ARTIGO

Cuidar dos nossos rios e riquezas naturais


| Tempo de leitura: 3 min

Hoje volto a um tema que não deve sair da pauta da sociedade, dos meios de comunicação e das instituições brasileiras: o meio ambiente e a emergência climática.

Os alertas se multiplicam, seja pela voz dos cientistas e organismos internacionais, seja pelas ocorrências do nosso cotidiano, que apontam para a inabitabilidade do nosso planeta, caso providências consistentes não sejam tomadas imediatamente.

Pesquisa liderada pelo cientista Colin Raymond, da Universidade da Califórnia, Estados Unidos, e publicada em 2020, indica que em 50 anos algumas regiões da Terra, inclusive no Brasil, podem se tornar inabitáveis devido à ocorrência de altas temperaturas (com o aumento de até quatro graus Celsius acima da média). De acordo com o estudo, esses picos de temperatura nessas regiões do planeta poderão matar.

É preciso difundir sempre mais que o respeito pela natureza é fundamental para a preservação da vida. É obrigação dos governos proteger os ecossistemas essenciais, como as nascentes, rios, pântanos, oceanos, florestas e manguezais, capazes de absorver grandes quantidades de carbono, contribuindo assim para retardar o aquecimento global.

A pauta do meio ambiente e da emergência climática vem ganhando importância mundial particularmente nas últimas três décadas. Entretanto, lamentavelmente, ainda há lideranças políticas, personalidades e “influenciadores” que se dedicam a propagar o negacionismo e a desinformação, atrapalhando o engajamento social que a questão requer.

Essa temática deveria figurar nas preocupações de todo cidadão e de toda cidadã no Brasil e no mundo todo. Deveria estar presente nas conversas familiares, alterar hábitos e constar nas matérias escolares, de forma transversal, para formar novas consciências. Crianças e adolescentes bem formados nas escolas podem influenciar de forma positiva seus familiares adultos para que tenham uma atitude proativa em relação ao meio ambiente.

Atitudes preservacionistas não significam parar o desenvolvimento econômico. Significa, sim, construir modelos sustentáveis, para equilibrar o meio ambiente, interrompendo a exploração excessiva e predatória dos recursos naturais e, mais ainda, promovendo sua recuperação, naquilo que ainda é possível recuperar.

Nenhum gesto, nenhuma atitude em relação à proteção do meio ambiente é excessiva ou dispensável. Os governos e instituições precisam promover a recuperação das áreas degradadas. O reflorestamento deve ser exigido de produtores rurais e de todos aqueles que possam contribuir. A China é um exemplo a ser seguido.

De vilão do aquecimento global por muitos anos, o país agora quer ser referência nas medidas em sentido contrário. Apenas em 2023, a China plantou 4 milhões de hectares de floresta, restaurou 4,3 milhões de hectares de pastagens degradadas e tratou 1,9 milhões de hectares de terras arenosas e pedregosas.

Na minha cidade, Piracicaba, tivemos recentemente um episódio que demonstra que é preciso tomar atitudes firmes para proteger e reverter agressões ao meio ambiente e tornar essa temática parte do nosso cotidiano: a mortandade de pelo menos 230 mil peixes devido ao descarte irregular de rejeitos de uma usina de açúcar e álcool no leito do rio.

O Rio Piracicaba é o maior afluente do Rio Tietê em volume de água e é fundamental para a cidade de Piracicaba e região, do ponto de vista turístico, social e econômico. Grande número de pescadores tira dele seu sustento. É preciso que as lideranças políticas, empresariais e sociais do nosso Município firmem um pacto para a sua proteção, inclusive diante da possibilidade de que a SABESP, hoje privatizada, venha dele aumentar a retirada de grandes volumes de água para o abastecimento da Capital.

Volto a insistir: a mudança climática não é assunto pertinente apenas ao meio acadêmico e teses científicas. É parte de nossa vida, aqui e agora.

Comentários

Comentários