PROCESSO

Saud recorre ao TJ para insistir na suspensão da CPI que apura terceirizações da saúde

No recurso, prefeito repete argumentos que foram rejeitados pela Vara da Fazenda Pública de Taubaté em setembro; CPI tentará, de novo, ouvir prefeito e secretário na segunda-feira

Por Julio Codazzi | 19/10/2023 | Tempo de leitura: 3 min
Taubaté

Lincoln Santiago/CMT

CPI foi aberta em fevereiro desse ano e terá prazo de conclusão até o fim de 2024
CPI foi aberta em fevereiro desse ano e terá prazo de conclusão até o fim de 2024

O prefeito de Taubaté, José Saud (MDB), apresentou recurso contra a decisão de primeira instância que negou o pedido de suspensão da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) aberta pela Câmara para investigar as denúncias de irregularidade relacionadas às terceirizações promovidas na saúde.

No recurso, protocolado nessa quinta-feira (19), o prefeito repete os argumentos de que o requerimento que pediu a abertura da comissão não teria delimitado o fato a ser investigado, o prazo para conclusão dos trabalhos violaria o princípio constitucional da duração razoável dos processos, as diligências teriam avançado sobre entidades privadas e também teria havido violação ao princípio da ampla defesa.

O recurso que insiste na suspensão da CPI será analisado pela 13ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça. Em setembro, ao rejeitar o pedido na primeira instância, o juiz Jamil Nakad Junior, da Vara da Fazenda Pública, apontou que "não cabe ao Judiciário, muito menos em sede de cognição limitada, sumária, suspender os trabalhos de investigação, já que, a princípio, todos os requisitos para a sua instauração e processamento foram observados (quórum para criação, objeto certo e determinado, prazo certo e poderes próprios)". O magistrado apontou ainda que, "como bem exposto pelo Ministério Público, não se pode, por ora, afastar a existência de fato certo a ser investigado. Somente com o aprofundamento das investigações é que se poderá descobrir a verdade sobre a existência, ou não, de conduta atentatória ao interesse público no tocante à apuração de eventuais irregularidades e ilegalidades dos chamamentos públicos para gestão, operacionalização e execução de serviços assistenciais de interesse da área da saúde pública de Taubaté que culminaram na contratação das Organizações Sociais".

OITIVAS.
O recurso foi protocolado por Saud três dias após o prefeito e o secretário municipal de Saúde, Mário Peloggia, não comparecerem para prestar depoimento à CPI.

Saud, que pela legislação não pode ser convocado, não respondeu ao convite feito pela CPI. À reportagem, alegou que estava com a agenda "muito lotada". Já Peloggia apresentou um atestado de saúde que aponta que o secretário teria tido um pico de pressão arterial.

Essa já era a segunda tentativa de ouvir Peloggia. A primeira foi no fim de agosto, mas na ocasião o secretário alegou problemas de agenda. A CPI definiu que fará na próxima segunda-feira (23), às 14h, uma última tentativa de ouvir Saud e Peloggia.

CPI.
Criada em fevereiro desse ano e com prazo de conclusão até novembro de 2024, a CPI centrou os trabalhos inicialmente em duas ações de improbidade administrativa ajuizadas pelo Ministério Público em junho e julho de 2022. A primeira ação tem como foco o contrato emergencial firmado entre Prefeitura e Iesp no fim de fevereiro do ano passado. O instituto recebeu R$ 6,111 milhões para disponibilizar médicos para as quatro unidades de urgência e emergência do município. A segunda ação aponta supostas irregularidades nas licitações para terceirizar a gestão das quatro unidades.

Nessas ações, a Justiça determinou a quebra dos sigilos fiscal, bancário e de dados de Saud, do secretário de Saúde Mário Peloggia, do ex-secretário adjunto de Saúde Fabricio Grasnele Galvão Velasco, do ex-diretor de Saúde Fabio Henrique da Cruz, do Iesp e do INCS (Instituto Nacional de Ciência da Saúde). Todos os denunciados negaram à Justiça qualquer irregularidade.

Dos citados nas ações, Fábio Henrique da Cruz foi ouvido pela CPI em agosto, mas há a possibilidade de ser convocado novamente. Representantes do INCS e do Iesp também já prestaram depoimento à comissão, em junho e setembro, respectivamente. A oitiva de Velasco está prevista para o dia 13 de novembro.

Receba as notícias mais relevantes de Vale Do Paraíba e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.