Parece tudo certo, correto e muito "tentador", mas os novos lançamentos imobiliários não estão com itens de arquitetura bem resolvidos. A lei só não basta! É preciso ser claro no que está sendo vendido e ter uma arquitetura para durar, oferecendo para a cidade a contrapartida da construção do edifício.
Em meu último artigo, do dia 29 de março, já discuti sobre a qualidade dos novos empreendimentos em relação ao conforto térmico e a integração da arquitetura paisagística aos projetos.
Quando se fala em gabarito máximo dos edifícios, a resposta que temos é essa: “em Jundiaí, há diversos empreendimentos aprovados ou em lançamento com 15 andares. Alguns exemplos incluem:
• Altos da Avenida Jundiaí: consiste em 4 torres, cada uma com térreo e 15 andares, totalizando 16 pavimentos.
• Gioviale Jundiaí: composto por 4 torres, cada uma com térreo e 15 andares, somando 16 pavimentos.
• Vila Triunfo Itupeva: possui duas torres; a primeira com térreo e 15 andares (16 pavimentos), e a segunda com térreo e 14 andares (15 pavimentos).
• Soneto Residencial: conta com 2 torres, com 14 e 15 pavimentos, respectivamente.
• Residencial Allegro: apresenta uma torre com 17 andares, sendo térreo garden, 14 pavimentos tipo e 2 pavimentos adicionais.”
Esses são apenas os que o Chat GTP apresenta. Não estão nessa lista as grandes torres sendo lançadas em frente ao Supermercado Assaí, que ao ler as qualidades do empreendimento no anúncio, não mencionam as outras torres nem a quantidade de andares ou pisos de cada edifício, muito menos a quantidade de apartamentos no total, mas basta ver o conjunto de prédios na propaganda que, mesmo sem a resposta, é visível que se totalmente ocupados terão um impacto enorme na rede viária e nada tem de diferente dos demais.
As fachadas ativas não avançaram em Jundiaí, um instrumento urbanístico onde os térreos dos edifícios se integram ao espaço público, criando uma extensão da calçada, nem nada que tenha contribuição com a inserção no ambiente urbano que converse com a cidade. Nenhum empreendimento se integra à cidade, todos são barrados por grades.
O mercado imobiliário está com mais ofertas do que compradores, e a quantidade de apartamentos por empreendimento é outra preocupação que não aparece nas propagandas de vendas. Nosso Plano Diretor tem qualidades, que não as perdeu, e tem competentes técnicos na gestão, mas não basta cumprir a lei, tem que melhorar.
Regras urbanísticas, como as que as cidades não podem se espalhar indefinidamente e que verticalizar em áreas centrais é desejado, desde que preservando o centro histórico conforme a lei, não me parece ser razoável quando é feito tudo ao mesmo tempo. Lotes a partir de 126 metros quadrados a quilômetros do centro são uma uma bomba que será sentida em alguns anos quando os equipamentos e serviços não darão conta e nem a acessibilidade ou a mobilidade serão atendidas.
De qualquer maneira a indústria da construção civil não para, acredita na garantia da venda; me parece que sem os compradores que asseguraram o investimento podem virar enormes vazios de habitação.
Eduardo Carlos Pereira é arquiteto e urbanista (edupereiradesign@gmail.com)