DEPENDÊNCIA

Entenda o que é a Calixcoca, vacina contra o vício em cocaína

Por Da Redação |
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Foto: UFMG
Vacina da UFMG contra a dependência de cocaína e crack vence prêmio internacional
Vacina da UFMG contra a dependência de cocaína e crack vence prêmio internacional

Segue em andamento os estudos feitos por pesquisadores brasileiros para a vacina Calixcoca, solução terapêutica contra a dependência de cocaína e crack. O imunizante está em análise desde 2015 na da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Concluídos os testes pré-clínicos com ratos, nos quais foi observada a produção de anticorpos anticocaína no organismo dos animais, os pesquisadores iniciaram as buscas de recursos para os estudos em humanos.

A pesquisa é tão inovadora que em outubro do ano passado, venceu a segunda edição do Prêmio Euro Inovação na Saúde, que é internacional. O estudo foi votado por profissionais de 17 países e superou outros 11 finalistas. A equipe da UFMG também recebeu 500 mil euros, cerca de R$ 2,6 milhões, para desenvolvimento da pesquisa. Algumas prefeituras - como a de São Paulo, por exemplo - já firmaram parceria com a universidade para também desenvolver vacina.

O professor da Faculdade de Medicina Frederico Garcia, médico psiquiatra que conhece profundamente a complexidade do tema e um dos pesquisadores que lideram o projeto da Calixcoca, conta que, depois de vencer a etapa de testes em animais, o projeto está em fase de orçamento e planejamento para os próximos passos, a começar dos primeiros testes em humanos. “Estamos terminando a preparação dos documentos para submissão na Anvisa para obtermos a autorização para o estudo de fase 1. Este estudo verificará possíveis efeitos colaterais em humanos”, explica, por meio da assessoria de imprensa da UFMG.

Anticorpos 

O medicamento induz o sistema imune a produzir anticorpos que se ligam à cocaína na corrente sanguínea. Essa ligação transforma a droga em uma molécula grande, que não passa pela barreira hematoencefálica. O projeto já passou por etapas pré-clínicas, em que foram constatadas segurança e eficácia para tratamento da dependência de crack. Em entrevista ao Portal UFMG, Frederico Garcia exaltou os resultados alcançados até o momento nos testes da Calixcoca, mas ressaltou que ela não seria indicada indiscriminadamente para todas as pessoas com transtorno por uso de cocaína. “É preciso fazer uma avaliação científica para identificar com precisão como ela funcionaria e para quem ela seria eficaz, de fato.”

Uma delas é a utilização de uma molécula sintética como plataforma de vacinas. “As vacinas convencionais normalmente utilizam plataforma proteica, que pode ser uma proteína de vírus ou bactéria. A gente dá um passo importante ao usar uma molécula totalmente sintética para fazer uma plataforma vacinal. Existem vantagens: você controla todo ciclo de produção de maneira mais simples; tem um custo menor do que as vacinas proteicas; não precisa de cadeia fria para transporte e nem de refrigeração para a estocagem”, destaca.

Segundo o pesquisador, outra vantagem, quando comparada a vacina anticocaína em desenvolvimento nos Estados Unidos, é que o resultado obtido pela equipe é melhor do ponto de vista de quantidade de anticorpos produzidos, o que, acredita-se, vá se manter em humanos também. Garcia salienta, ainda, a comprovação, pelos estudos pré-clínicos, da segurança e da eficácia do imunizante. “A vacina é uma solução que propicia aos pacientes com dependência voltar a realizar seus sonhos. O próximo passo é iniciar os estudos com humanos”, diz.

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