SESSÃO

Manobra adia, pela 2ª vez, votação de texto que proíbe banheiro ‘multigênero' em Taubaté

Não há previsão de quando projeto poderá ser votado; texto recebeu parecer contrário de órgãos técnicos da Casa, mas duas comissões formadas por vereadores se manifestaram a favor

Por Julio Codazzi | 10/10/2023 | Tempo de leitura: 2 min
Taubaté

A vereadora Elisa Representa Taubaté é a primeira à esquerda
A vereadora Elisa Representa Taubaté é a primeira à esquerda

Uma nova manobra impediu a Câmara de Taubaté de votar, pela segunda semana consecutiva, o projeto que visa proibir a instalação de banheiros 'multigênero' no município. O texto estava na pauta da sessão ordinária dessa terça-feira (10), mas a vereadora Elisa Representa Taubaté (Cidadania), que na semana passada havia pedido vista, apresentou uma emenda, que demanda tempo regimental para análise e emissão de parecer pela Comissão de Justiça e Redação, o que impediu a votação.

Pela comissão, a relatora será a vereadora Talita Cadeirante (PSB). Pelo Regimento Interno, Talita teria 10 dias para emitir parecer sobre a emenda. Mas, caso esse prazo seja ultrapassado, apenas a autora da emenda - Elisa - poderia pedir que o presidente da Câmara, Alberto Barreto (PRTB), nomeasse uma comissão provisória. Como Elisa e Talita são contrárias ao projeto, elas podem usar o regimento da Casa para segurar a proposta por mais tempo.

Barreto, que é um dos autores do projeto, criticou a manobra das vereadoras. "É regimental que as pessoas apresentem emendas, que os vereadores possam segurar suas emendas. É manobra, faz parte do regimento dessa Casa e eu vou respeitar o regimento. Mas as pessoas têm que aprender que o regimento será usado, nós temos ferramentas para os dois lados".

PROJETO.
A proposta foi apresentada no fim de novembro de 2021 por três vereadores - Alberto Barreto, Boanerge dos Santos (PTB) e Vivi da Rádio (Republicanos) - após o episódio em que a instalação de um banheiro 'multigênero' em uma rede de fast food em Bauru (SP) gerou polêmica no país.

O projeto recebeu parecer contrário dos órgãos técnicos da Câmara, mas as comissões de Justiça e Redação e de Obras, Serviços Públicos, Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente se manifestaram a favor.

Segundo o projeto, a proibição seria válida para estabelecimentos públicos e privados, sob pena de multa de R$ 2.473,40 e suspensão temporária das atividades. No texto, os autores alegam que os banheiros 'multigênero' criam "situações absurdas e indizíveis como a presença de homens em banheiros femininos e a exposição das partes íntimas destes à crianças, adolescentes e mulheres". Os vereadores afirmam ainda que, em Taubaté, "crianças, adolescentes e mulheres não serão alvos de experimentações esquerdistas".

JURÍDICO.
Em seu parecer, a Consultoria Legislativa destacou que as pessoas transgênero "precisam ser tratadas com igual consideração e respeito" e que o projeto está em desacordo com a legislação vigente no país.

A Procuradoria Jurídica, em seu parecer, apontou o projeto é inconstitucional, pois "viola as Constituições Federal e Estadual, visto que deixa de observar um dos mais caros objetivos da República Federativa do Brasil", que é o de "promover o bem de todos, sem preconceitos" ou "quaisquer outras formas de discriminação".

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