A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu, nesta semana, um alerta internacional após identificar um crescimento acima do esperado nos casos de uma nova variante do vírus da gripe em países da Europa e da Ásia. O agente em questão ficou conhecido como gripe K, um subclado do influenza A (H3N2) que passou por uma alteração genética recente.
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De acordo com relatórios da entidade, a circulação do vírus está mais intensa do que o habitual para o período em algumas regiões do hemisfério norte, o que chamou a atenção das autoridades sanitárias. Apesar do aumento de registros, especialistas ressaltam que não se trata de uma situação fora do controle, mas de um fenômeno comum na evolução dos vírus influenza.
A gripe K é causada por uma variação genética do influenza A (H3N2), diferente do H1N1, responsável pela pandemia de 2009. A mudança ocorreu na superfície do vírus, dificultando o reconhecimento imediato pelo sistema imunológico de pessoas que já tiveram contato com cepas anteriores.
Segundo a infectologista Rosana Ritchmann, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, essa modificação faz com que o organismo “demore mais para reagir”, o que favorece a disseminação e explica o aumento de casos observado recentemente. Ainda assim, ela reforça que mutações desse tipo são esperadas. “O vírus da gripe sofre alterações praticamente todos os anos. Isso faz parte do seu comportamento natural”, afirma.
Os sinais clínicos da gripe K não se diferenciam de uma gripe comum, o que dificulta a identificação sem exames laboratoriais. Entre os sintomas mais frequentes estão:
Não há evidências científicas de que essa variante provoque quadros mais intensos do que outras formas do influenza já conhecidas.
Embora a maioria das pessoas apresente evolução leve, alguns grupos exigem maior atenção. Idosos, gestantes, pessoas imunossuprimidas e pacientes com doenças crônicas têm mais chances de desenvolver complicações, como pneumonia, infecções secundárias, desidratação e descompensações cardíacas.
“O maior perigo não é o vírus em si, mas as complicações associadas, especialmente em quem já tem alguma condição de base”, explica Ritchmann.
Especialistas consideram a chegada da variante ao país praticamente inevitável. Com o aumento de viagens internacionais, férias e festas de fim de ano, a circulação global do vírus facilita sua entrada no hemisfério sul. O alerta da OMS, segundo infectologistas, serve justamente para preparar os sistemas de saúde e orientar estratégias de prevenção.
A vacina contra a gripe segue sendo a principal ferramenta de proteção. Embora possa não impedir totalmente a infecção pela gripe K, o imunizante reduz de forma significativa o risco de casos graves, internações e óbitos. O antiviral oseltamivir (Tamiflu) também permanece eficaz no tratamento, especialmente quando iniciado nos primeiros dias de sintomas.
Além da vacinação anual, medidas simples ajudam a conter a transmissão do vírus, como:
A orientação das autoridades de saúde é clara: informação, prevenção e acompanhamento médico continuam sendo as melhores estratégias diante da circulação de novas variantes da gripe.