TRAGÉDIA

‘Quero justiça', diz mãe de Karina, a jovem autista morta no Vale

Por Xandu Alves | Taubaté
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução / Redes Sociais
Dora Silva e a filha Márcia, morta de forma violenta em Taubaté
Dora Silva e a filha Márcia, morta de forma violenta em Taubaté

Entre lágrimas e desespero, Dora Silva cobra justiça para quem violentou e tirou a vida da filha dela, a jovem Márcia Karina, 25 anos, encontrada morta em um terreno baldio de Taubaté na manhã de quinta-feira (28), com parte do corpo carbonizado.

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“Eu quero justiça, porque isso não se faz com uma criança”, disse ela a OVALE, emocionada ao falar da filha.

Dora morava sozinha com Márcia, que tinha transtorno do espectro autista, bipolar e tomava remédios diários para a saúde mental. Segundo a mãe, todo mundo no bairro gostava da jovem, que era alegre, brincalhona e muito feliz.

“Uma menina muito alegre, feliz, que se dava com todo mundo aqui no bairro. Eu saía com ela pelo bairro. Era muito feliz. Minha companheira. Morava só eu e ela”, contou a mãe, que agora enfrenta o luto após a tragédia que tirou a vida da filha.

Crime.

Desaparecida havia três dias, Márcia foi identificada após ser encontrada com o corpo carbonizado em um terreno baldio no Parque Aeroporto, na avenida Timbó.

Márcia estava com um pedaço de pano dentro da boca, o que levanta a suspeita de que ela possa ter sido abusada sexualmente antes de ser morta. A Polícia Civil investiga o caso.

“O delegado disse que ela já estava morta na terça-feira de manhã. Não sei quem foi e ela nunca foi para o Parque Aeroporto. Ela não saía sem me dizer aonde ia”, disse Dora, que tem outro filho e netos. Ele e a mulher reconheceram o corpo de Márcia.

Como foi o caso.

Dora contou que saiu sábado de casa para levar Márcia ao pronto-socorro. Ela reclamava de dores. Elas saíram da unidade por volta de 23h, quando a filha disse que iria para um bar que frequentava com amigos.

“Ela disse que não iria beber, porque tinha tomado os remédios. E disse que voltava ‘daqui a pouco’. Foi a última vez que a vi com vida”, disse a mãe.

“Como ela tinha o costume de fazer isso, não vi problema. Ela queria refrescar a cabeça, me deu um beijo e levou uma boneca com ela. Ela andava com boneca porque o sonho dela era ter filho. Ela foi e não voltou mais”, completou.

Dora registrou um boletim de ocorrência no domingo e divulgou o desaparecimento da filha nas redes sociais. Ela disse que recebeu uma ligação dizendo que a filha estava no Parque Aeroporto e que iriam trazê-la de volta para casa.

“Era tudo mentira. Foi quando soube que tinham encontrado o corpo dela. Ela foi estuprada, puseram fogo nela e ficou totalmente deformada. Meu filho que reconheceu o corpo. Não deixaram eu ver porque estava muito transtornada”, afirmou a mãe.

Saudade.

O corpo de Márcia foi enterrado sem velório, em caixão fechado, na manhã desta sexta-feira (29). Apenas familiares e amigos próximos participaram da cerimônia.

Emocionada, Dora disse que agora vai ter que encontrar uma maneira de conduzir a vida sem a presença da filha. “Nós a enterramos e estou em casa com o coração partido. Eu quero justiça, porque isso não se faz com uma criança. O bairro inteiro está revoltado. Ninguém se conforma”, disse.

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