CULTURA

Ator João Cortez traz peça ‘Invisível’ a São José; OVALE conversou com ele

Por Da Redação | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação

O jovem ator João Cortez – de propagandas da Vivo e do ‘Vai que Cola’, da Rede Globo – estará em São José dos Campos no próximo sábado (4), no Teatro Colinas, para a apresentação de sua nova peça teatral: ‘Invisível’.

O espetáculo conta a história de um relacionamento homoafetivo marcado pela toxicidade de um dos parceiros. A situação começa a piorar no momento em que ambos decidem morar juntos, até que Eduardo – interpretado por João – começa a sofrer calado diversos tipos de violência física e psicológica e procura ajudas nas autoridades responsáveis.

Além de inclusão, a história promete chocar os espectadores ao mostrar o descaso e o preconceito, ainda latentes na sociedade brasileira, com uma situação de violência permanente dentro de um relacionamento gay.

A reportagem de OVALE falou com João sobre o espetáculo e as temáticas que giram em torno da trama. Confira

Nos fale de ‘Invisível’. É um projeto ousado, não? Como explicaria a história?

É um espetáculo monólogo (apresentador por uma pessoa), né, que conta a história do Eduardo, que sou eu, e a jornada de relacionamento abusivo que ele vive com Michel, seu namorado.

É um espetáculo dinâmico, que acreditamos ser diferente de tudo o que já foi apresentado dentro da temática LGBTQIA+. Trataremos nele de complexidades que extrapolam um simples relacionamento gay.

Queremos desconstruir a imagem e ideia de que o relacionamento tóxico é apenas violência física. Não, não se trata apenas disso. Tem culpa, emocional abalado, momentos bons e ruins, tudo o que o Eduardo passa na trama e mostraremos.

Relacionamentos tóxicos, sempre que são citados, é normal que o senso comum pense em um casal heterossexual. A peça busca desconstruir essa imagem também?

Acho que essa seja a ideia principal do espetáculo. Traz essa luz que não só relacionamentos heteronormativos passam por crises abusivas. O abusivo é universal. É bom a gente trazer essas questões em todas as situações. O abuso pode sempre acontecer.

Fale um pouco sobre a trama e, em especial, sobre o Eduardo, personagem central dessa trama.

É um espetáculo intenso, bem dramático, que pega da mãe do Eduardo, dos pais, onde a gente entende de onde ele surge, de onde vem, como se forma para o mundo externo. É dramático e triste, porque ele não vem de uma jornada fácil.

Para mim, como ator, exigiu muito. Foi muito desafiador esse papel e essa peça. Iremos tocar em nuances próprias e emocionais muito sensíveis ao homem gay.

Então, esses sentimentos acontecem, naturalmente, e eu, na peça, me doou muito emocionalmente e fisicamente. Estarão presente questões de vulnerabilidade, de uma forma muito forte, o que dá todo esse peso ao processo.

Sendo o Brasil um país extremamente conservador e, nas últimas semanas, tendo visto um projeto que busca proibir a união civil entre casais homossexuais, o que representa esse espetáculo neste momento

Eu acho fundamental e urgente que a gente fale sobre isso. Porque, muito além de falar apenas do casamento homoafetivo, das pessoas se casarem com quem se ama, a gente fala sobre salvar vidas, sobre saúde mental, algo que é muito pouco falado, mas que atinge em cheio parte considerável da comunidade LGBTQIA+. No fim, se trata justamente sobre não se sentir aceito, e isso é muito difícil e doloroso.

Essa é, para mim, a minha principal função como artista. Questionar, provocar, colocar todas essas questões para que a gente sirva de espelho, para que as pessoas possam se sentir vistas. É um ato de empatia para a gente contar histórias e representar outras pessoas e comunidades que não são tão ouvidas.

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