'VIDA PARADA'

Família de jovem e cadeirante agredidos por PMs em Piracicaba diz viver com medo

De acordo com o advogado José Oscar Silveira Junior, que representa o jovem, naquela mesma semana a namorada dele foi abordada por dois policiais ao sair de casa

Por Lucas Lacerda | 18/04/2024 | Tempo de leitura: 2 min
da Folhapress

Reprodução

A cena da agressão foi gravada por uma familiar da vítima em Piracicaba
A cena da agressão foi gravada por uma familiar da vítima em Piracicaba

A família do jovem agredido por policiais militares em Piracicaba no começo de abril, diz que vive com medo após o episódio, quando tiveram a casa invadida pelos agentes da Rocam (Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas). Na ocasião, o pai dele, cadeirante, também foi agredido ao tentar intervir e chegou a ser atingido por um armário jogado por um dos PMs.

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De acordo com o advogado José Oscar Silveira Junior, que representa o jovem, naquela mesma semana a namorada dele foi abordada por dois policiais ao sair de casa. Os agentes teriam ficado por cerca de uma hora em uma viatura em frente à casa dela.

De dentro do carro, os PMs teriam perguntado o que ela estava olhando e a teriam xingado de "marmita de bandido". A mulher mora no Jaraguá, bairro de Piracicaba próximo do Cantagalo, onde ocorreu a agressão.

O advogado diz que a família está com medo de registrar uma nova ocorrência. Procurada, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirmou que o inquérito policial sobre o caso foi encaminhado à Justiça Militar. E disse que a Corregedoria da Polícia Militar está à disposição para receber denúncias sobre conduta para que os fatos sejam devidamente investigados.

Segundo o pai do jovem, a família está com a vida parada, e o filho, que é servente de pedreiro, tem receio de voltar a circular e ainda não voltou a trabalhar. O caso aconteceu em 1º de abril e foi registrado como desacato. Na tarde daquela segunda-feira, segundo o boletim de ocorrência, policiais disseram que estavam em patrulhamento na região quando notaram uma motocicleta com placa sem lacre e decidiram abordar o condutor, que é amigo do morador agredido.

O morador teria, ainda segundo os PMs, se aproximado e desobedecido a ordem para se manter afastado, xingado os policiais e tentado dar um soco em um deles. Os agentes então usaram a arma de choque no tórax e no braço do jovem, antes que ele corresse para dentro de casa.

A versão do agredido, no entanto, é diferente. Disse que estava na frente de casa bebendo com o amigo, quando o colega saiu para buscar dinheiro para comprar mais bebida. Ao voltar, foi abordado pelos PMs. O morador teria ido ao encontro do amigo para saber o que estava acontecendo. Segundo seu relato, os policiais ordenaram que ele se retirasse, mas ele questionou a ordem dizendo que estava em local público.

Parte da ocorrência foi filmada, e as imagens mostram o jovem sentado na calçada recebendo golpes de cassetete e choques. Ele se levanta e entra em casa, e ao menos três PMs invadem a residência. Os policiais entraram na casa sem mandado judicial, sem flagrante e sem permissão, segundo o advogado que representa o jovem.

A Ouvidoria das polícias de São Paulo instaurou um procedimento para investigar o caso e contatou a família das vítimas.

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