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Vale é palco de guerra entre PCC e facções cariocas, diz Tarcísio a OVALE; OUÇA

De acordo com o governador, a RMVale é o campo de batalha entre os 'irmãos' do PCC e os criminosos cariocas de grupos como o CV, TC (Terceiro Comando) e o ADA (Amigos dos Amigos)

Por Guilhermo Codazzi, editor-chefe de OVALE | 18/04/2024 | Tempo de leitura: 5 min
São José dos Campos

Reprodução

Governador Tarcísio de Freitas faz sinal de sentido em solenidade da PM
Governador Tarcísio de Freitas faz sinal de sentido em solenidade da PM

É guerra. Região mais violenta de São Paulo, o Vale do Paraíba é palco de uma guerra entre o PCC (Primeiro Comando da Capital) e facções criminosas do Rio de Janeiro, como o CV (Comando Vermelho), que tentam se infiltrar em território paulista. A afirmação foi feita pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas  (Republicanos), em entrevista exclusiva a OVALE/Sampi.

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De acordo com o governador, a RMVale é o campo de batalha entre os 'irmãos' do PCC, facção que foi criada em Taubaté em 1993 e se espalhou por todo o país, e os criminosos cariocas de grupos como o CV, TC (Terceiro Comando) e o ADA (Amigos dos Amigos). Em disputa estão o controle de pontos de venda de droga, no 'varejo', e também o domínio de uma área estratégia, por onde o crime organizado escoa 90% das drogas e armas que abastecem facções no Rio de Janeiro.

Como resultado, na avaliação de Tarcísio, os índices de homicídio no Vale estão em um patamar muito mais elevado do que no restante do estado -- na RMVale, a taxa é de 12,63 vítimas de homicídio por cada 100 mil habitantes; no estado a taxa é de 6,02, enquanto na capital é de 4,57, na Grande São Paulo é de 5,13 e no interior é de 7,07. Traduzindo: o Vale tem três vezes a taxa da cidade de São Paulo ou mais do que a soma da capital e Grande São Paulo.

Como OVALE revelou, a RMVale tem hoje 10 das 16 cidades com maiores índices de homicídio por 100 mil habitantes em todo o território paulista. Segundo Tarcísio, nas demais regiões do estado há hegemonia do PCC, o que eliminaria as disputas por pontos de tráfico de drogas e, consequentemente, acarretaria em menos conflitos e mortes. Revelada em 2010, em uma série de reportagens de OVALE, a liderança do Vale no ranking da violência teve início em 2010.

"Quando eu falo da gravidade do crime organizado a gente tem que entender que a coisa é séria (...) 80% dos homicídios no Brasil estão relacionados ao tráfico de drogas e ocorrem em disputas de vendas de drogas. Por que São Paulo tem uma das menores taxas [de homicídios] do Brasil? Porque aqui temos uma facção hegemônica [PCC], temos pouca disputa. E onde é que o estado de São Paulo tem os maiores índices de homicídio? Justamente no Vale do Paraíba", afirmou o governador, em resposta a OVALE.

ZONA DE CONFLITO.

Hoje, o Vale Histórico, na divisa com o Rio de Janeiro, tem três das cinco cidades com maiores índices de homicídio em São Paulo: Cruzeiro lidera com 40,02 vítimas de homicídio por 100 mil habitantes, com Lorena em segundo (30,64), seguida por Caraguatatuba (22,24) e São Sebastião (17,17), no Litoral Norte, e Guaratinguetá (16,94) completando o 'Top 5'.

"E isso é um reflexo da proximidade com o Rio de Janeiro. Isso é o crime organizado tentando, com as facções criminosas do Rio de Janeiro, ingressar no território de São Paulo e a contenção da facção hegemônica de São Paulo. É o Comando Vermelho, Terceiro Comando e Amigo dos Amigos contra o PCC. Eles tentam entrar no território paulista e são contidos, mas aí tem disputa pelos pontos de drogas. É por isso que os índices de homicídios no Vale do Paraíba são muito maiores do que no restante do estado todo. Há uma hegemonia de uma facção no estado todo [PCC] e há uma disputa no Vale do Paraíba. Por isso que eu falo, o tráfico de drogas é uma coisa muito séria, muito grave, e precisa ser combatido", afirmou o governador.

Diante do quadro, Tarcísio, reforçando o que havia sido prometido na campanha, afirmou que o Vale é prioridade no combate ao crime, ao lado da capital e da Baixada Santista. A entrevista de Tarcísio, em que ele respondeu à pergunta de OVALE, foi concedida na sede do GCN, em Franca, também um dos veículos fundadores da rede Sampi, maior startup de jornalismo do interior de São Paulo.

OVALE, já em 2018, noticiou com exclusividade que o PCC estava realizando um 'mutirão' de batismos em suas fileiras no Vale para enfrentar as facções cariocas. Os irmãos’ chegaram a sequestrar rivais do CV e mapearam todos os integrantes rivais instalados em 'território' em disputa, a RMVale.

RANKING.

No interior de São Paulo, além da RMVale (12,63), o ranking de vítimas de homicídios por 100 mil habitantes tem ainda as regiões de Araçatuba (9,92), São José do Rio Preto (7,18), Presidente Prudente (7,13), Baixada Santista (6,99), Piracicaba (6,79), Ribeirão Preto (6,36), Bauru (6,20), Sorocaba (5,63) e Campinas (5,33). O Vale é a única região acima do patamar de 10 vítimas por 100 mil habitantes, sendo considerado uma zona endêmica de violência.

Nas áreas controladas pelo PCC na região, conhecidas na gíria da facção como 'quebradas', a organização criminosa mantém um estado paralelo, inclusive com sistema de justiça próprio e controle sobre quem vive ou morre.

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