
Um apagão de grandes proporções deixa milhões de pessoas sem energia elétrica em Portugal e na Espanha nesta segunda-feira (28). A falha, que começou por volta do meio-dia da hora local, afetou aeroportos, sistemas de metrô, trens e causou o caos no trânsito, já que os semáforos deixaram de funcionar em várias cidades. Supermercados também registraram uma corrida por mantimentos.
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Segundo a E-Redes, principal operadora de distribuição elétrica de Portugal, o apagão foi provocado por um "fenômeno atmosférico raro", relacionado a bruscas variações de temperatura. A hipótese de ataque cibernético foi descartada tanto pelas autoridades portuguesas quanto pelo presidente do Conselho da União Europeia. Ainda assim, centros nacionais de cibersegurança de Portugal e da Espanha continuam monitorando a situação.
De acordo com a operadora francesa RTE, a Península Ibérica ficou desconectada da rede elétrica europeia entre 12h38 e 13h30 (horário local), após uma interrupção na linha de transmissão de 400 kV entre a Catalunha e a França. A França também foi afetada, mas em menor escala, com interrupções pontuais no sudoeste do país.
A Comissão Europeia confirmou que entrou em contato com os governos ibéricos e ativou protocolos de emergência para ajudar na estabilização da rede elétrica.
Além da origem pontual do blecaute, o episódio revelou uma fragilidade estrutural no sistema energético português. Nos últimos anos, a opção política de desativar centrais térmicas, como as de carvão e gás, em favor de fontes renováveis e da importação de energia, aumentou a dependência do país da rede elétrica espanhola. Antes, Portugal recorria esporadicamente à eletricidade importada; hoje, as importações da Espanha são praticamente diárias.
Essa dependência, sustentada pela interligação ibérica e pela redução da capacidade interna de resposta, comprometeu a segurança energética nacional. O problema ficou evidente nesta segunda-feira: no momento da falha, o consumo interno rondava 8 mil MW, sendo que cerca de 3 mil MW — quase 40% — vinham de importações espanholas. Desde a madrugada, por decisões estratégicas no despacho energético, a produção nacional, baseada em hidrelétricas e eólicas, havia sido reduzida consideravelmente.
A recuperação do fornecimento começou a ser feita ainda durante a tarde, com foco em estabilizar as regiões norte e sul da Península, informou a Red Eléctrica, operadora da rede espanhola.
*Com informações da Página Um, Euractv e BBC