OPINIÃO

Cem dias depois do obscurantismo

Por Marcos Meirelles | 22/04/2023 | Tempo de leitura: 2 min
Jornalista

Completados os cem dias de governo Lula, as pesquisas de opinião constatam o óbvio: o país continua contaminado pela polarização das redes sociais, que impede a maior parte de população de fazer uma avaliação minimamente ponderada sobre a gestão.

Quem é contra se alimenta e reproduz as mentiras e o discurso de ódio que, durante a última década, fez surgir na arena política as piores e mais degradantes figuras públicas do país.

Quem é a favor bate no peito para defender toda a série de bobagens e derrapagens cometidas pelo Palácio do Planalto, e passa o pano para aqueles grupos que, julgando-se agora protegidos pelo governo, acham que podem atuar como grupos de pressão à revelia da lei.

Noves fora, o país vive um período mais sóbrio e tranquilo, sem a rotina de tremeliques e indecências verbais e morais, sem os ataques e profanações às instituições públicas dos quatro anos anteriores.

Na política externa, houve o positivo reposicionamento do país e uma derrapagem significativa na tentativa de o presidente Lula se colocar como mediador da guerra no leste europeu.

É legítimo que o país queira ter um papel de mais destaque na geopolítica mundial, mas, nessa busca por mais espaço, qualquer tropeço pode ser ruinoso, como a atitude dúbia em relação à Rússia e a tentativa de equiparar invasores e invadidos.

Na pauta doméstica, o governo continua falhando miseravelmente na comunicação e na articulação política no Congresso.

No caso da comunicação, o exemplo mais loquaz fica por conta da polêmica em torno do fim da isenção para encomendas vindas do exterior, no valor até U$ 50. A regra existe desde 1999 e é restrita a encomendas enviadas do exterior, de uma pessoa física para outra pessoa física.

O que o governo pretendia, em vez disso, era impedir que plataformas asiáticas seguissem usando essa regra para sonegar impostos e estabelecessem uma competição desleal no país. Ficou com cara de novo imposto.

Mas a área econômica traz notícias positivas, e é de se ressaltar a surpreendente habilidade do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em obter um equilíbrio entre “monetaristas” e “desenvolvimentistas” e construir uma proposta de arcabouço fiscal factível e adequada às necessidades do país.

Vai bem também o esforço do governo para retomar as principais agendas da saúde pública, com amplo esforço de incentivo à vacinação e de fortalecimento da rede básica.

Há áreas cujos resultados ainda deixam a desejar, embora trabalhem com metas ousadas, como meio ambiente e educação. Mas são só cem dias de um novo governo. E de uma ruptura essencial com o obscurantismo.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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1 COMENTÁRIOS

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  • MARIA RITA DE CASSIA SINGULANO
    25/04/2023
    KKKKK primeiro o cara diz que o tarcisio nao fez nada e agora diz que o Lula fez é para rir muito