A frase acima, postada pelo menos duas vezes nas redes sociais por Eduardo Bolsonaro em 2019 e 2020, era usada pelo terceiro filho do então presidente da República Jair Bolsonaro para reforçar o alinhamento do clã com os ideais do então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Por motivos evidentes, os tuítes do 03 foram resgatados na última semana para ironizar as coincidências que cercam o destino político dos ex-ocupantes do Palácio do Planalto e da Casa Branca.

O post de 2020, por exemplo, foi feito em maio daquele ano. Seis meses depois, em novem- bro, Trump era derrotado por Joe Biden em sua tentativa de ser reeleito. O mesmo ocorreu com Bolsonaro em outubro de 2022, contra Lula. Aconteceu nos EUA, aconteceu no Brasil.

Trump não aceitou o resultado e alegou ter havido fraude eleitoral, sem apresentar ne- nhuma prova. Bolsonaro não aceitou o resultado e alegou ter havido fraude eleitoral, também sem apresentar nenhuma prova. Aconteceu nos EUA, aconteceu no Brasil.

Em janeiro de 2021, inflados pelo discurso de Trump, partidários dele invadiram o Capitólio, que é a sede do Con- gresso dos Estados Unidos. Em janeiro de 2023, inflados por Bolsonaro, milhares de apoiadores do ex-presidente brasileiro invadiram as sedes dos três poderes, em Brasília. Aconteceu nos EUA, aconteceu no Brasil.

Na última semana, Trump, que é o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a se tornar réu na esfera criminal, passou por uma audiência no processo em que é acusado de subornar uma atriz pornô na reta final das eleições de 2016. 

Já Bolsonaro foi ouvido pela Polícia Federal no inquérito que apura o escândalo das joias da Arábia Saudita. Aconteceu nos EUA, aconteceu no Brasil. Outra vez.

Trump tem, nesse processo, um grande obstáculo para seu plano de ser candidato a presidente dos EUA em 2024. Bolsonaro corre, nesse e em dezenas de outros casos, risco de ficar inelegível ou até de ser preso.

Não eram essas as coincidências esperadas por Eduardo Bolsonaro anos atrás. Mas é isso o que ocorre - ou deveria ocorrer - com quem se acha acima da lei. Tanto nos Estados Unidos, quanto no Brasil.