O Advento, que começa neste domingo, é um memorial do Senhor feito homem, uma liturgia de preparação para a vinda do Senhor mais outra vez neste Natal. Este primeiro domingo do Advento nos faz um convite à vigilância e esperança, à oração e mudança de atitudes. Predomina na Liturgia um espírito penitencial de pedido de perdão dos pecados e conversão de vida a fim de prepararmos bem a casa do nosso coração para nela instalarmos o presépio do Senhor. O que agrada a Deus, como é sabido, é um coração humilde e arrependido, mãos cheias de boas obras, pés na estrada testemunhando a fé e esperança. Para expressar esse espírito penitencial o ambiente litúrgico é de circunspecção revestido da cor roxa, sem o canto do Glória nas Missas dominicais nem o altar cheio de flores e enfeites. O tempo litúrgico convida à confissão sacramental e estimula à prática do bem. A alegre expectativa da vinda do Senhor renova a esperança. O Senhor que vem trará os seus dons. Na coroa do Advento, com as quatro velas, neste primeiro domingo do Advento acende-se a da cor roxa, símbolo da penitência.

As leituras bíblicas da santa Missa deste domingo nos reportam à lembrança das realidades últimas do fim dos tempos. Nelas o foco central está na segunda vinda do Senhor Jesus. Uma segunda vinda que nos pede a vigilância para estarmos bem-preparados para esse dia. No Evangelho, que é de São Lucas 21,25-28.34-36, Jesus diz que sua última vinda será pré-anunciada por sinais no sol, na lua e nas estrelas. Todos verão o Filho do Homem chegar com grande poder e glória. Diante dEle todos deverão erguer a sua cabeça porque como justo juiz virá trazer a salvação para os que, vigiando, se precaverem da gula, embriaguez e preocupações da vida de tal modo que esse dia não caia de repente sobre eles. Portanto, afirma Jesus, fiquem atentos e orem a todo momento, a fim de que tenham força para escapar de tudo isso e estar de pé diante desse Filho do Homem quando Ele vier. Na primeira leitura da santa Missa, Jr 33,14-16, Jeremias aparece anunciando os sinais dessa primeira vinda do Senhor: "Nesses dias, nesse tempo, farei nascer de Davi um rebento legítimo, que exercerá o direito e a justiça na terra". À luz dos sinais de Jesus: seus ensinamentos, sua vida, paixão, morte e ressurreição, saberemos interpretar todos aqueles sinais que apontam para nós que a cada dia que passa estamos mais perto de Deus, e compreendê-los sem perdermos a fé e a esperança, com temor mas sem tremor. Como a nossa vida terrena é breve, pois tudo passa rápido, a vigilância não pode esperar. Precisamos pessoalmente estar sempre preparados, atentos aos sinais que com a nossa idade indicam para cada um de nós que o Senhor está próximo, ou melhor, nós é que a cada dia mais nos aproximamos dEle. Na segunda leitura, 1Ts 3,12-4,2, São Paulo ensina que agradar a Deus equivale a progredir sempre mais no amor mútuo e para com todos: "Irmãos, que assim o Senhor confirme os vossos corações numa santidade sem defeito aos olhos de Deus, nosso Pai, no dia da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, com todos os seus santos.

Não nos preocupemos com os sinais espetaculares da segunda vinda do Senhor, dia e hora que ninguém sabe. Acautelemo-nos com os falsos profetas, os adivinhos das bolas de cristal, os astrólogos das adivinhações da história, da vida, do futuro pela pseudociência dos astros. Jesus nos alertou para os sinais que acontecem na vida de cada um de nós. Quem como eu já entrou nos 80 anos sabe que não terá muito mais tempo de vida pela frente, quando os sinais do peso da idade já começam a aparecer. Portanto, "Vigiai e orai porque o Senhor está bem perto".