EDITORIAL

A triste desigualdade

As regiões de Campinas e do Vale, duas das mais ricas do país, lideram triste ranking da pobreza em São Paulo

28/07/2023 | Tempo de leitura: 2 min

Um retrato da desigualdade. As regiões de Campinas e do Vale do Paraíba, que estão entre as mais ricas do estado de São Paulo e do Brasil, também são aquelas com mais pobres no interior paulista.

Ao todo, são mais de 1 milhão de pessoas sem condição de se sustentar com dignidade, de acordo com dados da Vigilância Socioassistencial do governo estadual, obtidos com exclusividade por OVALE.

Considerando a divisão do estado em 21 regiões, a de Campinas tem 592.841 pessoas e 244.405 famílias na pobreza (renda per capita de até R$ 486 ao mês) e na extrema pobreza (até R$ 168 mensais per capita). O Vale tem 484.928 pessoas e 202.451 famílias nesta mesma condição. Para efeito de comparação, a terceira região, Sorocaba, tem 348.131 pessoas e 141.422 famílias nessa situação.

Os dados, referentes ao mês de abril de 2023, apontam que as regiões de Campinas e do Vale são responsáveis por 30% do total de pobres no estado, que registra 7,89 milhões de pessoas e 3,36 milhões de famílias na pobreza e na extrema pobreza.

Apenas na cidade de Campinas, que é a mais rica do interior do Brasil, são 184.281 pessoas e 79.348 famílias em situação de pobreza e extrema pobreza. São José dos Campos, terceiro município mais rico do interior do país, registra 135.199 pessoas e 59.962 famílias nessa condição.

Essa triste realidade tem piorado nos últimos anos. No estado de São Paulo, a taxa de pobreza aumentou 44% entre 2019 e 2023, passando de 11,7% para 16,9%. Das 21 regiões paulistas, o Vale é a 7ª em que a taxa mais aumentou no período, passando de 12,4% para 18,7% - um crescimento de 50,81%. Na região de Campinas, a taxa de pobreza saltou de 8,8% para 12,3%, uma alta de 39,77%.

Para especialistas ouvidos pela reportagem, o subemprego e a informalidade são dois dos principais obstáculos no combate à pobreza. E a piora do cenário nos últimos anos é explicada, em parte, pela Reforma Trabalhista, com a corrosão de direitos.

É fundamental que os governos - federal, estaduais e municipais - concentrem esforços em combater essa desigualdade. É um direito de todos ter condição de se sustentar com dignidade. É o mínimo, aliás. Por enquanto, temos falhado como sociedade.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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