POLITICANDO

A herança maldita de Bolsonaro

Mesmo mais de dois meses e meio após o fim do desgoverno do ex-presidente, país ainda sofre com reflexos dos desmandos do período mais tenebroso da história brasileira

Por Julio Codazzi | 17/03/2023 | Tempo de leitura: 2 min

Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ex-presidente Jair Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro

Dia 31 de dezembro de 2022. Oficialmente, foi nessa data que chegou ao fim o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro - embora ele tenha deixado o país dias antes, em uma aparente tentativa de fugir das consequências legais de seus desatinos no cargo.

No entanto, apesar de Bolsonaro permanecer até agora nos Estados Unidos, de onde observa seu capital político derreter rapidamente, ainda não foi permitido que o cidadão brasileiro respire aliviado e comemore o fim do período mais tenebroso da história do país. Embora o presidente já seja outro há quase três meses, a herança maldita deixada pelo antecessor é pesada demais. E exemplos disso não faltam, infelizmente.

Talvez o mais simbólico desses exemplos seja o dia 8 de janeiro, quando uma turba formada por milhares de bolsonaristas extremistas, que foram alimentados durante anos pelo golpismo do ex-presidente, invadiu Brasília e atacou as sedes dos três poderes e a democracia brasileira.

Ainda no mesmo mês, o Brasil acompanhou, atônito, a crise humanitária do povo yanomami, que foi provocada pela omissão do governo passado.

Outro fator que tem deixado o país atordoado são os desmandos ocorridos nos últimos quatro anos e que só agora têm vindo à tona. Um dos escândalos é o episódio em que integrantes do governo Bolsonaro tentaram fazer entrar no país, ilegalmente, dois pacotes com joias de luxo recebidas do regime ditatorial da Arábia Saudita. Um dos conjuntos, avaliado em R$ 16,5 milhões, foi retido pela Receita Federal. O outro, de R$ 400 mil, foi parar nas mãos de Bolsonaro.

Foram tantas irregularidades de 2019 a 2022 que, depois de eclodir o caso das joias, no início do mês, já surgiram pelo menos mais dois escândalos. Um deles foi a descoberta de que, durante a gestão Bolsonaro, o Ministério da Saúde perdeu pelo menos 38,9 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19, avaliadas em R$ 2 bilhões.

Outro caso que gerou indignação foi a revelação de que, nos três primeiros anos do governo Bolsonaro, a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) usou um programa secreto para monitorar a localização de cidadãos a partir de dados do celular.

Que tipo de país teríamos pelos próximos anos se Bolsonaro não tivesse sido derrotado nas urnas em outubro passado? Para nossa sorte, esses desmandos sem fim não foram legitimados pela maioria dos brasileiros.

O Brasil já teve um presidente (Juscelino Kubitschek) que prometeu fazer o país crescer 50 anos em cinco. Com Bolsonaro, não há dúvidas de que o efeito foi o inverso. Ainda é cedo para concluirmos quantos anos regredimos com o ex-presidente. Mas, diante de tanta barbárie e de tanto abuso, se tiverem sido ‘apenas’ 50, até que estamos no lucro...

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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