INVESTIGAÇÃO

Tribunal de Justiça nega mais um recurso em que Saud pedia a suspensão da CPI da Saúde

O novo recurso foi analisado pela 13ª Câmara de Direito Público do TJ, que já havia rejeitado em outras duas ocasiões apelações do prefeito com o mesmo pedido

Por Julio Codazzi | 26/02/2024 | Tempo de leitura: 3 min
Taubaté

Divulgação

O prefeito de Taubaté, José Saud (PP)
O prefeito de Taubaté, José Saud (PP)

O Tribunal de Justiça rejeitou mais um recurso em que o prefeito de Taubaté, José Saud (PP), pedia que fosse suspensa a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) aberta no ano passado pela Câmara para investigar as denúncias de irregularidade relacionadas às terceirizações promovidas na saúde.

Faça parte do canal de OVALE no WhatsApp e receba as principais notícias da região! Acesse: https://whatsapp.com/channel/0029VaDQJAL4tRs1UpjkOI1l

Nesse novo recurso, Saud alegava que a última decisão da 13ª Câmara de Direito Público do TJ teve "omissões" com "relação ao exame dos requisitos legais para a instauração da CPI", que "utiliza-se de descrição de fato precária e indefinida" para "investigar fatos diversos do objeto descrito no requerimento" e que "violou as garantias fundamentais da ampla defesa e do devido processo legal".

Ao rejeitar o novo recurso, o desembargador Spoladore Dominguez, relator do processo na 13ª Câmara de Direito Público, apontou que os fundamentos da decisão anterior, "ainda que não se concorde com eles, foram suficientes à resolução da controvérsia, inexistindo a alegada omissão". A defesa de Saud afirmou que irá apresentar nova apelação.

AÇÃO.
Na ação, protocolada em setembro do ano passado, Saud alega que o requerimento que pediu a abertura da comissão não teria delimitado o fato a ser investigado, que o prazo para conclusão dos trabalhos violaria o princípio constitucional da duração razoável dos processos, que as diligências teriam avançado sobre entidades privadas e também que teria havido violação ao princípio da ampla defesa.

No mesmo mês, o juiz Jamil Nakad Junior, da Vara da Fazenda Pública de Taubaté, rejeitou o pedido de paralisação da CPI, com a afirmação de que "não cabe ao Judiciário, muito menos em sede de cognição limitada, sumária, suspender os trabalhos de investigação, já que, a princípio, todos os requisitos para a sua instauração e processamento foram observados".

A 13ª Câmara de Direito Público do TJ já emitiu três decisões desfavoráveis ao prefeito - em outubro de 2023, de forma liminar, em janeiro de 2024, na análise do mérito do primeiro recurso, e agora em fevereiro, no segundo recurso. Ao analisar o mérito da primeira apelação, o relator que "o requerimento que deu ensejo à criação da CPI" delimita "o âmbito da atuação parlamentar", conforme "justificativa devidamente apresentada", que "a apuração dos fatos é prerrogativa do órgão apurador, não havendo qualquer irregularidade de iniciativa em tal proceder", e que "tendo em vista tratar-se de mera investigação, com natureza inquisitiva, não há que se falar em afronta aos princípios do contraditório e ampla defesa".

COMISSÃO.
Criada em fevereiro do ano passado, a CPI centrou os trabalhos inicialmente em duas ações de improbidade administrativa ajuizadas pelo Ministério Público em junho e julho de 2022. A primeira ação tem como foco o contrato emergencial firmado entre Prefeitura e Iesp (Instituto Esperança) em fevereiro do ano passado para disponibilizar médicos para as quatro unidades de urgência e emergência do município. A segunda ação aponta supostas irregularidades nas licitações para terceirizar a gestão dessas unidades.

Nessas ações, a Justiça determinou a quebra dos sigilos fiscal, bancário e de dados de Saud, do ex-secretário de Saúde Mário Peloggia, do ex-secretário adjunto de Saúde Fabricio Velasco, do ex-diretor de Saúde Fabio Cruz, do Iesp e do INCS (Instituto Nacional de Ciência da Saúde). Todos os denunciados negaram à Justiça qualquer irregularidade.

Dos quatro réus ligados à Prefeitura, três seguem na administração municipal: o prefeito José Saud, cujo mandato se encerra em dezembro desse ano; Mário Peloggia, que saiu do comando da Secretaria de Saúde no início de 2024 e esse mês foi nomeado secretário da Fazenda; e Fabio Cruz, que é servidor de carreira desde 2012 e atualmente ocupa o cargo comissionado de ouvidor geral. Já Fabricio Velasco deixou o cargo logo após as denúncias do MP.

Receba as notícias mais relevantes de Vale Do Paraíba e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.