NOVO GOVERNO

Por mais eficiência, Anderson quer modernizar a gestão em S. José

Por Xandu Alves | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 12 min
Caique Toledo / OVALE
Anderson Farias na redação de OVALE
Anderson Farias na redação de OVALE

Reeleito após um disputado segundo turno, o que não ocorria em São José dos Campos há 28 anos, o prefeito Anderson Farias (PSD) quer usar a tecnologia para modernizar a gestão municipal, reduzir os gargalos e aumentar a qualidade do serviço público.

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Para tanto, ele trocou secretários de pastas, trouxe gente nova para o governo e manteve algumas lideranças. Anderson confirmou que o vice-prefeito eleito, Wilker dos Santos Lopes (MDB), terá a atribuição de comandar a modernizar a administração.

“Além do papel do vice, de ajudar a representar a nossa cidade, de participar de eventos oficiais, ele também vai assumir toda a parte de projetos estratégicos”, afirmou Anderson em entrevista exclusiva a OVALE.

Ele fala das mudanças no secretariado, da diferença em comandar a cidade como prefeito eleito pela primeira vez, da criação de uma Secretaria de habitação, do eleitorado dividido e dos desafios da gestão municipal.

Leia a primeira parte da entrevista com Anderson Farias.

 

O senhor é prefeito de São José dos Campos desde abril de 2022. Na ocasião, como vice-prefeito eleito, substituiu Felicio Ramuth, que enunciou ao cargo para disputar o governo estadual. Agora, em 1º de janeiro, o senhor dará início a um novo mandato, desta vez tendo sido eleito prefeito. É diferente iniciar um mandato como prefeito? Teremos uma gestão mais com a cara de Anderson Farias?

Não consigo ter essa sensação ou essa diferença. Desde o dia 1º de abril de 2022, quando eu assumi, mesmo de uma forma diferente, não de uma forma eleita diretamente, mas o vice-prefeito é eleito juntamente na chapa do prefeito. A foto aparece ali na urna, mas todo mundo lógico que fica concentrado na cabeça de chapa.

Mas não sinto e não tenho essa sensação de diferença. Lógico que eu tinha compromisso junto com o Felício. Eu estava ao lado dele na construção do plano de governo, fui coordenador do plano de governo do Felício à época, coordenador da campanha. E a gente tem que ter a capacidade na campanha, durante o período eleitoral, e agora na hora de montar o time, principalmente o secretariado, de saber ouvir para a gente ver exatamente quais são as correções que a gente precisa fazer e aquilo que são os anseios.

Os novos que já são uma necessidade, que precisam ser alterados em mudanças de alguns programas que nós temos, mas também saber identificar o que a cidade vai precisar. Isso que acho que é um grande desafio para o gestor público e a gente tem essa identificação daquilo que ainda não está, nesse momento, ainda não é um anseio, mas que poderá ser. Então essa é a grande diferença.

Lógico que muda o time, porque os projetos são outros. Aliás, os meus compromissos através do plano de gestão também são outros compromissos. São outras ações que a gente tem para poder entregar ao longo dos próximos quatro anos. Mas me sinto até mais preparado, mais maduro.

Desde o dia 1º de abril de 2022 e depois do processo eleitoral, a gente fica mais maduro, mas não mais confiante, porque eu tenho a confiança desde o início de quando assumi em abril, mas posso dizer aqui mais maduro para que a gente possa fazer um trabalho ainda melhor.

 

O senhor saiu-se vitorioso nas urnas enfrentando um antigo aliado no segundo turno. Que avaliação faz do cenário político em São José? Acredita que exista um eleitorado dividido?

Não vejo um eleitorado dividido, mas acho que muitos eleitores ainda não sabiam ou não tinham percebido, até alguns ainda não perceberam até hoje, a divisão desse grupo. É um grupo que ficou por muitos anos junto, aliás do qual eu fiz parte. Não posso dizer que o grupo se dividiu porque não foi metade para cada lado, não foi bem essa a divisão. Tem muito mais pessoas que fizeram parte desse grupo. Eu sou um, Felício é outro, mas tem muitas outras pessoas, afiliados históricos, fundadores do próprio PSDB aqui em São José dos Campos, que hoje estão junto comigo, junto com esse outro grupo que se formou.

Então, acho que o próprio eleitor para ele entender o que aconteceu, para ele entender que realmente houve uma ruptura entre o grupo, ele só foi compreender isso durante o período eleitoral, mas tem pessoas ainda hoje que acham que somos do mesmo grupo. Até porque mais de 25 anos de história não consegue se apagar num período tão curto. Mas acho que o eleitor no período eleitoral ele presta atenção e percebeu que houve uma divisão, e aí ele fez a escolha dele.

 

Após a eleição, o senhor anunciou trocas no secretariado a partir de janeiro. O que o senhor busca com essas mudanças?

Oxigenar. Diz-se que em time que está ganhando não se mexe. Mas tenho esse conceito de que mesmo em time ganhando as propostas são outras, para onde que a gente quer ir, o que a gente precisa corrigir, onde a gente deve focar um pouco mais até para os próximos.

Eu olho para os próximos anos com muita dificuldade do ponto de vista financeiro. Mesmo porque tem uma questão de crise. Posso dar tranquilidade do ponto de vista financeiro, que já tenho essa preocupação, eu já cuido desde o primeiro dia. Desde quando nós assumimos em 2017, com o Felício prefeito, a questão financeira sempre foi algo dentro dos nossos valores e conceitos, de cuidar da coisa pública, mas os próximos anos a gente vai ter grandes desafios.

Seja pela reforma tributária, seja pelas questões municipalistas, pois cada vez mais os governos estaduais e federal vêm atribuindo mais serviços aos municípios e diminuindo os repasses, os recursos financeiros. Então, isso é um desafio para os municípios e principalmente os municípios de médio porte, como é São José dos Campos. Então, esses são grandes desafios que a gente tem. Vamos adequar toda a equipe, aproveitar a experiência de cada um, a oxigenação também da experiência que eles ganharam em algumas pastas e agora indo para outras, como troca. Trazer alguns nomes novos dando oportunidade, principalmente para alguns jovens, para alguns que já estão trabalhando há algum tempo.

Não só atrair novos nomes, mas também dentro do nosso grupo a gente poder fazer o reconhecimento de alguns nomes que já têm uma experiência, mas lógico que estar à frente de uma pasta é diferente, outra responsabilidade. Mas eles têm pelo menos uma experiência que conseguem levar para aquela pasta, para aquela secretaria, mas também mantendo aquela experiência que a gente já tem que já são secretários e ex-secretários que vão continuar trabalhando conosco, que vão estar em outras áreas. As mudanças são para que a gente possa oxigenar e ter a capacidade de ter novas ideias.

 

Por falar em nova equipe, o senhor irá criar uma nova secretaria, de Gestão Habitacional e Regularização. Por que decidiu fazer isso? Acha que no mandato anterior os projetos habitacionais ficaram devendo?

Não acredito nisso, muito pelo contrário. A gente conseguiu fazer com que a parte de Departamento de Regularização Fundiária andasse. Conseguimos organizar e fazer com que ela fosse muito mais ágil. Não acredito que em ser secretaria isso pode dar mais agilidade, mas quando eu olho para o futuro, agora principalmente as ações do governo do estado de São Paulo e do governo federal com relação à habitação, há muitas oportunidades.

Na parte de regularização nós avançamos bastante. Hoje acabamos de entregar a primeira regularização de urbanização e regularização específica. Então a gente fez hoje a primeira em São José dos Campos, No dia 26 de dezembro entregamos lá no loteamento Fênix, na região Leste da cidade. Então isso daí a gente conseguiu ter uma equipe muito coesa. A gente consegue ter um trabalho com a prefeitura, cartório, empresas contratadas para fazer todos os levantamentos altimétricos e topográficos e também juntamente com o Ministério Público e com o Judiciário.

Agora na habitação a gente tem grandes oportunidades para os próximos anos. Quando a gente vê o próprio Governo do Estado de São Paulo, com o governador Tarcísio [de Freitas] tem mais de 100 mil projetos pra colocar à disposição no estado, novas casas. O governo federal também voltou com mais investimentos no Minha Casa Minha Vida. Então, ter a secretaria vai facilitar e eu vou dar uma dedicação ainda mais especial na questão da habitação.

Em São José dos Campos a gente tem um déficit habitacional de pouco mais de 3.500 unidades [moradias]. Não é algo que seja impossível, mas também não é pouco, mas é algo que a gente pode tentar resolver nos próximos anos, principalmente com essas parcerias. Depender só dos municípios ou só do município para construir casas e habitações não se viabiliza, mas se nós conseguirmos fazer essas parcerias, podemos atender a demanda.

Como já temos hoje 1.200 casas em parcerias, temos 200 em licitação pelo CDHU, 150 já assinamos o convênio, 570 com o governo federal já assinando e mais projetos. Então, o que a gente quer com a criação [da secretaria] é acelerar o número de projetos para que a gente possa, junto com o governo federal e estadual, fazer os convênios e parcerias no maior número possível na Minha Casa Minha Vida e no Casa Paulista.

 

Esse déficit de 3.500 moradias é o principal gargalo da área habitacional da cidade?

Sim, com certeza, isso daí é o principal. Lógico que eu quero a regularização, que também faz parte da habitação. Quando você faz a regularização de um imóvel de um lote, de um bairro, você está dando ali a dignidade do ponto de vista da segurança jurídica da habitação. E a gente sabe que o déficit habitacional ele sempre empurra para a questão do clandestino, de se criar oportunistas.

Hoje em São José a gente consegue ter uma fiscalização ágil, até porque nossa cidade é monitorada por satélite. A gente consegue ser muito ágil e fazer com que não surjam novos núcleos informais. A gente consegue combater com muito mais agilidade qualquer início de construção irregular e congelar os existentes, para que a gente possa realmente trabalhar o processo de regularização.

Na habitação a gente tem agora vários critérios de fazer moradias, não maiores do que 84 unidades, em áreas já urbanizadas, onde a gente já tem toda a infraestrutura, mesmo que o terreno possa ser mais caro. Com certeza ele é mais caro, mas você tem um custo menor de investimento do recurso público com relação às melhorias, você não precisa criar nova linha de ônibus, não precisa ficar construindo novas escolas, novas unidades de saúde, água e esgoto, você já tem toda essa estrutura nas áreas urbanizadas. Então, a alteração da Constituição do Estado de São Paulo que foi feita agora recentemente, no ano de 2020, e aprovada em 2022, isso está nos permitindo usar essas áreas institucionais para a habitação.

Então, por isso que tem essa programação, isso vai ter uma dedicação ainda maior para que a gente possa nesses quatro anos, quem sabe, fazer o maior número de habitação em São José dos Campos. E acabando com o déficit habitacional a gente também consegue resolver a questão do clandestino ou dos irregulares, que é onde a pessoa às vezes acaba partindo para esse lado, uma forma que ela pega, uma oportunidade às vezes de comprar algo barato, mas que sai caro do ponto de vista da regularização.

 

E a demanda por regularização?

Quando a gente fala em núcleos, esse número vem se alterando ao longo dos anos. O Santa Cecília, por exemplo, era um e hoje se transformou em cinco. Dessa forma a gente foi dividindo algumas matrículas para facilitar na regularização de alguma dessas áreas. Mas hoje a gente tem em torno de 76 a 80 núcleos que temos em processo de regularização, nós estamos falando em torno de 2.500 a 3.000 unidades.

Contratamos o IPT agora e fizemos um levantamento em dois bairros que são importantes da cidade do ponto de vista da regularização, que eles têm uma particularidade de ter todos os tipos de restrições: deslizamento, área de risco, área ambiental, que são o Chácaras Havaí e o Canindu. Então o IPT fez um levantamento apresentado no mês de outubro, no período eleitoral, e a gente não tornou público, mas vamos fazer isso agora no meio de janeiro, no máximo em fevereiro. Eu posso dizer ali que estamos resolvendo um problema de mais de 300 unidades que já estavam num processo judicial de ação demolitória. Hoje temos a garantia do levantamento feito, pelo IPT, que a gente consegue regularizar e tirando também a questão do risco dessas casas.

Então é importante esse levantamento que a gente faz hoje que é um levantamento detalhado por casa. Antigamente se olhava no morro e classificava como de risco um, dois, três ou quatro. Então hoje a gente está fazendo esse levantamento detalhado, de cada casa, com a ação mitigadora. A gente chega a esse detalhe. Com isso a gente vai conseguir avançar muito na regularização nos próximos anos.

 

O senhor, quando assumiu como prefeito, ficou sem vice. Agora, terá um vice, que é o coronel Wilker. Qual será o papel dele no governo?

Além do papel do vice, de ajudar em representar a nossa cidade, em participar de eventos oficiais, ele também vai assumir toda a parte de projetos estratégicos. A gente tem a parte de projetos especiais que hoje é o Alexandre Blanco quem faz, mas o Wilker vai assumir a parte de projetos estratégicos, principalmente quando a gente fala da questão da tecnologia dentro da administração pública.

A gente tem como meta fazer uma transformação na administração, desburocratizar a máquina e deixar cada vez mais que o cidadão tenha uma facilidade com o uso da máquina, da tecnologia em relação ao poder público. Então desde um totem dentro de um shopping com serviços da prefeitura, onde de forma fácil e didática ele consegue lá fazer consulta do seu IPTU, imprimir um boleto, enfim, ele consegue ter qualquer tipo de consulta ao município, até os aplicativos no celular.

Então a gente usar bem da tecnologia, principalmente voltado para área da saúde, com uma gestão melhor, mais rápida e eficiente na questão dos nossos atendimentos, para gente saber nossas demandas. Se aumento minhas consultas nas UBS eu tenho um impacto direto e rápido nas minhas consultas de especialidades. Se tenho consulta de especialidade, eu estou aumentando e vou ter um impacto direto em realizações de exames, para que possa ter retorno. Então, tudo isso tem que ficar muito bem conectado.

A gente vai fazer algumas mudanças com todo esse recadastramento que a gente está fazendo de todos os pacientes nossos de São José dos Campos. Para que a gente possa melhorar ainda mais e o Wilker vai ser o responsável por toda essa questão estratégica, juntamente com o controle interno, que é onde ele já tem uma experiência. Junto com o Jhonis [Santos] que é o secretário de Governança, que vai cuidar da parte institucional, interna e externa, quanto das secretarias. O Wilker vai ter essa missão dos projetos estratégicos importantes para a cidade.

Comentários

2 Comentários

  • Marco Norbert 5 dias atrás
    E o calote ,o rombo,a dívida da prefeitura? Vai aumentar até falir o instituto de previdência? É esse o projeto de eficiência de vsa excelência?
  • Salomão de Lima 5 dias atrás
    Péssimo gestor, São José vai amargar mais 4 anos infelizmente.