POLÍTICA

Flávio Paradella: Um prefeito vaiado

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 4 min
Divulgação/PMC
Lula chegou a pedir 'respeito' ao público com os convidados
Lula chegou a pedir 'respeito' ao público com os convidados

Todas as capivaras da Lagoa do Taquaral já esperavam tudo o que aconteceu no palanque montado para receber o presidente Lula na Avenida John Boyd Dunlop, na última quinta-feira. Depois de um adiamento, enfim, o presidente veio a Campinas para sua primeira visita à cidade no terceiro mandato. Houve um ‘bate cabeça’ entre a organização com horários das agendas e várias divulgações até que a militância focou a solenidade para entregar obras já inauguradas e anunciar recursos para projetos.

Pedro Tourinho, vereadores, assessores, o partido e pessoas ligadas ao PT começaram a convocar, a partir de terça-feira, a militância para participar da cerimônia com a presença do presidente da república. Super normal.

Havia a percepção de que a campanha e a comunicação do atual prefeito consideravam que o ambiente seria, obviamente, inóspito para Dário Saadi. Isso não só por Dário ser adversário eleitoral de um petista em Campinas, no caso Pedro Tourinho, mas também pelos atritos que o chefe do executivo campineiro já teve com o presidente Lula no ano passado.

A dúvida: Dário vai ou não vai? Afinal, todos sabiam que o prefeito seria hostilizado. A escolha, e a considero a mais adequada, foi pela participação do prefeito no evento.

Explico aqui o meu entendimento: a instituição está acima da pessoa. A solenidade tinha como palco o município de Campinas, com a liberação de aporte financeiro para projetos pretendidos pela administração municipal. Era uma demanda municipal aprovada em âmbito federal. Além disso, a metrópole recebia o presidente da república. Tanto faz quem ocupe a posição, é necessária a deferência pelo cargo. Por isso, a meu ver, a pessoa a quem a população concedeu a posição de prefeito tem a obrigação de seguir ritos institucionais de respeito aos poderes.

Em novembro do ano passado, critiquei Dário pela ausência em um encontro do Conselho de Desenvolvimento Metropolitano que recebeu o ministro de Lula, Alexandre Padilha, de Relações Institucionais. Seria muito incoerente agora achar normal a ausência com o próprio presidente em Campinas.

Bom, Dário foi e, claro, recebeu a vaia da militância presente. Velho de guerra, Lula aproveitou para mostrar solidariedade e pediu “respeito” do público aos “convidados”. Se Dário não tivesse aparecido na cerimônia da própria cidade que comanda, seria, sem a menor sombra de dúvida, taxado de “covarde” e não descarto ironias do próprio Lula caso isso viesse a ocorrer.

Não foi uma decisão fácil, pois a imagem foi muito explorada, mas ficou preservada a imagem institucional do Palácio dos Jequitibás.

O novo deputado

Pedro Tourinho será o novo deputado federal da região e tomará posse na próxima terça. O petista era suplente e, com a saída de Rui Falcão por 120 dias, o ex-vereador assumirá o cargo pelo período em Brasília.

Vamos às narrativas: Tourinho passa a ser um pré-candidato com um cargo, algo que até então não possuía na disputa contra um prefeito em busca de reeleição e um deputado estadual em segundo mandato. O petista passa também a ter um crédito atual e não mais de "ex", como era citado até agora. Tourinho ganha força, volume e presença.

Em outra visão, Rui Falcão afastou-se do mandato para ajudar na campanha de Guilherme Boulos (PSOL), na capital. O titular da vaga julgou que não teria como participar nos bastidores de uma corrida eleitoral e seguir com os trabalhos legislativos. Aqui, Tourinho é o protagonista do PT e anteriormente já tinha deixado a presidência do Fundacentro para se dedicar exclusivamente à disputa em Campinas. Agora, vai para Brasília. Para alguns, sinaliza que é melhor garantir quatro meses como deputado e ter currículo, e que a eleição por aqui será muito difícil para virar o prognóstico. A conferir.

E nada do anúncio

Ainda sem qualquer sinal do nome para compor a chapa e ser o vice, ou a vice, do deputado estadual Rafa Zimbaldi (Cidadania). Há quem defenda a estratégia de guardar a informação, mas é fato que o pré-candidato é o único sem uma definição, e o segredo pode surtir o efeito contrário ao pretendido se a escolha, quando anunciada, não chamar a atenção de ninguém, sendo apenas alguém para compor. O deputado fica obrigado a surpreender.

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