A Unitau (Universidade de Taubaté) celebra os 50 anos de história nesta sexta-feira (6), às 19h, com uma cerimônia solene para convidados no Departamento de Ciências Jurídicas, em Taubaté. A data também foi celebrada em diversos eventos ao longo do ano, especialmente para os funcionários.
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No entanto, um dos principais presentes que a professora doutora Nara Lucia Perondi Fortes, 59 anos, reitora da Unitau desde 2019, quer dar à instituição é uma parceria com o governo federal para custear vagas para alunos de baixa renda.
A proposta é discutida com o Ministério da Educação no âmbito do grupo das Universidades Municipais do Brasil, em cujas associações Nara faz parte. Após interromper o debate em razão da eleição municipal, a discussão será retomada no começo de 2025.
“A proposta entregue ao vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, que é ex-aluno, ao ministro da Educação, Camilo Santana, na qual as universidades municipais do Brasil oferecem 30% das vagas de todos os seus cursos para serem custeadas pelo governo federal”, disse a reitora em entrevista exclusiva a OVALE.
“O governo não precisa vir aqui e criar uma Universidade Federal, construir prédios, contratar professores, abrir laboratório. Ele já tem uma universidade municipal que pode oferecer vagas para alunos carentes, que tenham dificuldades de pagamento, que querem fazer um curso que tem um custo mais alto, como Medicina, Odontologia, Engenharia, Direito, enfim, Arquitetura.”
Antes de terminar seu mandato, em meados de 2026, Nara também pretende promover uma reforma administrativa na Unitau, que já está em discussão, e continuar atualizando a universidade para as novas demandas de mercado. O foco, segundo ela, é sempre manter o ensino de qualidade. “Então, é muita coisa que a gente fez e ainda tem para fazer, mas sempre na direção da qualidade de ensino”, afirmou Nara.
Confira a entrevista na íntegra.
Como foi a carreira da senhora na Unitau?
Eu tenho 31 anos de Unitau. Vou fazer 32. Eu comecei como professora no Departamento de Ciências Agrárias, no curso de Agronomia, e lá fiquei como pesquisadora. Eu me formei em Biologia bacharelado, mas também com a possibilidade de licenciatura no Rio Grande do Sul. Eu sou gaúcha.
Em 1992 e 93 eu concluí meu mestrado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na Agronomia. Fiz toda a minha trajetória na Agronomia, inclusive meu doutorado foi na Unesp, em Botucatu (SP), também na Agronomia. Toda a minha área de pesquisa era em doenças de plantas. Então eu vim para Taubaté.
Meu marido já estava aqui, ele é ex-aluno da Unitau na Agronomia. Ele já estava aqui. Quando eu cheguei, tinha um professor da minha carreira e da minha área que passou no concurso de uma estadual, em Botucatu. E aí a vaga abriu e era justamente na minha especialidade. Então acho que foi o destino, como dizem. Acabei entrando. Na época, a gente entrava como colaborador e depois fazia o concurso. Eu fiz o concurso e passei.
E como foi a entrada na área da gestão?
Depois de dois anos eu já vim para a administração e fiquei por 20 anos trabalhando na Comissão do Vestibular. Eu falo que ali é uma grande escola, porque, além de você trabalhar o futuro aluno, você também trabalha quando ele ingressa, quando está na universidade e você ainda conhece todos os cursos, porque você tem que falar dos cursos. Você conversa e conhece toda a universidade.
Depois eu fui presidente e você também participa e participei muitos anos na coordenação das provas. A gente tornou o vestibular extremamente profissional. Coordenei vestibular de até 12 mil alunos, que parava Taubaté, não tinha mais hotéis, a gente tinha que fazer até alojamento para aluno, para receber alunos do Brasil inteiro. Veja como o ensino mudou, o ingresso, as possibilidades de ingresso pelo Enem, as universidades que aumentaram, as faculdades, centros universitários, enfim hoje é outra realidade. Depois da minha trajetória na comissão, assessorei muito as pró-reitorias.
A senhora já gostava de administrar?
Engraçado que eu não sabia que tinha essa característica de trabalhar na gestão, na administração, porque toda a minha formação era em curso de graduação, quatro anos integral, e ele levava a gente muito para a pesquisa, para pesquisador, muito para essa área de pesquisa, de laboratório, de campo também.
Mas quando eu vim e comecei a trabalhar nas pró-reitorias foi despertando. De lá eu fui, junto com outros professores, a segunda presidente da iniciação científica, que hoje é o Cicted [Congresso Internacional de Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento]. Nós que criamos dentro da universidade a iniciação científica com congresso, com evento, fazendo toda a unificação desses trabalhos que estavam soltos. Desses 50 anos da universidade, eu fiz parte de 31. Foi meu único emprego, sou apaixonada pela educação e pelos desafios da educação.
Quando a senhora se aproximou da reitoria?
Fui convidada em 2010 para pró-reitor estudantil e foi no auge ali onde o governo federal estava oferecendo e implantando o Fies, e a Universidade de Taubaté como uma autarquia conseguiu registrar. Para a universidade e para os alunos foi um momento muito importante. Eu participei disso, foi na pró-reitoria que eu coordenava.
Depois eu fui, em 2014, na gestão do professor José Rui Camargo, convidada para a Pró-reitoria de Graduação, que foi uma grande escola também. O desafio de pró-reitora de Graduação na Universidade de Taubaté com 40 cursos, com os campus na cidade, o desafio foi muito grande. E ali a gente estava trocando de sistema, era o primeiro ano da semestralidade, porque a universidade tinha uma característica de cursos anuais. Foi um grande desafio, os projetos pedagógicos todos revistos, oferecimento de curso novo, novo sistema, concurso de professores efetivos, progressão na carreira, isso tudo eu fiz parte e coordenei. Nada e nunca foi sozinha, mas esses grandes desafios eu estava presente. Em 2018, veio o desafio da reitoria.
E como ele foi?
Participei de uma eleição com cinco candidatos. Eu era a única mulher candidata a reitora, e fui eleita pelos três segmentos, consulta, conselho e escolhida pelo prefeito à época. E ainda fui para a reeleição, mas no primeiro mandato eu tive um grande desafio, que foi a pandemia. O mandato é de quatro anos e meu mandato acaba em julho de 2026. E aí acho que a gente encerra.
A pandemia foi o pior dos desafios?
Foi o pior, porque uma universidade tem a característica do presencial. E aí quando você recebe um ato do governo estadual dizendo que o estabelecimento a partir de segunda-feira estará todo fechado, como você vai manter 1.100 famílias que dependem da mensalidade? O que você faz com isso? Isso foi para mim, e ninguém sabia [o que ia acontecer]. Nós nos reunimos nesta sala [da reitoria] e começamos então, naquele dia, a resolver o que fazer.
Hoje temos uma modalidade que é o nosso sistema legal de aprendizado, que era complemento do presencial. Nós colocamos isso em uma semana. Todas as aulas online com a presença do professor, que se chama de aula síncrona. E aí a gente colocou, mas imagina você colocar todos os professores online, com as ferramentas que a gente tinha, todas as disciplinas e os professores que sabiam dar aula presencial e tinham que transformar esse conteúdo.
A Universidade de Taubaté, neste momento de desafio, eu vejo assim, ela está de parabéns, porque os professores, ao mesmo tempo em que a gente soltou um ato que faríamos isso com a ajuda de alunos, funcionários e professores, começamos em menos de 10 dias as aulas. Nós seguimos o calendário. A gente sempre foi seguindo tudo o que os governos federal e estadual, e principalmente o Estado, faziam de regras. A gente cumpriu tudo.
Vocês tiveram perdas? Paralisaram projetos?
Teve aquele momento que foi realmente o pico da pandemia, mas depois autorizou as aulas práticas e nós preparamos os laboratórios, os professores, com todos os EPIs, com todos os cuidados. Nós tivemos perdas sim, mas as perdas eram dentro, infelizmente, da estatística. Quando voltamos, o desafio era o medo, as pessoas passaram por isso. E mais um desafio e a gente seguiu.
Abrimos um campus novo, que é o campus de Caraguatatuba, que foi inaugurado no segundo mandato, mas que foi criado no primeiro mandato. Cursos novos como Medicina Veterinária, a construção da clínica de Medicina Veterinária, cursos outros na área de Exatas, na Comunicação Social. Enfim, a gente foi melhorando a infraestrutura e nós tivemos um avanço. Nós também fizemos um investimento de R$ 9 milhões em tecnologia. Imagina você ter um campus único, você coloca o wi-fi ali naquele campus, mas você tem 20 campus e ter que colocar e levar a comunicação e a tecnologia, o custo é muito mais alto.
E quando a pandemia passou, como foi?
Depois da pandemia, acho que a gente preparou e participamos da discussão do novo ensino superior. Eu faço parte das grandes associações das universidades, da Associação das Universidades Municipais do Estado de São Paulo, da qual sou vice-presidente. O mesmo cargo na Associação das Universidades Municipais e Estaduais do Brasil. Essas discussões estão latentes, diárias e contínuas, e isso é muito bom. Uma coisa que eu vejo da Universidade de Taubaté, nesses seis anos e pouco, é o quanto a gente conseguiu avançar.
Nós já temos uma tradição, somos conhecidas e respeitadas. Temos mais de 100 mil alunos formados aqui, mas o quanto a gente conseguiu fixar muito mais a nossa marca, o respeito pela nossa instituição, pela história. Eu participo e estou sempre presente em todas as discussões, e isso valoriza muito mais a universidade. Hoje você chega em qualquer evento e é reconhecida, você tem um ex-aluno que ou está fazendo reportagem ou está fazendo cerimonial, ou ainda é o prefeito, a secretária municipal, isso é muito bom.
Nós acompanhamos as eleições municipais e o quadro que está se formando, a equipe em Taubaté, todos que foram escolhidos pelo prefeito eleito foram formados na Unitau. Para a gente é um orgulho. E essa trajetória toda de melhorar a infraestrutura é importante. Hoje o nosso aluno tem outro conceito de sala de aula. Ele vem para a universidade e quer se sentir acolhido, então isso termos trabalhado muito na formação de professores.
O que tem sido feito?
Temos muito trabalho nos espaços de convivência. As bibliotecas vão passar agora por um novo layout, porque a biblioteca hoje é um lugar do diálogo, porque os livros estão todos online, as plataformas todas da Unitau. Mas ele quer encontrar, quer discutir, quer falar, então vai ser um projeto para 2025, um modelo. Dos prédios da universidade, temos três prédios com leis autorizativas para a venda. A gente quer melhorar e ampliar o campus Bom Conselho. Então, é muita coisa que a gente fez e ainda tem para fazer, mas sempre na direção da qualidade de ensino. A concorrência está aí, é legítima, mas a escolha do aluno é pelo futuro dele, então qual é a linha da universidade: é qualidade de ensino, uma boa formação.
Hoje o aluno não é só sala de aula. A gente precisa sim do conhecimento teórico. A partir do conhecimento teórico você consegue desenvolver toda a sua área prática e ser uma pessoa, o seu diferencial. Mas ele está muito aliado hoje com as práticas e a universidade vem investindo em tecnologia. Hoje nós temos laboratório de simulação na área de saúde. O aluno faz todo esse treinamento antes de ir para as UPAs, para as unidades da saúde, para os hospitais, clínicas. As nossas clínicas atendem mais de 20 mil pacientes do município e da região, na clínica de Fisioterapia, Odontologia, Nutrição, Psicologia, no nosso escritório jurídico, a nossa clínica de estética. A prestação de serviço da universidade no município é fundamental.
Qual o papel da universidade para Taubaté e a região?
Tem uma questão que eu sempre falo, inclusive falei muito para o prefeito que está deixando a gestão e agora muito para o que vai assumir, para a Câmara, onde a gente discute isso muito nas nossas reuniões de reitores. A característica das universidades municipais e estaduais é que elas estão no interior dos estados. E aonde tem uma universidade e ela tem o tripé e o pratica, com ensino, pesquisa e extensão, ela melhora a qualidade de vida do município e da região, ela transforma, ela cria oportunidades. E é um privilégio. A gente fala isso mesmo de ter uma universidade. É diferente de ter um polo de ensino à distância naquela cidade. Você tem uma universidade, na qual se pode fazer pesquisa, você tem a participação na comunicação da comunidade, um trabalho de extensão em parcerias e o ensino de qualidade.
Então você faz aquela devolutiva para a sociedade de um profissional apto, capaz. Essa troca é muito importante. É nesse sentido que nós das universidades participamos da vida do munícipe e do município, com o crescimento.
Hoje como está o orçamento da Unitau? A Prefeitura de Taubaté coloca algum dinheiro? Quais as perspectivas para 2025?
Acho que é importante a gente deixar isso muito claro que a Universidade de Taubaté se mantém com a mensalidade de alunos. Isso é fato. Para 2025 temos um orçamento previsto de R$ 222 milhões, nós vamos finalizar o nosso orçamento esse ano na projeção com R$ 190 milhões e pouco, ainda estamos na projeção do final [do ano], finalizando as nossas compras, enfim, finalizando contas que têm que pagar. Hoje também é importante a universidade estar sustentável. Ela deu um aumento de 8% aos funcionários, ela fez a progressão na carreira, ela investiu e está concluindo com R$ 50 milhões com contratos e investimentos.
Ela presenteou os funcionários com o cartão de R$ 500 nos 50 anos, que pode ser usado na alimentação, e eles ficaram muito felizes. A gente vai fazer o cartão agora de Natal que a gente entrega no mês de janeiro, no valor de R$ 700. Mantemos salários em dia, 13º, férias, licença prêmio, sexta parte. Hoje a Universidade de Taubaté é saudável e se mantém com a mensalidade de aluno, e ainda tem a concorrência, que nos preocupa sim, por isso eu falei que o aluno hoje quer uma profissão, uma formação sólida e procura por qualidade, e é isso que a gente trabalha, com qualidade. A receita da universidade é o aluno. Nós não temos nenhuma ajuda do poder federal, estadual e municipal. Nenhum repasse.
O que acha da ideia de federalizar a Unitau?
Estamos trabalhando no grupo das Universidades Municipais do Brasil com uma proposta já entregue ao vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, que é ex-aluno, ao ministro da Educação, Camilo Santana, na qual as universidades municipais do Brasil oferecem 30% das vagas de todos os seus cursos para serem custeadas pelo Governo Federal, que não precisa vir aqui e criar uma Universidade Federal, construir prédios, contratar professores, abrir laboratório. Ele já tem uma universidade municipal que pode oferecer vagas para alunos carentes, que tenham dificuldades de pagamento, que querem fazer um curso que tem um custo mais alto, como Medicina, Odontologia, Engenharia, Direito, enfim, Arquitetura. Ele tem essa possibilidade de ter um curso gratuito custeado pelo Governo Federal.
Esse processo está sendo discutido. Nós demos uma parada por conta das eleições, mas nós vamos retomar no mês de fevereiro, março, já estamos com reuniões pré-agendadas. Esse seria o ideal.
Esse modelo já é praticado com sucesso no estado de Santa Catarina. Quem custeia todas as universidades confessionais sem fins lucrativos e uma universidade municipal que tem na cidade de Blumenau é o governo estadual de Santa Catarina. Ele tem essa visão e faz essa formação para as universidades. Ele não abre universidades, mas possibilitou, com verba estadual, a ampliação do ensino superior, que é uma meta prevista no Plano Nacional de Educação.
Então, a proposta de federalizar a Unitau está descartada?
É melhor a opção das vagas, porque não muda nada. Esse exemplo de Santa Catarina, inclusive, eu levei para o governo do estado de São Paulo. Eu entreguei o projeto via Conselho Estadual de Educação. Veja bem: uma universidade com 1.100 servidores efetivos, esse patrimônio todo, como ficará? Os aposentados, o IPMT, o que vai acontecer com o instituto? Por que o governo federal vai federalizar se ele pode usar a infraestrutura e cumprir o Plano Nacional de Educação, que é o ensino gratuito, uma porcentagem desse ensino, e ele atende não só Taubaté, mas atende toda a região.
Eu acredito nessa pauta e, na eleição, procurei a candidata [Loreny] que estava propondo, nós conversamos e ela acreditava que a universidade tinha que se posicionar, e foi isso o que ela fez. A gente respeita. Somos universidade e a pluralidade é o que prevalece aqui. Então, ela fez a parte dela, mas eu posso falar que vai ter uma dificuldade. Como que isso vai se concretizar? Então, nós já temos esse projeto escrito, com [menos] impacto financeiro para o governo.
A pauta que eu posso falar com segurança é essa que estamos trabalhando. E tem outra questão que tanto o nosso jurídico, como o corpo de professores advogados, professores do Direito, que depois de dois anos nós teríamos todos que fazer concursos, porque nós somos funcionários municipais. Então essa seria uma dificuldade, isso era uma preocupação dos nossos servidores. Então tem uma série de questões que não teve uma discussão ampla com soluções. Mas como teve outro candidato que ganhou e que não tinha essa pauta, a gente agora continua com o nosso projeto.
Na proposta, esse percentual de 30% dos cursos pode ser ampliado?
Sim, isso pode ser ampliado. O que o governo achar que precisa. A universidade não visa lucro. Se ele custear o ensino, o que a gente quer é que o aluno tenha uma formação, isso é o que a gente trabalha. Nós não somos um mercado, não estamos na bolsa de valores como muitas. Então, é isso o que a gente tem colocado para o governo. Essa é uma questão que foi lançada, esse projeto, quando fizemos o encontro das universidades municipais em julho do ano passado aqui em Taubaté. A universidade tem pautado sempre essas ações, e agora deve voltar a retomar essa conversa, com certeza. Estamos nos preparando para o começo do ano que vem fazer toda a nossa programação.
As universidades estaduais já têm uma sede em Brasília e agora as municipais também. Nós temos uma sede da Associação das Universidades Municipais do Brasil. Nós temos 48 associadas e são em torno de 60 universidades municipais no país. Nós temos trabalhado muito com isso.
O que significa para a senhora esses 50 anos da Unitau? Como a universidade mira os próximos 50 anos?
É extremamente importante haver uma instituição sólida, e eu tenho que parabenizar aqueles que tiveram a brilhante ideia de em 1974 unificar as faculdades como universidade, quando teve a criação da nossa universidade. Passamos por vários percalços, mas como eu falei e reitero a sustentabilidade financeira, a sustentabilidade ambiental e a qualidade de ensino. Isso foi o que a gente trabalhou e trabalha muito, e é o que ela tem que seguir.
Temos nove programas de mestrado reconhecidos pela Capes, que é o órgão fiscalizador de qualidade de ensino de pesquisa, então uma universidade que tenha programas de mestrado e doutorado, e nós também temos pós-doutorado, é a certificação de curso de graduação com qualidade. Então nós só conseguimos ter todas essas certificações porque nós temos o ensino de graduação com qualidade. É nesse sentido da qualidade de ensino que a gente trabalha, diversidade de cursos, o diálogo com a comunidade, porque nós temos um diálogo tanto com a indústria, com comércio, com pesquisa, com órgãos de pesquisa, com institutos de pesquisa, para saber qual é o profissional que empresas públicas e empresas privadas estão buscando, que profissional é necessário hoje? Quais são as habilidades e competências? Então esse diálogo é importante.
A Unitau vai crescer?
Então é um crescimento da nossa universidade, é o crescimento em ensino à distância com qualidade, que é o diferencial da Universidade de Taubaté. Temos o EAD [Ensino à Distância] da Unitau, mas com algumas exigências que são algumas disciplinas, algumas atividades presenciais. Então por isso é que precisa ter uma sede, que é o que a universidade tem na educação presencial. Nós podemos diversificar o ensino, mas ele é presencial, mas o perfil do aluno Unitau é presencial quando ele escolhe a modalidade presencial. Já o perfil do aluno à distância é EAD. A gente tem isso muito claro, e eu acho que isso é uma questão importante, porque ele sabe o que está escolhendo.
Enfim, a Unitau é uma universidade que prima pela qualidade. Então nós temos projetos de cursos novos para 20 25 que já estão sendo divulgados, já com inscrição, que é a Inteligência Artificial. Temos também a Fonoaudiologia, ensino de Design Gráfico, temos Design dos Interiores. A gente vem trabalhando nisso, porque isso é a universidade.
Nesses 50 anos, a Unitau formou gerações de alunos e também contou com gerações de professores. Como a Unitau se adapta e está atenta às orientações de mercado? Como é que ela abre um curso novo?
Na nossa gestão criamos a coordenadoria de Marketing, que faz essas pesquisas, que faz esses estudos do mercado. Ela está sempre se atualizando junto aos órgãos de discussão do ensino superior. Nós temos um sindicato das mantenedoras das universidades de São Paulo que oferece todos esses estudos que eles preparam, que faz essa formação. E aí o marketing faz essa prospecção.
Uma questão importante é que os professores também estão chegando e cumprindo a sua jornada. Muito deles estão aposentado e estamos com processos de concursos públicos para sempre. Paramos na época eleitoral, conforme a legislação, mas nós estamos com concursos públicos abertos, porque a gente tem que fazer essa passagem. Uns seguem e vão para outro ciclo, de aposentado, outra jornada e escolha, e outros estão entrando. Isso está acontecendo em todos os cursos. Então a gente tem feito sim e tem uma formação. Temos isso já consolidado na universidade.
Isso ficou muito consolidado na nossa gestão nesses últimos seis anos, que é a progressão na carreira. Então, nossos professores que estão aqui eles passam por uma progressão. Nos três anos de estágio probatório, aí depois vai se qualificando e vai então progredindo na carreira até titular, que é onde eu cheguei e consegui depois de 31 anos. A gente pode chegar até o pós-doc. Então vamos fazendo essa troca dos professores que vão se aposentando, vai abrindo a vaga e nós vamos concursando e vamos fazendo a formação do professor. Esses professores vão fazendo essa reciclagem, trazendo essa nova discussão do ensino superior, um novo ensino superior, as melhorias.
E nós, duas vezes ao ano, temos uma formação. Nós paramos antes do início das aulas e fazemos essa formação, essa discussão que é um programa que se chama Profoco [Programa de Formação Continuada]. A gente faz essa formação, faz essa discussão, sempre procura trazer profissionais também externos, porque a troca é fundamental. Os nossos professores participam muito de congressos, de eventos, de bancas de mestrado e doutorado fora da universidade. Isso é fundamental para formação e qualidade de ensino. A universidade é um organismo vivo e faz todas essas trocas.
A Unitau é uma empresa de grande porte. Como é a rotina da senhora à frente dessa instituição e quais são os desafios?
É uma rotina. Hoje, por exemplo, eu vou ao Crea [Conselho Regional de Engenharia e Agronomia] receber o prêmio de qualidade de ensino. Na semana passada, eu fui representar a Abruem [Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Municipais] numa premiação na qual foram premiadas as editoras universitárias. Nós temos um centro da Unitau Sustentável, que faz toda a discussão da sustentabilidade ambiental. Nós fizemos um congresso e a gente vê quanto utilizou de carbono, e aí a gente faz o plantio de árvores. Na universidade, os municípios apresentaram os projetos sustentáveis e a universidade foi escolhida para avaliar esses projetos. E depois dessa avaliação nós fomos convidados para entregar o prêmio. Essa é a parte boa.
Você tem desde obras até a matriz curricular, e muita reunião. Todo mundo gosta de conversar. A participação da universidade na comunidade. A Operação Padroeira foi um sucesso. A universidade participou com cinco pontos na Operação Padroeira, nós temos um programa de consolidado. A feira de profissões, o maior Congresso Internacional na região aqui no Vale é nosso. Isso tudo demanda reuniões, preparação, claro que eu tenho uma equipe muito grande, de pessoas extremamente competentes. Hoje eu falo assim que, realmente, nós temos um alinhamento. Acho que a universidade, a gente aprendeu com a pandemia, com as dificuldades. Hoje temos um alinhamento e todos sabem onde a universidade tem que ir, como ela tem que ser.
Temos aí um desafio que é abrir a clínica de Medicina Veterinária ao público, e estão todos focados. Tivemos que abrir o campus de Caraguá, todos focados. Estou indo no campus Caraguá para a sexta turma de Medicina. São 300 alunos. É um sucesso e o aluno não foi lá e só ficou dentro de sala de aula. Os alunos participam das atividades de saúde na praia, no município, na UPA, nos hospitais. Eles mudaram a cidade, e esse depoimento foi do prefeito.
Qual o segredo?
Isso tudo exige dedicação, gostar do que faz, e eu gosto. Acreditar no projeto, e eu acredito. E equipe competente. Então acho que são essas coisas que eu tenho, a Unitau tem e pode contar. É um desafio diário, cansativo e não são só flores. Mas a gente tem essa equipe junto. Eu sempre falo que nós nos damos as mãos e vamos.
A senhora decide sozinha ou passa por conselhos?
Na universidade nunca é individual. Temos decisões que nós podemos tomar. Eu poderia tomar individualmente. Mas eu chamo sempre os meus pró-reitores, temos respeito e passo tudo pela procuradoria jurídica, tenho cinco procuradores. Então, respeito o parecer jurídico e tudo o que compete aos meus conselhos. Nós temos três conselhos: conselho de ensino e pesquisa, conselho administrativo e o conselho universitário. Levo todas as pautas para o conselho. Sou extremamente transparente na colocação, e isso faz uma troca de confiança e transparência que possibilita uma gestão muito mais colaborativa e fácil, mais fácil de a gente conduzir. Nem sempre concordamos, mas sempre chegamos num denominador final.
A senhora é a reitora dos 50 anos e tem mais dois anos de mandato. O que tem como meta nesse período?
Temos que terminar todos esses projetos ainda. A clínica já está pronta e estamos agora buscando aos órgãos reguladores, mas ela está pronta para abrir, construída e mobiliada. Caraguá já estamos ampliando, e já está consolidado. Temos uma perspectiva de ampliar mais uma campus em Cruzeiro e estamos trabalhando para isso. Será na área de saúde, exatamente pela construção do Hospital Regional [do Vale Histórico e Vale da Fé]. Por isso a Universidade de Taubaté foi convidada a participar. Estamos trabalhando para esse projeto. E temos um projeto ainda para a nossa gestão que é a ampliação do campus Bom Conselho, com o oferecimento de mais outros cursos que têm demanda na área de saúde. Temos um campus de Exatas.
Nós fizemos na nossa gestão colocar cursos similares ou da mesma área para estarem juntos. Isso facilita reorganizar. A gente tem feito a reorganização dos departamentos, já foi aprovado dos departamentos e institutos.
Nós estamos trabalhando na reforma administrativa que é um grande desafio que a gente quer ver se consegue consolidar, para melhorar a carreira do professor, a progressão na carreira. Tem muitos cargos nos departamentos que precisa modernizar. Nós estamos trabalhando nessa questão que é uma nova estrutura da universidade. Outras profissões e outros cargos, porque já tem 50 anos, então temos que melhorar. Há outro projeto que já iniciou e que está sendo trabalhado muito com os professores e diretores na área de exatas, que é a formação do engenheiro.
Como isso é feito?
A nossa região é industrial, com a Embraer, indústrias se instalando e perspectiva de crescimento. Inovação é o grande desafio. Inovação e tecnologia em todas as áreas. Essa é a área de grande discussão nesse momento, na área de Exatas. Então esse também é um projeto. Consolidar isso tudo é um desejo e a meta é entregar a universidade ao próximo gestor e que ela continue sendo sustentável, que ele não tenha problemas financeiros, que ele possa desenvolver o projeto para qual ele foi eleito, de uma forma democrática, de uma forma linear, dando tranquilidade e fazendo uma transição aberta e transparente. Então eu penso assim, de trabalhar na continuidade da nossa universidade.
A senhora já conversou com o prefeito eleito de Taubaté, Sérgio Victor? Qual a expectativa?
Nós já trabalhávamos juntos com ele como deputado, trazendo emendas, trabalhando. Ele é uma pessoa extremamente acessível, inteligente, para frente. Uma pessoa de diálogo fácil, então a gente tem conversado. Nós não nos encontramos pessoalmente depois de eleito. Antes, sim, ele veio aos nossos debates, foi participativo, procurou saber o que a universidade faz, como faz. E agora a gente tem conversado muito também colocando as questões e eu disse, deixei muito claro, que nós temos questões que são da universidade e da prefeitura, como o Hospital Municipal.
Qual é a proposta da Unitau para o HMUT?
Temos que conversar porque temos proposta, queremos trabalhar juntos. Nós temos professores, alunos e 68 residentes médicos gratuitos para o município, para continuar municipal com pelo menos a parte da faculdade. O desejo da universidade seria estadual, como estava antes. Vamos agora trabalhar com o prefeito, a proposta dele e ele está muito aberto e nós também. Estou muito otimista. A gente tem essa questão de ciência e tecnologia que são uma fundação que presta serviço para a prefeitura. Nós temos uma fundação que hoje faz a gestão de todo o ensino integral de creche, com 22 mil alunos da prefeitura com a fundação da Unitau. A escola de aviação quem faz a gestão no município é a nossa fundação. Temos muitos projetos para trabalhar. Nós podemos trabalhar no plano diretor da cidade, que a universidade pode fazer. Então tem muita coisa e ele sabe disso. Temos conversado.
A questão realmente é de trabalho, de parceria. Então eu estou muito otimista. Creio que ele gosta muito da universidade. Até agora os secretários [que ele apresentou] são ex-alunos que conhecem a nossa instituição. Então, eu vejo assim: muita tranquilidade no trabalho. E que o prefeito eleito tenha tranquilidade e segurança que nós, a Universidade de Taubaté, estaremos juntos para melhoria e a qualidade de vida para o avanço de Taubaté. Estamos juntos no trabalho. Então a gente já caminha.
Depois de 50 anos, como unir tradição e inovação?
Como que eu trato os cursos que são tradicionais na área de saúde, mas hoje têm uma inovação tecnológica para formação. Você consegue trabalhar com os alunos e fazer uma entubação que não precisa ser no paciente, já é com tecnologia. Então você tem hoje tecnologias e ferramentas para isso. Isso a universidade tem que ter. A universidade está adquirindo em 2025 duas ambulâncias, mas não ambulância móvel, e sim dois simuladores de ambulância. Eu tenho essa tecnologia em todas as áreas. Na pesquisa é a mesma coisa, nós temos que trabalhar com o conhecimento teórico aplicado com as novas tecnologias e o que demanda o mercado.
São profissionais atualizados e nas universidades que são tradicionais eles têm que estar sempre atualizados. É a formação e o conhecimento aliados, nós não podemos ter medo da tecnologia. Nós temos que ser aliados a isso. Hoje nós temos um hub de inovação, onde os nossos alunos e professores podem, na engenharia, desenvolver atividades e serviços na área de tecnologia e inovações. Esse é o papel da universidade.
Para a senhora, o que é ser reitora da Unitau?
Ser Unitau é amor, dedicação, entrega.
Já pensa em preparar o término da carreira?
Eu vou terminar o meu ciclo. Acho que posso me aposentar e pensar em outros projetos. A universidade tem a fundação, tem empresa, tem fazenda, rádio, tem produtora de conteúdos. Ela é muito grande. Ser Unitau é dedicação, é orgulho.
Perfil
Nara Lucia Perondi Fortes, 59 anos
Casada, com uma filha
Natural do Rio Grande do Sul
Números da Unitau
Cerca de 10 mil alunos (do Colégio UNITAU à pós-graduação - mestrado e doutorado)
Mais de 1000 servidores: professores e técnico-administrativos
Quase 40 cursos de graduação (presenciais e EAD)
Pós-graduação: 9 mestrados/ 2 doutorados/ pós-doutorado/ Residência Médica/ mais
Mais de 20 cursos de extensão
2 campi: Taubaté e Caraguá
Mais de 30 polos EAD (SP, RJ, Minas e Mato Grosso do Sul)