
O Hospital Universitário de Jundiaí (HU) registrou um aumento de 20% nos atendimentos por doenças respiratórias de fevereiro para março. O dado reforça o alerta com a chegada do outono, período em que os casos de infecções respiratórias se intensificam, especialmente entre crianças.
Só nos últimos 20 dias, 21 bebês foram internados com bronquiolite na cidade, segundo a Unidade de Gestão de Promoção da Saúde (UGPS). No total, Jundiaí já contabiliza 29 internações de crianças com bronquiolite em 2025. Em 2024, foram 270 casos, sendo 187 registrados também nos meses do outono.
A bronquiolite é uma infecção viral que atinge os bronquíolos — estruturas finas dos pulmões — e é causada, principalmente, pelo vírus sincicial respiratório, comum nesta época do ano.
Segundo a pediatra e professora da Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ), Ana Paula Felgueiras, o quadro pode se confundir com um resfriado nos primeiros dias, mas tende a evoluir rapidamente."Ela se inicia como qualquer gripe, com coriza, febre leve e apatia. Mas, entre o terceiro e o quinto dia, a criança pode começar a demonstrar esforço para respirar, com aumento da frequência respiratória, uso da musculatura do tórax e movimentos nas narinas", explica.
Esses sinais indicam desconforto respiratório e exigem atenção médica imediata. Em bebês, especialmente os menores de três meses, há maior risco de complicações, como insuficiência respiratória, o que pode levar à necessidade de internação para suporte ventilatório.
Apesar disso, a doença é considerada autolimitada — ou seja, tende a melhorar espontaneamente após o sétimo dia, desde que não haja agravamento. O tratamento é de suporte: hidratação, lavagem nasal e medicamentos sintomáticos, como antitérmicos ou analgésicos.
Prevenção e cuidados
Mesmo sem vacina incluída no Programa Nacional de Imunizações, há formas de prevenir o contágio, especialmente entre os bebês.
“Se um irmão estiver gripado, o ideal é evitar o contato direto com o bebê. Pais com sintomas devem usar máscara. Higienização das mãos e evitar locais com aglomeração também são medidas fundamentais”, orienta a médica.
Manter o calendário vacinal em dia — com as campanhas de gripe e Covid-19 —, garantir boa hidratação e alimentação também são cuidados importantes neste período do ano.
Ana Paula ainda esclarece que a bronquiolite é diferente de outras doenças respiratórias. “Ela é viral e afeta os bronquíolos, enquanto a asma é alérgica e atinge os brônquios, e a pneumonia, geralmente bacteriana, compromete os pulmões”.
O chiado no peito, comum nos quadros mais intensos, pode ser percebido até sem o uso do estetoscópio. Nesses casos, o som é semelhante a um assobio durante a respiração. Pais e responsáveis devem ficar atentos aos sinais de dificuldade para respirar.