SOS MATA ATLÂNTICA

Danos ambientais em afluentes impactam rio Tietê na região

Por Lilian Grasiela | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
André Fleury Moraes
Água do rio Tietê em Barra Bonita com aspecto de 'sopa de ervilhas' devido ao excesso de algas
Água do rio Tietê em Barra Bonita com aspecto de 'sopa de ervilhas' devido ao excesso de algas

O relatório "Observando o Tietê", divulgado nesta sexta-feira (20) pela Fundação SOS Mata Atlântica, às vésperas do Dia do Tietê, celebrado no domingo (22), revela que, apesar de manter classificação "regular" em relação ao estudo anterior, a qualidade da água no trecho do rio que corta Barra Bonita foi impactada por danos ambientais em afluentes, que levaram ao aumento das plantas aquáticas e macrófitas. Já em Botucatu, assim como em 2023, a qualidade da água foi classificada como "boa".

Um dos exemplos citados pelo estudo foi a mortandade histórica de peixes registrada no rio Piracicaba, um dos principais afluentes do Tietê, em julho, após o lançamento de poluentes agroindústrias por uma usina do município de Rio das Pedras, que impactou na qualidade da água do reservatório de Barra Bonita, a partir do município de Anhembi, com grande formação de plantas aquáticas e picos de eutrofização.

"Para a população local, a água passou a apresentar aspecto de sopa de ervilhas e as atividades pesqueiras e de lazer e esportes aquáticos foram suspensas na região. Apesar desse impacto, a região de Rio Bonito, em Botucatu, localizada no braço esquerdo do reservatório de Barra Bonita, não foi afetada e a qualidade da água se manteve com índice bom ao longo deste ciclo de monitoramento", diz o relatório.

De acordo com a análise, nesse trecho final do Médio Tietê, o rio tem seu traçado e hidrodinâmica alterados pela barragem que forma o reservatório de Barra Bonita. "A mudança drástica de um rio de águas correntes para águas de um sistema lêntico favorece a concentração de poluentes e de nutrientes provenientes de cargas orgânicas e inorgânicas que se acumulam no leito do rio e no reservatório", explica.

Dados

A análise é baseada nos dados do monitoramento mensal realizado entre agosto de 2023 e julho deste ano em 61 pontos de coleta distribuídos em 39 rios da bacia do Tietê. 62,3% dos pontos tiveram qualidade de água regular; 11,5% boa; 16,4% ruim e 9,8% péssima. Nenhum teve qualidade ótima.

Analisando somente os dados referentes ao rio Tietê, em uma extensão de 576 quilômetros, a qualidade de água boa se estende da nascente do Tietê, em Salesópolis, até Mogi das Cruzes, por 60 km, e em outros 59 km na região do Reservatório de Barra Bonita, em Botucatu, entre São Manuel e a foz do rio Piracicaba.

A condição regular se estende por 250 km, divididos em três trechos ao longo das bacias do Alto e Médio Tietê. Águas impróprias para usos múltiplos estão em 131 km com qualidade ruim e 76 km com qualidade péssima. Já a extensão da mancha de poluição, que era de 160 km, agora é de 207 km, aumento de 29%.

"Deve-se ressaltar que a qualidade regular encontrada em uma grande parte do rio ainda limita muitos usos de sua água e o coloca em alta fragilidade e risco, pois a qualidade pode ser influenciada negativamente por variações climáticas e acidentes ao longo do rio", ressalta trecho do relatório.

"A despeito de projetos estruturais de saneamento que estão em curso, fundamentais e que apontam evolução, a qualidade é comprometida por condições locais, seja de poluição por esgoto, gestão de reservatórios, clima ou resultante de atividades agropecuárias".

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