UM DOS ALVOS DA AÇÃO

Receita investiga fábrica de Jambeiro em fraude de R$ 17 bilhões

Fábrica no Vale é um dos alvos da operação que visa desmantelar esquema criminoso utilizado para a emissão de R$ 17 bilhões em notas fiscais fraudulentas

Por Da redação | 09/05/2024 | Tempo de leitura: 3 min
São José dos Campos

Divulgação / Receita Federal

Investigação em fábrica de Jambeiro
Investigação em fábrica de Jambeiro

A Receita Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira (9) a operação Metalmorfose, que visa combater a sonegação fiscal. Uma fábrica em Jambeiro foi um dos alvos da ação.

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O objetivo da operação é desmantelar um complexo esquema no setor de cobre utilizado para a emissão de R$ 17 bilhões em notas fiscais fraudulentas de 2018 a 2020.

Estão sendo cumpridos 39 mandados de busca e apreensão em 17 alvos pessoa física e 22 alvos pessoa jurídica em 15 cidades paulistas e mais Joinville, em Santa Catarina.

A Receita Federal participa com 83 auditores-fiscais e analistas-tributários, além da Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo, a Procuradoria Geral de São Paulo e o Ministério Público paulista e de Santa Catarina.

ESTRUTURA DO ESQUEMA

Segundo a Receita, o esquema investigado consistia no uso de empresas fantasmas para emissão de notas fiscais fraudulentas, supostamente relativas à venda de produtos e sucata de cobre. O esquema é sofisticado, estruturando-se em três núcleos e outros participantes ativos.

O primeiro núcleo é formado por uma extensa rede de empresas fantasmas (conhecidas como “noteiras”), que existem apenas para emitir notas fiscais fraudulentas, simulando operações de compra e venda reais, principalmente de produtos de cobre e sucata.

O segundo núcleo é composto por empresas fornecedoras de produtos de cobre, localizadas principalmente no estado de Santa Catarina.

O terceiro núcleo é formado pelos clientes do esquema, empresas paulistas do setor de cobre, que utilizavam as notas fiscais fraudulentas para sonegar tributos federais e estaduais de duas formas.

Além dos três núcleos, foram participantes ativos o principal operador do esquema e contadores coniventes que atuaram para a abertura e manutenção de pelo menos 113 empresas fantasmas já identificadas.

SONEGAÇÃO

Na segunda forma de utilização do esquema, as empresas fantasmas (primeiro núcleo) emitiam notas fiscais de sucata ou de mercadorias que jamais existiram, mas que eram pagas pelos clientes do esquema (terceiro núcleo). Com isso, os clientes inflavam seus custos e diminuíam artificialmente o Imposto de Renda e Contribuições Sociais devidas.

Além disso, após receberem o pagamento pelas mercadorias inexistentes, as noteiras utilizavam os valores para pagar despesas pessoais de envolvidos no esquema. Essa devolução ocorria de diferentes formas: em alguns casos, as noteiras pagavam pela aquisição de diversos bens de alto valor, tais como carros de luxo, relógios, lanchas e imóveis, bem como pagavam pacotes turísticos para a família do operador do esquema. Também pagavam o salário de empregados domésticos contratados pelos sócios das empresas clientes.

Além da sonegação de tributos, o principal operador do esquema, em conluio com um dos clientes finais, utilizou as notas fiscais fraudulentas como garantia junto a FIDC (Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios), obtendo recursos de forma fraudulenta e causando prejuízos a investidores e instituições financeiras.

MULTA

No âmbito da Receita Federal, já foram lavrados Autos de Infração no valor total de R$ 1,9 bilhão em desfavor das empresas clientes do esquema (terceiro núcleo), bem como das pessoas controladoras. Os elementos apreendidos na Operação Metalmorfose serão analisados para verificar a necessidade de abertura de novas fiscalizações.

Apenas em relação a um dos beneficiários da fraude e aos anos-calendário de 2018 a 2020, já foram apurados pagamentos feitos pelas noteiras investigadas que totalizaram R$ 45,2 milhões.

O nome da operação, Metalmorfose, é uma fusão das palavras metal e metamorfose. Ele remete à sequência de transações de cobre e sucata entre várias empresas noteiras, chegando nos clientes finais já como produtos prontos para a comercialização (tais como fios de cobre) sem que, ao longo dessa cadeia, existisse qualquer processo de industrialização.

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1 COMENTÁRIOS

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  • Alexandre
    12/05/2024
    Lugar de bandido é na cadeia. Sonegou, que arque com as consequências.