Filipe Rosa

Banco de startups quebra nos EUA

14/03/2023 | Tempo de leitura: 2 min

Existem basicamente duas formas de você iniciar a operação da sua empresa. A primeira é utilizando capital próprio, começando pequeno e ir crescendo organicamente. A segunda é utilizando capital de terceiros (investidores, bancos) e, dessa forma, “alavancar” seu negócio com maior velocidade.

As famosas “startups” são, em sua maioria, empresas que optam pela segunda forma de financiamento da operação, captando recursos com investidores e bancos. Como existe todo um ecossistema para esse tipo de financiamento, alguns bancos se tornaram especialistas nesse tipo de empréstimo, como é o caso do Silicon Valley Bank (SVB), que anunciou o fechamento de suas operações recentemente, no dia 10/03/2023.

Vamos associar sempre o preço do dinheiro à taxa de juros do país. Em um país com taxas de juros historicamente baixas, como é o caso dos EUA, faz todo sentido adiar a recompensa de um investimento e correr mais risco na busca por uma rentabilidade mais atraente. Essa é a estratégia de quem vai financiar a operação de uma startup, uma empresa nova no mercado, que está “queimando” capital para levantar sua operação, adquirir clientes e, então, ser capaz de gerar lucros.

O único problema é que estamos passando por um ciclo de juros altos mundo afora, inclusive nos EUA, em decorrência da inflação fruto do desbalanceamento das cadeias produtivas e de consumo durante os lockdowns causados pela pandemia do COVID-19. Com o dinheiro ficando mais caro e melhor remunerado a curto prazo, é natural que os investidores busquem essa alternativa de rentabilidade mais rápida. Isso causa a descapitalização de operações mais arriscadas, como as startups e os mercados de bolsa tradicionais inclusive.

O grande desafio enfrentado pelo SVB foi ter recebido muitos pedidos de resgate, em um curto espaço de tempo, com volumes financeiros maiores do que o dinheiro que havia disponível em caixa. Isso “secou” a liquidez do banco e o obrigou a fechar as portas.

Provavelmente você se perguntou: “mas como um banco pode ficar sem dinheiro, se todos colocamos dinheiro lá?”. Pois bem, o depósito compulsório, ou seja, o capital que obrigatoriamente o banco precisa manter em uma conta separada (vigiada pelo Banco Central) não é 100% de todos os depósitos que ele recebe dos clientes. Isso serve para que os bancos tenham “margem de manobra” e possam conceder crédito e realizar operações. O sistema bancário mundial funciona conforme essa lógica.

Adicionalmente, a alta na taxa de juros do mercado americano desvalorizou os títulos de renda fixa nos quais o banco SVB tinha capital investido. A estratégia do banco era resgatar esses títulos somente no vencimento, o que é o ideal e evita perdas, mas como recebeu muitos pedidos de resgate precisou adiantar essa liquidação, sofrendo prejuízos.

O FED (banco central americano) e o FDIC (fundo garantidor de crédito americano) já entraram em campo para evitar que haja “contaminação” em outros bancos e isso cause um efeito dominó, deflagrando outra crise bancária na economia americana.

Aguardemos cenas dos próximos capítulos!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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