OPINIÃO

São Paulo e o retrocesso ambiental


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Estamos a apenas cinco meses da COP30. Pela primeira vez, o Brasil será a casa da maior conferência climática do planeta. E tudo isso em plena Amazônia, o coração da nossa biodiversidade, da nossa resistência e da nossa esperança.

O Governo Lula tem a oportunidade de mostrar ao mundo que o Brasil voltou. Voltou com metas ambiciosas, como o desmatamento zero até 2030. Voltou investindo na transição para uma economia de baixo carbono.

Mas, se queremos mostrar ao mundo que estamos prontos para liderar, precisamos começar arrumando a nossa própria casa. E aqui em São Paulo, a realidade ambiental é preocupante.

Apenas 57% do orçamento paulista previsto para segurança hídrica em 2024 foi executado. Em 2025, o descaso se repetiu, com o bloqueio de 31,8% dos R$ 2,1 bilhões previstos para a área.

O Governo Tarcísio também reduziu os recursos para monitoramento e prevenção de desastres em 2025, com a previsão de corte de 76% nos recursos destinados à preparação para desastres e percepção de riscos no programa da Defesa Civil.

Em 2024, vimos São Paulo em chamas. Foram mais de 6 mil focos de queimadas. Apesar do recorde, Tarcísio reduziu a verba de combate a incêndios. Em 2024, eram R$ 3,3 milhões, que representava apenas 0,03% de todo o orçamento da Secretaria de Meio Ambiente. Em 2025, foram cortados 10% desse valor.

É importante pontuarmos os retrocessos que acontecem em São Paulo. Eles confirmam como o meio ambiente é tratado pela extrema direita, que tem no governador Tarcísio uma de suas lideranças.

As pessoas precisam ter clareza e saber distiguir quem destrói e quem preserva o meio ambiente. Essa é a nossa luta diária na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Há alguns anos, coordeno duas importantes Frentes Parlamentares, uma em Defesa do Meio Ambiente da Baixada Santista e outra pela Prevenção e Mitigação dos Efeitos das Mudanças Climáticas nas Cidades e Núcleos Urbanos.

A pauta ambiental é muito importante para mim e ocupa um espaço significativo do meu mandato como deputado estadual. Eu sou coautor da lei 17.460, de 2021, que cria a Política Estadual de Manejo Integrado do Fogo, que tem como objetivo evitar queimadas.

E sou autor da Lei 17.343, também de 2021, que inclui no calendário oficial de São Paulo o Dezembro Verde, que promove ações educativas para desestimular o abandono de animais.

Outras propostas de minha autoria seguem tramitando na Alesp e ainda aguardam votação. Entre eles está o PL que cria unidades de assistência médica ambulatorial animal, o PL que cria uma política estadual de TI Verde, com a destinação correta de equipamentos eletrônicos e o PL que obriga agressores que cometerem crime de maus-tratos a arcarem com as despesas do tratamento do animal agredido e participarem de medidas de conscientização.

A luta que travamos na Assembleia Legislativa em defesa do meio ambiente impacta na crise climática que vivemos hoje a nível global. São Paulo é um farol e o que fazemos aqui ecoa pelo Brasil. E é por isso que nosso compromisso com a justiça climática precisa ser claro, firme e inegociável.

A COP30 só será histórica se conseguirmos, juntos, transformá-la em ação concreta, em novas leis, em orçamento executado, em políticas públicas corajosas. Enfim, em compromisso e empatia com todas as formas de vida.


Mário Maurici de Lima Morais é jornalista. Foi vereador e prefeito de Franco da Rocha, vice-presidente da EBC e presidente da Ceagesp. Atualmente, é deputado estadual e primeiro secretário da Assembleia Legislativa de São Paulo. 

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