As fortes e constantes chuvas que recaíram sobre o Rio Grande do Sul resultaram no que vêm sendo considerado o maior desastre climático do estado.
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No último século, o aumento das emissões de gases do efeito estufa — consequência do uso de combustíveis fósseis, do desmatamento de matas e florestas além de outras ações antropogênicas — levou a um aumento de mais de 1,07ºC em na temperatura média do planeta.
Este aquecimento, no entanto, não foi homogêneo: acabou por se concentrar com mais intensidade no Equador, enquanto os polos se mantiveram frios.
Essa diferença de temperatura entre o Equador e a Antártica acaba por impulsionar a força dos ventos e, por consequência, o aparecimento de tempestades.
E o sul do país, pelas características geográficas, vem sofrendo com esses extremos nos últimos anos.
No caso específico de Porto Alegre, a ausência de uma significativa inclinação do relevo dificulta o escoamento de água em uma região em que se tem, também, uma convergência natural das águas.
Além disso, de um lado tem-se a Cordilheira dos Andes e do outro o Oceano Atlântico. Assim, os ventos que cruzam o continente de oeste a leste, por cima dos Andes, ganham velocidade na bacia do Rio da Prata. E essa intensa circulação atmosférica acaba por impulsionar tempestades severas.
Somando-se esses dois fatores (relevo e ventos atmosféricos), acrescentando o aquecimento global e uma “natural” deficiência de drenagem nos centros urbanos por ausência de investimento das prefeituras, temos a situação vivenciada no Rio Grande do Sul.
Segundo dados de 2017 do governo do Rio Grande do Sul, 79,1% da população gaúcha vive em cidades que não possuem nenhum tipo de planejamento para prevenir os riscos de inundações, enchentes, enxurradas e deslizamentos.
Mais do que discutir os eventos extremos temos que repensar a vulnerabilidade de nossas cidades e trabalhar para que sejam mais resilientes.