INVESTIGAÇÃO

Polícia prende 3º envolvido na morte da Camile em São José

Homem foi preso na manhã desta terça-feira (25) em um apartamento na zona norte de São José dos Campos; a polícia cumpriu um mandado de prisão preventiva

Por Xandu Alves | 4 dias atrás | Tempo de leitura: 6 min
São José dos Campos
Repórter Especial

Reprodução

Camile Santos foi morta aos 19 anos; no destaque, Caíque Ferreira, que foi preso pela polícia
Camile Santos foi morta aos 19 anos; no destaque, Caíque Ferreira, que foi preso pela polícia

A Polícia Civil de São José dos Campos prendeu o terceiro homem envolvido com a morte da vendedora Camile Santos, assassinada aos 19 anos por causa de rixa entre grupos rivais da cidade.

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Camile estava dentro do carro atingido por diversos tiros na madrugada de 21 de novembro de 2023, na saída de uma adega na zona sul de São José. Ela havia conhecido o motorista horas antes do crime e não era o alvo da tentativa de homicídio, mas acabou atingida na nuca e morreu no hospital.

De acordo com a Delegacia de Homicídios de São José dos Campos, que investigou o caso, Caíque Ferreira dos Santos, 23 anos, foi preso em seu apartamento no chamado ‘Predinhos do Jaguari’, na zona norte de São José, na manhã desta terça-feira (25).

Os policiais cumpriram um mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça contra Caíque, em razão da morte de Camile. Ele estava foragido.

Antes dele, em 7 de março deste ano, a polícia havia prendido Ítalo Henrique Martins Luiz, 22 anos, também envolvido na morte de Camile.

O segundo homem relacionado ao crime foi preso em 4 de abril. Kauã Messias de Souza, 18 anos, foi encontrado no bairro Vila Unidos, na região norte de São José. Também havia contra ele um decreto de prisão preventiva, determinado pela Justiça.

Caíque era o último elo da corrente criminosa que levou a vida de Camile, pelo fato de ela estar no lugar errado e na hora errada.

O CRIME.

O enredo dessa história macabra começa com um caso de namoro e traz elementos como ciúme doentio, disputa entre gangues, assassinatos e vinganças, além da interferência do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Segundo as investigações, Pedro Diório da Silva, 19 anos, dirigia o veículo que levava Camile e outra jovem de 20 anos. Os três tinham se conhecido numa casa noturna na região central de São José, naquela mesma noite.

Eles resolveram ir para uma adega na zona sul. Na saída do estabelecimento, o carro foi emparelhado por outro, no semáforo, e baleado com diversos tiros.

Sem ser o alvo da emboscada, Camile foi atingida na nuca, não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital. Pedro levou um tiro no pescoço e também foi internado, mas fugiu da unidade de saúde.

Ele foi preso nove dias após o crime na cidade de São Lourenço (MG), em ação conjunta entre as polícias Civil e Militar. A prisão dele começou a jogar luz sobre a urdidura que levou ao assassinato de Camile.

NAMORO.

As investigações apontaram que a morte de Camile foi causada por série de desentendimentos violentos entre grupos rivais e assassinatos por vingança, que desembocaram na tentativa de homicídio de Pedro, em 21 de novembro, da qual ele escapou e Camile acabou morta. O alvo do crime não era ela, e sim Pedro.

Ele está na origem da confusão que levou a vida da vendedora como preço a pagar pela onda de violência.

Tudo começou quando Pedro engatou um relacionamento amoroso com uma jovem da região norte de São José, que morava nos chamados ‘Predinhos do Jaguari’. Ele passou a frequentar o local.

Depois de um tempo, um homem conhecido como “Piu” disse a Pedro que era o namorado da moça. Ele fez várias ameaças e proibiu Pedro de retornar ao condomínio. Temendo pela vida do então namorado, a jovem terminou o relacionamento com Pedro.

Flávio Diório da Silva, irmão de Pedro, não aceitou a situação e tomou a frente do imbróglio, decidido a ir com o irmão até o condomínio conversar com Piu e tentar apaziguar a discórdia.

Ao chegarem numa área comum do condomínio, os irmãos foram recebidos a bala. Flávio ainda tentou sair do carro para conversar, mas os tiros o impediram e ele acabou revidando. Ninguém foi atingido no tiroteio, mas o carro dos irmãos foi danificado, segundo apurou a polícia.

Após a escaramuça, bandidos da área ligados ao PCC organizaram um “sumário” para discutir a questão entre Piu e Flávio. Nesse “julgamento”, ficou decidido que os irmãos estavam proibidos de frequentar aquela região.

INCÊNDIO.

A “diplomacia” do crime não funcionou. Na noite de 25 de março do ano passado, Flávio se deparou com o carro do desafeto Piu estacionado próximo de uma casa noturna no Jardim Aquarius, na zona oeste de São José. Ele resolveu colocar fogo no veículo.

A ocorrência foi registrada e Flávio virou investigado. Ele disse à polícia que teria feito a “campana” (vigília) para que o irmão Pedro ateasse fogo no carro de Piu.

Identificado no boletim de ocorrência como Lucas Felipe dos Santos Cunha, Piu alegou que não conhecia Flávio. Mesmo assim, resolveu se vingar do incêndio.

Ele reuniu alguns comparsas e começou a ameaçar os irmãos Flávio e Pedro, violência que se concretizou na noite de 21 de abril.

Por volta de 22h40, Flávio foi vítima de diversos disparos de arma de fogo, não sobrevivendo aos ferimentos. O carro dele estava estacionado perto de uma adega de São José com mais duas pessoas dentro, seu irmão Pedro e outro rapaz, que também foi baleado e sobreviveu.

Por meio de imagens de câmeras e depoimentos de testemunhas, os investigadores descobriram que um veículo se aproximou do carro de Flávio e sinais de laser vermelho começaram a ser projetados na direção do carro da vítima.

Logo em seguida, dois dos três ocupantes do carro desembarcaram perto do automóvel de Flávio e, depois de um deles falar “é ele mesmo”, começaram a atirar.

Flávio tentou escapar da emboscada saindo do carro, mas os criminosos deram ré no veículo e colidiram com o carro da vítima. Novamente um dos atiradores saiu do carro e desferiu vários tiros em Flávio.

A Polícia Militar encontrou o veículo utilizado no crime, parcialmente incendiado, na tarde de 22 de abril, na Estrada Pau de Saia, na zona norte de São José.

CONFLITO.

Para a polícia, o motivo da execução foi o desentendimento que Flávio e Pedro tinham com o grupo de Piu, em razão da malograda tentativa de namoro de Pedro, que prometeu se vingar do irmão assassinado.

Outras duas pessoas foram assassinadas: o próprio Piu e Eder Cesar de Oliveira Coutinho, 37 anos, conhecido como “Oreia”, que tinha passagem criminal por roubo e era investigado pelo homicídio de Flávio.

Piu foi morto numa emboscada também envolvendo um carro, na noite de 18 de agosto. O veículo usado no crime havia sido furtado horas antes do pátio de uma locadora dentro de um shopping, na zona sul de São José. A polícia obteve imagens do furto em câmeras de segurança.

Esse carro foi localizado queimado numa estada vicinal entre as cidades de Caxambu e Baependi, em Minas Gerais, após investigadores de São José realizarem diligências em Caxambu, cidade natal de Pedro.

Os policiais descobriram que o pai de Pedro o havia levado para a casa de parentes em Caxambu, para tentar evitar que ele matasse os algozes do irmão Flávio. O pai tentava cessar o banho de sangue que havia se transformado o cancelado namoro. Não deu certo.

MAIS MORTE.

A próxima vítima foi Eder, morto no final de novembro do ano passado, de maneira semelhante ao assassinato de Piu. Também foi usado um carro furtado no pátio do mesmo shopping na zona sul de São José.

Vídeo obtido pela Delegacia de Homicídios mostra os autores depois de abandonarem o veículo. Um deles tem as mesmas características físicas e a forma de andar do investigado Pedro, que foi identificado em outras imagens do furto do carro.

Os investigadores disseram que a “guerra entre grupos rivais” ganhou mais um capítulo quando Pedro foi vítima da tentativa de homicídio, em 21 de novembro, cujos autores foram identificados pela Polícia Civil. Com a prisão de Caíque, nesta terça-feira, a polícia encontrou os três envolvidos com a morte da vendedora.

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