AVIAÇÃO

Parceria com Saab no Gripen é marco histórico para Embraer, como AMX foi nos anos 1980

Parceria entre Embraer e Saab abre portas para o futuro da produção nacional de alta tecnologia, inovação e disrupção

Por Xandu Alves | 13/05/2023 | Tempo de leitura: 4 min
Gavião Peixoto

Divulgação / Saab

Primeiro Gripen em produção na linha de Gavião Peixoto, na fábrica da Embraer
Primeiro Gripen em produção na linha de Gavião Peixoto, na fábrica da Embraer

Um novo horizonte tecnológico para a indústria aeroespacial brasileira e especialmente para a Embraer, que tem sede em São José dos Campos.

A parceria entre a Embraer e a Saab abre portas para o futuro da produção nacional de alta tecnologia, inovação e disrupção, trazendo divisas ao país e gerando empregos de alta qualificação, além de incentivar toda uma cadeia de fornecedores e de serviços.

No contexto histórico, a Embraer repete com a Saab e o caça supersônico Gripen um papel semelhante ao que desempenhou no começo dos anos 1980, quando os governos do Brasil e da Itália fecharam acordo em torno do jato AMX-A1, nome que recebeu da FAB (Força Aérea Brasileira).

O avião começou a ser desenvolvido por duas empresas italianas no final dos anos 1970 e a Embraer tornou-se parceira do projeto em 1981, com a montagem das unidades para a FAB e de absorver conhecimento para o desenvolvimento e produção dos conjuntos e componentes do sistema de acionamento dos trens de pouso da aeronave. O primeiro protótipo voou em 1984 e a produção em série começou em 1986.

O aprendizado que a Embraer teve com o projeto é considerado fundamental para os aviões que ela própria criou depois do AMX-A1, como a família de jatos ERJ 145 – reconhecida como um dos mais bem-sucedidos programas da indústria aeronáutica em todo o mundo.

Nesse contexto, a inauguração da primeira linha de montagem do caça F-39 Gripen fora da Suécia, na unidade da Embraer em Gavião Peixoto, pode ser considerada um marco na história da fabricante brasileira e para a indústria nacional.

“Estamos orgulhosos da cooperação com a Embraer, parceira desde o início. A planta da empresa vai desenvolver capacidades e tecnologia para nossos sistemas. Temos um compromisso com a transferência de tecnologia e os engenheiros dos dois países poderão fazer isso acontecer”, disse Micael Johansson, presidente da Saab, durante a cerimônia de inauguração da linha de produção do F-39 Gripen em Gavião Peixoto.

“Esse é um dia muito especial para a Suécia e o Brasil. É um trabalho em conjunto e o governo sueco reconhece a importância do programa Gripen para os dois países”, afirmou Carl-Oskar Bohlin, ministro da Defesa Civil da Suécia.

Na avaliação do ministro da Defesa do Brasil, José Múcio, a ligação entre as duas empresas beneficiará toda a cadeia produtiva no país.

“Essa parceria proporcionou ao Brasil a necessária transferência de tecnologia de ponta, permitindo a inauguração de uma linha de produção da aeronave em solo nacional. Poucos países têm essa capacidade”, disse ele em Gavião Peixoto.

“A aquisição dos caças Gripen traz para a Força Aérea e para o Brasil o sentido mais amplo da aquisição de novos horizontes na capacidade de prover uma defesa aérea compatível com as dimensões continentais desse país, além de uma nova fronteira tecnológica para toda a indústria nacional”, completou Múcio.

FUTURO

Para Bosco da Costa Junior, presidente e CEO da Embraer Defesa e Segurança, o caça supersônico Gripen trouxe novas tecnologias para a FAB e para a indústria nacional.

“É um caça multimissão, flexível e que consegue trazer novas capacidades para a FAB. Muito mais do que isso, a parceria que temos com a Saab trouxe tecnologias para a indústria brasileira.”

Em conjunto com a Saab, engenheiros da Embraer desenvolveram a segunda versão do caça F-39 Gripen, o modelo biposto, com duas posições, que foi criado dedicadamente para a FAB com profissionais da Embraer juntamente com a Saab na Suécia, tecnologia que desembarca no Brasil com a nova linha de produção.

Por isso, na avaliação de Costa Junior, a transferência de tecnologia pode ser um novo marco para a fabricante brasileira e a história da indústria nacional.

“A transferência representa muito para a Embraer e para o Brasil. São tecnologias novas que a gente passa a dominar, tecnologias que fazem com que a Embraer esteja aberta ao mundo. A parceria com a Saab abre também novos campos para os produtos da Embraer de defesa e segurança. A Saab é um baita de um parceiro para conseguir colocar ainda mais o C-390 em novos países na comunidade europeia”, afirmou o executivo.

Além de produzir 15 caças F-39 Gripen para a FAB, a unidade da Embraer vai se tornar um hub de produção e exportação dos jatos supersônicos para a América Latina. Em contrapartida, a Saab vai colaborar na oferta do cargueiro multimissão C-390 Millennium da Embraer para países da Europa.

“Estamos prospectando clientes para C-390 e a Saab para o Gripen. Estamos sempre explorando atividades conjuntas. Os aviões podem ser empregados juntos numa doutrina de guerra. O caça ao lado do cargueiro, inclusive fazendo reabastecimento aéreo.”

Receba as notícias mais relevantes de Vale Do Paraíba e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.