21 de dezembro de 2025
LGBTQIA+

Casamentos LGBTQIA+ crescem mais de 250% em 10 anos em Piracicaba

Por Bia Xavier / JP |
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Em 2024, Piracicaba registou mais de 60 casamentos LGBTQIA+

O número de casamentos entre pessoas do mesmo sexo tem crescido de forma expressiva em Piracicaba ao longo da última década. Em 2014, 17 uniões homoafetivas foram registradas nos cartórios da cidade. Dez anos depois, em 2024, foram celebrados 62 casamentos LGBTQIA+. A marca representa o maior registro da série histórica desde que a união civil homoafetiva foi regulamentada no Brasil, por meio da Resolução nº 175/2013 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que garantiu a realização do casamento em todos os cartórios do país.

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A alta acompanha o cenário estadual. Segundo dados da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), o estado de São Paulo registrou 4.848 casamentos entre pessoas do mesmo sexo em 2024 — um crescimento de 78% em relação a 2020, quando foram realizadas cerca de 2.600 uniões. Somente nos cinco primeiros meses de 2025, já foram 1.961 casamentos do tipo em território paulista (19 deles em Piracicaba).

A presidente da Arpen-SP, Karine Boselli, destaca que cada união oficializada representa um passo importante para a cidadania. “É o reconhecimento da dignidade, da identidade e do direito de cada pessoa viver plenamente quem é”, afirma.

Entre pioneiras e novas gerações

Em Piracicaba e região, os números crescentes revelam diversas histórias de amor que resistem e se afirmam em diferentes fases da vida. Maria Rita e Fulvia, por exemplo, estão entre os primeiros casais homoafetivos a se casarem oficialmente no estado de São Paulo — a união delas foi registrada ainda antes da resolução do CNJ. Ao longo da trajetória juntas, receberam o apoio da família, que hoje é composta por filhos, netos e até uma bisneta.

Com mais de duas décadas de relacionamento, elas continuam sendo exemplo de resistência e afeto. Para as novas gerações de casais LGBTQIA+ que sonham em se casar, Maria Rita e Fulvia deixam uma mensagem: “Que os jovens LGBT que desejam se casar não tenham medo do preconceito, pois no fundo as pessoas preconceituosas também desejam ser livres. O que importa é o amor entre as pessoas, pois Deus é amor”.

Já entre as gerações mais jovens, o casamento também ganha força como afirmação de identidade e construção de futuro. Geovana e Yasmin, piracicabanas na faixa dos 20 anos, vivem atualmente nos Estados Unidos, onde trabalham como aupair. Elas se conheceram em um aplicativo, namoraram à distância por um ano e hoje estão noivas. A intenção do casal é oficializar a união nos EUA e, em seguida, também em Piracicaba, onde se conheceram. Para Geovana, ver o número de casamentos LGBTQIA+ crescendo na cidade é um sinal importante de evolução e reconhecimento da comunidade. “É bom ver que mais casais LGBT+ se casando, ainda mais em cidades do interior. Dá esperança pra gente, principalmente os mais jovens” comenta.

Como funciona o casamento civil

Para realizar o casamento civil, é necessário que os noivos, acompanhados de duas testemunhas (maiores de 18 anos e com seus documentos de identificação), compareçam ao Cartório de Registro Civil da região de residência de um dos noivos para dar entrada na habilitação do casamento. É preciso apresentar:

O valor do casamento é tabelado em cada estado da Federação e pode variar de acordo com a escolha do local da cerimônia — na sede do cartório ou fora dela (em diligência). A Arpen-Brasil disponibiliza uma cartilha completa com orientações para o público, que pode ser acessada pelo site oficial da instituição.