Apesar de o Plano de Governo do Novo propor a privatização ou concessão de empresas e autarquias municipais, o candidato Wilson Matos, em entrevista à Rádio Transamérica Campinas, mostrou-se resistente à ideia e afirmou que ainda não possui números suficientes para embasar a venda ou cessão dessas entidades.
De acordo com o programa de propostas divulgado pela candidatura, caso seja eleito, o objetivo é implementar privatizações e concessões responsáveis em setores como Setec, Ceasa, IMA, além da abertura de capital da Sanasa, gerando receitas adicionais.
Porém, na entrevista, Wilson Matos voltou a tratar o assunto de maneira comedida e descartou a defesa imediata da venda da Setec, IMA e da abertura de capital da Sanasa. Apenas a Ceasa estaria pronta para ser vendida.
Matos acredita que a Central de Abastecimento de Campinas, uma entidade com 49 anos, tem um enorme potencial econômico e que a privatização ou concessão traria mais profissionalismo administrativo, além de recursos financeiros adicionais para a prefeitura. “O Ceasa vai ser de imediato, o plano chefe. Vamos ver como funciona e depois a gente começar a falar dos outros (Setec, IMA e Sanasa), porque são mais pesados”, afirmou.
Sobre segurança pública, o candidato mantém o discurso de que a sensação de melhora está atrelada à resolução da degradação da região central e à implementação de um programa para atender as pessoas em situação de rua. Com um censo oficial da atual administração que aponta 1,3 mil pessoas nas ruas, Wilson Matos acredita que o número não reflete a realidade e estima que haja mais de 3 mil.
De todo modo, o candidato pretende implantar um programa de "Tolerância Zero" para tentar resolver o problema e defende o uso da internação compulsória. O político do Novo sabe que enfrentará resistência de entidades, políticos e, inclusive, do Ministério Público, mas afirma que abrirá diálogo com a promotoria para tentar implementar a ideia. “Esse problema não pode ser ignorado. Esse problema tem que ser tratado na raiz”, disse o candidato.
Questionado sobre a falta de quadros do Novo para um eventual governo, Matos afirmou que, caso seja eleito, irá dialogar com servidores e pessoas, mesmo que ideologicamente de outro espectro, para compor a administração. O candidato do Novo propõe uma reforma administrativa com o corte de secretarias e gastos, após uma análise detalhada das necessidades e impactos de cada pasta, para garantir que a consolidação não comprometa serviços essenciais.
Sessão bem ordinária
A primeira sessão da Câmara de Campinas após o início da campanha eleitoral foi rápida, marcada por ausências e sem embates — algo extremamente esperado. Com 31 dos 33 vereadores em busca da reeleição, a casa estava praticamente vazia no começo da reunião, que foi aberta com apenas 11 parlamentares, o número mínimo necessário, no plenário.
Com poucos vereadores presentes, o primeiro expediente, período em que os membros da Câmara podem discursar sobre variados temas, foi bem célere e comedido, com os políticos se adequando à forte cautela imposta pelo período eleitoral.
A pauta tranquila passou a ser votada após uma hora de sessão, já com 21 vereadores presentes, e foram necessários pouco mais de 30 minutos para resolver os 15 itens, a maioria relacionados a honrarias.
A foto
Impressionante como algo tão trivial se tornou exceção no âmbito político. A foto dos adversários à prefeitura de Campinas é uma mostra de civilidade, educação e respeito que, infelizmente, nos desacostumamos a ver em um cenário político que, nos últimos tempos, tomou proporções de torcida organizada.
Dário Saadi (Republicanos), Rafa Zimbaldi (Cidadania) e Pedro Tourinho (PT) juntos em uma imagem que entra para a história eleitoral da cidade por quebrar o ambiente bélico da atualidade. Uma imagem que faz bem. Parabéns aos três.
- Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Todo Dia Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.
