matou caseiro Jorginho é transferida para interior de SP

Por Da redação | Amparo
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação/Instituto Ampara Animal
Onça-pintada em seu novo recinto, em Amparo
Onça-pintada em seu novo recinto, em Amparo

A onça-pintada capturada após a morte do caseiro Jorge Avalo, 60 anos, o Jorginho, viverá em um mantenedor de fauna, localizado em Amparo (SP), no interior de São Paulo. O bicho passou, anteriormente, por exames no CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), em Campo Grande (MS), e não poderá retornar à natureza.

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A decisão é baseada na alteração comportamental relacionada à ceva —alimentação irregular de animais silvestres para facilitar avistamentos. A prática é proibida pela legislação estadual e federal e, segundo especialistas, pode fazer com que felinos percam o medo natural de seres humanos, aumentando o risco de ataques.

Agora, a onça está sob os cuidados do Instituto Ampara Animal desde o dia 15 deste mês. O seu destino foi definido pelo governo de Mato Grosso do Sul, em conjunto com o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

Em sua nova casa, o felino de cerca de nove anos recebeu o nome Irapuã, dado pela equipe da ONG como formar de reduzir o estigma do incidente. Ele foi capturado no dia 24 de abril às margens do rio Miranda, em Aquidauana, no pantanal sul-mato-grossense. Dois dias antes, o caseiro foi encontrado morto em uma área de mata fechada, na mesma região.

Juliana Camargo, presidente do Instituto Ampara, lamentou a fatalidade e ressaltou que a onça é um predador de topo de cadeia alimentar e deve viver longe das pessoas. Segundo ela, ataques contra humanos são raros no Brasil e não fazem parte do comportamento natural dos felinos, que normalmente tendem a fugir ao serem flagrados.

Ela informou que o recinto de Irapuã tem mais de 4.000 m² e receberá adaptações para reunir elementos do pantanal, como uma lago para que ele nadar. O instituto realizará uma campanha junto aos doadores e as empresas parceiras, somado ao apoio do governo federal, para arrecadar mais de R$ 230 mil, que serão utilizados nas obras desse novo espaço.

"Os animais do nosso mantenedor são constantemente submetidos a check-up. As onças têm muitos problemas de dentição. Então, além do veterinário e técnicos fixos, contratamos dentistas especialistas. Contamos também com apoio de universidades. A gente se desdobra para conseguir viabilizar a manutenção", explicou a presidente da ONG.

Evolução.

Para Jorge Salomão Júnior, veterinário do Instituto Ampara, Irapuã apresenta evolução desde sua captura. Na reabilitação, ganhou 13 quilos. O felino estava abaixo do peso com 94 kg. Uma onça macho do pantanal, maior do que em outros biomas, pode chegar até 120 kg. A sua alimentação no recinto contará com cerca de 20 kg de carne por semana.

O veterinário acompanhou a transferência do bicho em Campo Grande. De acordo com Salomão Júnior, o animal apresentou tranquilidade durante o translado, se recuperou das medicações e sedações e agora passa pelo período de adaptação no novo espaço.

"O mantenedor de fauna é um empreendimento onde não tem visitação pública. Os nossos recintos são todos muito grandes, cercados de ambiente natural, com mata nativas e muitas árvores para que os animais se sintam livre. O objetivo é que a onça tenha sossego daqui pra frente", disse.

O local já reunia outras oito onças. Contudo, os recintos do instituto são individuais, alguns com até 6.000 m². O animal ainda não possui um plano de conservação definido pelo ICMBio e aguarda mais avaliações para uma possível função ecológica, como o de reprodução da espécie considerada criticamente ameaçada de extinção.

* Com informações do jornal Folha de S.Paulo

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