POLITICANDO

Sobre Bolsonaro, golpe de estado e as eleições

PL tinha meta audaciosa de eleger 1.500 prefeitos no país, mas revelações sobre golpe de estado planejado por Bolsonaro podem afetar planos do partido, inclusive na região

Por Julio Codazzi | 09/02/2024 | Tempo de leitura: 2 min

Marcos Correa/PR

Tentativa de golpe incluiu Bolsonaro, integrantes do governo e militares
Tentativa de golpe incluiu Bolsonaro, integrantes do governo e militares

O PL (Partido Liberal) tem - ou tinha - uma meta bastante audaciosa para as eleições de 2024: chegar a 1.500 prefeitos no país.

Alguns comparativos ajudam a entender a dimensão desse objetivo. Esse número representaria 27% de todos os municípios brasileiros. Na última eleição, quatro anos atrás, o PL elegeu 349 prefeitos - ou seja, precisaria mais do que quadruplicar esse resultado. Além disso, o MDB, que historicamente é o partido que vence em mais cidades, alcançou 797 prefeitos em 2020. E outra: na história recente, o recorde é de 1.201 prefeitos de uma mesma legenda, marca atingida pelo próprio MDB em 2008.

E o que explica(va) essa meta audaciosa? Dois fatores. Um deles é que, turbinado pelo ótimo resultado nas urnas em 2022, quando elegeu 99 dos 513 deputados federais, o PL terá esse ano a maior fatia do fundo eleitoral para turbinar as campanhas nos municípios. Serão R$ 863 milhões. É muito dinheiro.

O outro fator que impulsiona(va) essa meta: um cabo eleitoral como o ex-presidente Jair Bolsonaro, que foi mais votado do que Lula em 2.445 municípios no segundo turno de 2022.

Aqui na região, dirigentes do PL disseminavam o otimismo do partido já no fim de 2022 e também ao longo de 2023. Prometiam candidatos fortes para disputar as prefeituras das maiores cidades, como São José dos Campos e Taubaté, na eleição desse ano. Mas até agora, nenhum nome foi confirmado.

Em São José, existe um namoro com o ex-prefeito Eduardo Cury, do PSDB, líder nas pesquisas realizadas no ano passado. Se o acordo for selado, crescem as chances do partido. Mas, se não for, a legenda pode ficar fora da disputa pelo Paço. Em Taubaté, os nomes de Eduardo Cursino (terceiro colocado na eleição de 2020, pelo PSDB) e Capitão Souza (quarto colocado em 2020, pelo PRTB) foram cogitados nos últimos meses, mas já há quem acredite que nenhum dos dois será lançado ao Bom Conselho, e que o PL irá apostar em uma surpresa.

O problema é que, em meio a tantas indefinições, a última semana ficou marcada pelas revelações que apontam que houve uma tentativa de golpe de estado para manter Bolsonaro no poder, com envolvimento do ex-presidente, de membros do alto escalão de seu governo e de militares de alta patente. E nessa operação, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, ainda acabou preso em flagrante por posse irregular de arma de fogo.

Um dirigente do PL com quem conversei disse acreditar que a operação não afetará os planos do partido. Outro afirmou que o cerco a Bolsonaro pode até ser benéfico. "Se prenderem o Bolsonaro, aí ele vira herói. Tudo isso aí, essa perseguição, isso aguça mais o eleitor”.

Será? Tudo indica que teremos importantes desdobramentos antes da eleição. Mas já seria prudente o PL trabalhar com outra meta.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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